Cadê você?
Onde moras hoje, que não em mim?
Por que a lonjura da solidão?
Vem agora e me povoa de ti inteira
Com arte, com calma, com tesão, sem leseira!
Vem e me toma, como sobe essa ladeira...
Vem e me faz sábado, nessa longa feira,
Na sexta sem vida e sem graça,
Vem, moleca faceira!
Ah! vem cá, minha menina...
Cadê teu eu?
Onde estás que me demoras,
Na saudade idiota que a mim devora?
Por que ausência,
Se a demência da angústia me ausenta de nós dois?
Vem, gulosa!
Apodera-se ferrenha da volúpia louca...
Acende e me emprenha...
Sou teu, e tu és hoje do mundo,
No submundo de quem não nos deseja,
Apenas bafeja e pragueja antiamor eterno...
Ah, vem cá, minha menina...
Sê a mulher
A mulher-menina
A mulher ferina
A minha menina!