Ai quem me dera que o fogo das paixões de novo me tomasse por inteiro,
incendiada, no calor da discussão, atiraria em você algum cinzeiro
e botaria você da porta a fora jurando não querer ver sua cara, nem ter seu corpo nunca mais, nem nada, nada!
Você iria embora e eu choraria tal e qual uma criança desgraçada.
Para esquecer eu tomaria vinte uísques e cairia, no sofá, já desmaiada.
Quando acordasse, abandonada e de ressaca, me sentiria doente e mal amada pois te queria ao meu lado, me cuidando, me dando um sonrisal e uma trepada...
E aí me sentiria, como se estivesse, num pronto socorro da Zona Oeste: com frio, triste e desamparada.
Fecharia os olhos e pediria a Deus para levar a minha alma...
Depois de dias de desespero chegaria a conclusão de que você era o meu tempero e então faria planos para te reconquistar, mas você me ligaria antes de eu telefonar.
Com o coração aos pulos eu diria, calmamente, que a gente precisava conversar.
Você concordaria e marcaríamos dia, hora e lugar...
E eu botaria a minha roupa mais gostosa fingindo ser a coisa mais banal e você, com sua camisa mais charmosa, fingiria não notar.
No bar concluiríamos que não dava: eu não gostava de você, mas te amava.
Você não me amava, mas gostava.
Era urgente que acabássemos com toda aquela loucura passional.
Como adultos de bom-tom brindaríamos à separação com vinho e algumas lágrimas disfarçadas.
Você me levaria para casa e, depois do longo abraço de adeus, você estaria teso e eu molhada.