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Erotico-->37. PRIMEIRO PASSEIO -- 13/02/2005 - 16:04 (wladimir olivier) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
37

PRIMEIRO PASSEIO





Sozinho no leito, Teo perguntava-se quando é que poderia excursionar pelo exterior do edifício.
— Se pude caminhar durante bom tempo até à aldeia…
Punha inúmeros pontos de interrogação junto à tal da aldeia. Quem seriam os moradores espirituais? Ou eram meros encarnados que lhe deram a impressão de vê-lo? Ou homens e espíritos misturados, uns dando-lhe atenção, outros às voltas com o incêndio? Por que teve a idéia de ter carregado uma criancinha, que só poderia estar tão morta quanto ele mesmo? Quer dizer que crianças se mantêm dessa forma no etéreo? Não seria mais justo pensar que os espíritos são todos muito antigos? Será que os pequerruchos, tal como ele, mantêm as sensações concernentes ao grau de desenvolvimento físico e mental da hora do trespasse? Como é que pode pegar fogo uma aldeia do plano espiritual? Não há diferenças essenciais entre os mundos, sendo as dimensões regidas por leis próprias à sua natureza?
Pensava nas implicações da existência ali de território delimitado fisicamente, quando se viu, de repente, diante de outro tipo de dúvida:
— Por que desejei saber do tenor, com quem compartilhei a felicidade de bons momentos de lazer, e olvidei Maria, a pequena que carregou no ventre o rebento de nossos amores juvenis?
Ia por aí quando entrou o instrutor e enfermeiro.
— Prezadíssimo Ari, à queima-roupa: por que devo ficar encerrado entre as quatro paredes deste recinto, se tenho desenvoltura para desfilar a convalescença pelos jardins da instituição?
— Vamos sair. Mas tem de me prometer não se interessar demasiado pelos aspectos históricos da arquitetura que irá observar. Nós temos departamento educacional que irá aparelhá-lo quanto aos conhecimentos, digamos, de cunho meramente cultural. Isso, no entanto, só lhe poderá ser ofertado, quando dominar os impulsos para a compreensão de todas as facetas psicológicas.
— Quer dizer: quando deixar de ser tão egoísta, preocupado apenas comigo mesmo…
— Você pensa que disse a maior verdade, entretanto, mesmo esse descortino se faz acompanhar de sutis vibrações deletérias, por reconhecer-se apaniguado por poder de percepção acima da normalidade.
— Então, será preferível calar-me…
— Não disse nem sugeri que seja assim. Deve ser o mais coerente com a intuição, de modo a exteriorizar com lealdade no que a mente vai imersa. Dessa maneira, irá aprendendo a perceber as nuanças dos sentimentos, o que o levará a distinguir o que deva ser cultivado e o que deva ser extirpado.
— É um trabalho de jardineiro…
— Justa comparação, conforme a imagem que lhe passei…
— Perdão!
— Vamos ver se consegue levantar-se.
Teo esforçou-se, amparado pelo amigo.
— Sinto-me muito pesado. No entanto, lá na aldeia, sentia-me lépido, embora me tivesse cansado. Aqui parece que piorei muito.
— De forma alguma. Imagine-se na Terra. Em locais próximos ao mar, o caminhar é fácil. No alto das mais elevadas montanhas…
— É uma questão de rarefação atmosférica.
— Exatamente, guardados os parâmetros relativos aos ingredientes da composição desta esfera existencial.
— Por que é que tenho um corpo e me sinto imerso nele, como se vivesse na Terra e minha alma se alojasse na carcaça animal?
— Se tivesse estudado Espiritismo…
— … mea culpa…
— … saberia que este invólucro do espírito recebeu o nome de perispírito, bem como poderia também adquirir o conhecimento de que permaneceu com ele durante o tempo todo da encarnação. Feito de material cuja elasticidade se molda às circunstâncias do nascimento até a liberdade absoluta dentro do campo energético espiritual destas paragens vinculadas à imantação do ponto de inserção em que nos deparamos no Universo…
— Não se adiante nas explicações.
— Nem posso porque, neófito e aprendiz, conheço tão pouco que até o método de ensinamento não se adequaria com presteza e com…
— Já pensou se estas noções chegassem a mim, quando ainda aviventando aquele corpo material?
— Pois não se assuste se, um dia qualquer, lhe pedirem para descrever as sensações e demais aventuras da descoberta da essência desta dimensão aos encarnados, através do mediunismo. Não é verdade que sua irmã vivia dizendo-lhe que os espíritos se comunicam com os mortais? Pois, então, tudo o que se sabe no âmbito próximo ao terrestre pode ser encaixado nas mensagens categorizadas como de personalidades espirituais iluminadas por saber incomum.
— Mas aí os espíritos mais importantes, os cheios de luz e sabedoria, os dotados de magnetismo apropriado para a imantação dos médiuns é que irão dedicar-se…
— Kardec dizia que aprendia muito também com os pobres sofredores pouco evoluídos.
— Por favor, não me lembre a minha ignorância nem a minha imprevidência.
— Fique tranqüilo. De qualquer modo, o tema serviu para trazê-lo devagarinho até aqui fora.
Só então é que Teo se deparou com a paisagem suavíssima que ajardinava o prédio hospitalar. Aspirou o ar cálido e revigorante, como se estivesse repleto de essências medicinais.
— Ari, quero apenas que me confirme: não é verdade que as plantas estão distribuídas segundo seu poder curativo?
— Sim, mas, como lhe pedi, não inquira mais nada. Ponha-se na condição de quem necessita restaurar as forças, esquecido dos acrescentamentos científicos do estudo das propriedades dos remédios. Não queira descrever subjetivamente as folhas, as flores, os arbustos e demais vegetação. Apenas considere-se feliz por estar em ambiente seguro e favorável. Esqueça-se das tribulações mentais provenientes dos desacertos de ontem. Dê um tempo de repouso, como se estivesse em férias de você mesmo. Saiba somente que, para você se sentir bem, existem muitos que trabalham para mantê-lo sereno, em paz consigo mesmo. Equilibre-se momentaneamente, ainda que possa o coração estar fremente por adquirir…
O restante da exposição perdeu-se para Teotônio, que se distendia como nos tempos da ginástica de alongamento, na extrema condição de relaxamento, para reabsorção energética dos tecidos. Mas a sensação agora era mais plena, mais integrada aos fluidos que promanavam de todos lados. Sem perceber, adormeceu, sem sonhos e sem agitações.
Quando acordou, estava de novo no quarto. Ari lhe aplicava um passe vigoroso, cuja virtude era capaz de perceber, mas com cuja natureza não atinava.
Vendo que acordava, o paramédico perguntou:
— Magia de feiticeiro ou mera transmissão de ondas psíquicas condensadas? Cabe a você expor o que acha.
— Acho que tenho muito que aprender.
Sozinho no leito, Teo perguntava-se quando é que poderia excursionar pelo exterior do edifício.
— Se pude caminhar durante bom tempo até à aldeia…
Punha inúmeros pontos de interrogação junto à tal da aldeia. Quem seriam os moradores espirituais? Ou eram meros encarnados que lhe deram a impressão de vê-lo? Ou homens e espíritos misturados, uns dando-lhe atenção, outros às voltas com o incêndio? Por que teve a idéia de ter carregado uma criancinha, que só poderia estar tão morta quanto ele mesmo? Quer dizer que crianças se mantêm dessa forma no etéreo? Não seria mais justo pensar que os espíritos são todos muito antigos? Será que os pequerruchos, tal como ele, mantêm as sensações concernentes ao grau de desenvolvimento físico e mental da hora do trespasse? Como é que pode pegar fogo uma aldeia do plano espiritual? Não há diferenças essenciais entre os mundos, sendo as dimensões regidas por leis próprias à sua natureza?
Pensava nas implicações da existência ali de território delimitado fisicamente, quando se viu, de repente, diante de outro tipo de dúvida:
— Por que desejei saber do tenor, com quem compartilhei a felicidade de bons momentos de lazer, e olvidei Maria, a pequena que carregou no ventre o rebento de nossos amores juvenis?
Ia por aí quando entrou o instrutor e enfermeiro.
— Prezadíssimo Ari, à queima-roupa: por que devo ficar encerrado entre as quatro paredes deste recinto, se tenho desenvoltura para desfilar a convalescença pelos jardins da instituição?
— Vamos sair. Mas tem de me prometer não se interessar demasiado pelos aspectos históricos da arquitetura que irá observar. Nós temos departamento educacional que irá aparelhá-lo quanto aos conhecimentos, digamos, de cunho meramente cultural. Isso, no entanto, só lhe poderá ser ofertado, quando dominar os impulsos para a compreensão de todas as facetas psicológicas.
— Quer dizer: quando deixar de ser tão egoísta, preocupado apenas comigo mesmo…
— Você pensa que disse a maior verdade, entretanto, mesmo esse descortino se faz acompanhar de sutis vibrações deletérias, por reconhecer-se apaniguado por poder de percepção acima da normalidade.
— Então, será preferível calar-me…
— Não disse nem sugeri que seja assim. Deve ser o mais coerente com a intuição, de modo a exteriorizar com lealdade no que a mente vai imersa. Dessa maneira, irá aprendendo a perceber as nuanças dos sentimentos, o que o levará a distinguir o que deva ser cultivado e o que deva ser extirpado.
— É um trabalho de jardineiro…
— Justa comparação, conforme a imagem que lhe passei…
— Perdão!
— Vamos ver se consegue levantar-se.
Teo esforçou-se, amparado pelo amigo.
— Sinto-me muito pesado. No entanto, lá na aldeia, sentia-me lépido, embora me tivesse cansado. Aqui parece que piorei muito.
— De forma alguma. Imagine-se na Terra. Em locais próximos ao mar, o caminhar é fácil. No alto das mais elevadas montanhas…
— É uma questão de rarefação atmosférica.
— Exatamente, guardados os parâmetros relativos aos ingredientes da composição desta esfera existencial.
— Por que é que tenho um corpo e me sinto imerso nele, como se vivesse na Terra e minha alma se alojasse na carcaça animal?
— Se tivesse estudado Espiritismo…
— … mea culpa…
— … saberia que este invólucro do espírito recebeu o nome de perispírito, bem como poderia também adquirir o conhecimento de que permaneceu com ele durante o tempo todo da encarnação. Feito de material cuja elasticidade se molda às circunstâncias do nascimento até a liberdade absoluta dentro do campo energético espiritual destas paragens vinculadas à imantação do ponto de inserção em que nos deparamos no Universo…
— Não se adiante nas explicações.
— Nem posso porque, neófito e aprendiz, conheço tão pouco que até o método de ensinamento não se adequaria com presteza e com…
— Já pensou se estas noções chegassem a mim, quando ainda aviventando aquele corpo material?
— Pois não se assuste se, um dia qualquer, lhe pedirem para descrever as sensações e demais aventuras da descoberta da essência desta dimensão aos encarnados, através do mediunismo. Não é verdade que sua irmã vivia dizendo-lhe que os espíritos se comunicam com os mortais? Pois, então, tudo o que se sabe no âmbito próximo ao terrestre pode ser encaixado nas mensagens categorizadas como de personalidades espirituais iluminadas por saber incomum.
— Mas aí os espíritos mais importantes, os cheios de luz e sabedoria, os dotados de magnetismo apropriado para a imantação dos médiuns é que irão dedicar-se…
— Kardec dizia que aprendia muito também com os pobres sofredores pouco evoluídos.
— Por favor, não me lembre a minha ignorância nem a minha imprevidência.
— Fique tranqüilo. De qualquer modo, o tema serviu para trazê-lo devagarinho até aqui fora.
Só então é que Teo se deparou com a paisagem suavíssima que ajardinava o prédio hospitalar. Aspirou o ar cálido e revigorante, como se estivesse repleto de essências medicinais.
— Ari, quero apenas que me confirme: não é verdade que as plantas estão distribuídas segundo seu poder curativo?
— Sim, mas, como lhe pedi, não inquira mais nada. Ponha-se na condição de quem necessita restaurar as forças, esquecido dos acrescentamentos científicos do estudo das propriedades dos remédios. Não queira descrever subjetivamente as folhas, as flores, os arbustos e demais vegetação. Apenas considere-se feliz por estar em ambiente seguro e favorável. Esqueça-se das tribulações mentais provenientes dos desacertos de ontem. Dê um tempo de repouso, como se estivesse em férias de você mesmo. Saiba somente que, para você se sentir bem, existem muitos que trabalham para mantê-lo sereno, em paz consigo mesmo. Equilibre-se momentaneamente, ainda que possa o coração estar fremente por adquirir…
O restante da exposição perdeu-se para Teotônio, que se distendia como nos tempos da ginástica de alongamento, na extrema condição de relaxamento, para reabsorção energética dos tecidos. Mas a sensação agora era mais plena, mais integrada aos fluidos que promanavam de todos lados. Sem perceber, adormeceu, sem sonhos e sem agitações.
Quando acordou, estava de novo no quarto. Ari lhe aplicava um passe vigoroso, cuja virtude era capaz de perceber, mas com cuja natureza não atinava.
Vendo que acordava, o paramédico perguntou:
— Magia de feiticeiro ou mera transmissão de ondas psíquicas condensadas? Cabe a você expor o que acha.
— Acho que tenho muito que aprender.
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