Nu vaga meu corpo
A procurar pelos quartos
O leito onde ficou deitado
O homem que esculpia
Minhas formas com harmonia
Nas noites de plenilúnio.
Ouço ainda seus gemidos,
Que mais pareciam preces
Sussurradas em altares góticos
Durante ritual de oferenda
De corpos ao deus do amor.
Deixava-me em posição obscena,
Desenhando com tinta de saliva
Antigos emblemas fálicos
Nos meus seios espraiados.
Depois cinzelava minhas curvas,
Os meus secretos cantos,
Implantando tanto mistério
Que só seus dedos decifravam.
Cunhou em mim desejos
De reinventar prazeres
Em outra esfera que não esta,
Captando ondas do universo,
Decodificando-as em longo orgasmo
A gritar pela eternidade
Reverberando na casa de vidro
De portas transparentes,
Erguida pela mão do tempo
No rochedo da lembrança.
