Somos dois seres grudados
Nos cascos velozes da vida,
Conduzidos pelas águas das marés
Que nos leva para habitarmos,
Nas entranhas de intensa paixão,
As cavernas, onde vivem,
A felicidade e a dor.
Somos feras na selva do desejo,
E, ao mesmo tempo, caçadores,
Somos de nós mesmos predadores,
Num ato de antropofagia lasciva.
Somos as dobras dum lençol
Amarfanhado pelos corpos
Como se fossem um arado
Lacerando a terra virgem.
Somos uma imensa tela
Onde as múltiplas imagens
São, pelos gemidos, estranguladas,
Deitadas, lado a lado, em silêncio,
Esperando a queda do muro orgásmico
Para um repousar docemente,
Apagando a lâmpada eletrizada
Pelos átomos do prazer animal
Que ilumina o universo da arena,
Onde vivenciamos, do imenso amor,
O sagrado e o profano
Em divina batalha.