Tão mulher...
tão menina,
segue em frente em sua sina
vivendo um amor emprestado,
em um lar desajustado
que valentemente peregrina,
guardando para si seus lamentos...
É sua sina!
tão menina
que virou gente grande,
entre quatro paredes
de um sujo aposento
ou, até de um aposento de luxo,
tirando dali seu sustento
e até de sua cria
que só quer encher o bucho.;
Pobre menina,
tão mulher
que nada disso quer,
mas escava sua ruína
enganando a alegria
e, seguindo em sua rotina,
que é puro açoite
para sua alma cristalina
pois, embora menina,
que a todos fascina
mesmo que permaneça em seu posto
de dama da noite,
ou dama de companhia,
não esconde do rosto
a dor da melancolia...
pobre menina,
que fez da profissão
ser menina, sem coração...