E assim, de surpresa, sua mão traduziu sílaba por sílaba do meu corpo dissimulado. Logo eu, que nunca havia sido desvendada de forma tão perfeita e profunda por alguém até então. Leste a minha pele em braile, passeando a ponta dos seus dedos pelas pontas das minhas curvas e pelos becos do meu íntimo de um jeito exato e delicado. Logo, apaixonante.
E depois dos dedos, foram seus olhos que vieram quietos e concentrados em todas as minhas inúmeras e imperfeitas singularidades e meus defeitos tão mal maquiados através de gestos graciosos. E minha face ali, enrubescida...se sentindo talvez um pouco ameaçada ou ligeiramente invadida. Tão deliciosa descoberta...
E depois dos olhos, minha boca: presa fácil, preste a ser atingida e dominada, enclausurada por seu lábio curioso e calmo e secreto e calado. Um minuto. Pronto. Tudo no ponto. Eu estava completamente nua em minh’alma pra você. Tão à mostra, tão exposta, tão crua e indefesa pros seus dedos desbravadores e seus olhos incansáveis de esmeralda.
Foi então que, já cansada, não mais hesitei. Entreguei-me à sua linguagem.
Eu, completamente traduzida.