“Da primeira vez que o ósculo de Genivalda encontrou as mãos de Said”
Said não agüentava mais as provocações de Genivalda. A mulher do Coronel Bruno Tadeu todo dia arrumava uma desculpa para aparecer no armarinho. Sempre com a saia curta e o agarramento menor ainda. Falava do marasmo de viver na fazenda Capinância, dos suores noturnos, do estímulo estancado em seu coração. O turco tentava mudar de assunto.
- Quantos anjos podem pousar na ponta de um prego?
Mas quem disse que adiantava? A mulher sempre arrumava um jeito de voltar ao ataque. Usava técnicas de baixeza inomináveis. Chegou até a preparar um prato de angu (inegável afrodisíaco), ainda caprichado na mandioca, só para Said não ter como recusar o agrado.
Orientado pela negra Juventina, o dono do armarinho resolveu fazer um despacho para Ganga-Zumba, na tentativa de se livrar da fazendeira e da perspectiva de ser atravessado por uma espada. Até sassaricar o turco fez, para ver se passava por louco e espantava a insistente. Mas ela tinha o corpo fechado para despacho e aberto para teimosia. Num dia de calor retado, Genivalda entrou no armarinho com a desculpa de comprar um anzol. Said não tinha anzol a venda. Nem como resistir ao ósculo de Genivalda exposto daquela forma insinuante. Danou-se.