Meus pés dançam por sobre nuvens.;
Há um minuto atrás, eu juraria que estava deitada sobre meus confortáveis travesseiros, recobertos de meu jogo de cama preferido: azul turquesa. Ainda sinto o cheiro de lavanda que impregna a roupa de cama.
Não obstante ter essa sensação, eu flutuo.; Estou caminhando em um passeio azul, mas muito diferente da minha cama. Ele é macio, relembra grama recém cortada. Enveredo pelos caminhos que se abrem até que encontro alguém, ali parado, como se a me espreitar. Confesso que a visão é lúdica. Embora me sinta apreensiva, tenho vontade de sorrir para aquele rosto que me fita sem pestanejar, mas que conserva o olhar de uma criança, sugerindo brincadeiras.
Olho para os lados e não vejo mais ninguém. Ainda paro a questionar-me o que faço naquele lugar.; Não iria dormir? Será que fui acometida de algum mal-estar e encontro-me nas raias do Paraíso?
Então, sendo assim, aquela figura impar deve ser um anjo.
Ouço uma voz grave em minhas costas, chamando-me. Outro susto! Ele sabe meu nome.
O som que ouço é encantador e a voz lembra música melodiosa.
Sinto suas mãos em mim, que passeiam pelas minhas costas, abrandando meu temor. Sinto-as mais próximas da nuca e isso me asseguram de que não é anjo.
Se assim fosse, não estaria fazendo eu sentir-me um vulcão preste a explodir.
E suas mãos passeiam ainda mais por mim. Eu inerte apenas olho. Os carinhos vão se tornando mais ousados e já não questiono nada. Se estou no céu ou inferno nem vem mais ao caso, pois estou entregue às mãos do destino que me colocou ali.
Se for a segunda opção, quero ter cometido o maior dos pecados, para merecer todos os castigos que este algoz impetrará.;
E, sinto suas mãos e sua boca em meu corpo, que escorregam vertiginosamente, sem perguntas. Assustadoramente eu cedo.; Sem argumentos ou questionamentos.
Delicadamente, meu anjo arrebata-me do chão e eu, entre encantada e apaixonada, sucumbo a seus braços. Apóio-me em seu pescoço e o beijo incessantemente.
Descortina-se um cenário de paixão. Sou levada para uma cama, que categoricamente não é a minha, as roupas que eram até aquele momento tão escassas, reduzem-se a uma só peça. Meu anjo fica absorto nos olhares. Sua boca castiga-me sem parar. E eu quero alcança-lo com meus lábios, mas sou impedida por suas mãos vigorosas, seus braços lisos e fortes. Como reagir se o amor pegou-me traiçoeiro?
Desisto de lutas e entrego-me, sinto ainda quando, delicadamente abre minhas pernas e, de repente...Acordei...