“De quando Oxum novamente reverberou pelas reentrâncias de Genivalda”
A lavoura de cacau pedia trégua. A fazenda Capinância já não agüentava mais tanta devastação e pedia clemência da vassoura de bruxa. Da mesma forma que a cidade inteira pedia alguma solução. Enquanto coronel Bruno Tadeu especulava na capital alguma forma lucrativa de negociar a venda da sua propriedade, Genivalda apelava para que Oxum mandasse embora aquela maldição. Com os homens sem dinheiro, ela e suas cabritas não tinham futuro. O despudoramento estava sendo substituido pelo desânimo. As carolas seriam as únicas felizes, porque só elas dão valor para a tristeza.
Até o paciente Said foi visto chutando um peso para papéis e gritando para a poeira que se levantava na frente da venda:
- Fome é sinônimo de quê?
O cabra tinha enlouquecido. Não havia mais o cheiro de fondue saindo das janelas. A praga extinguiu também a possibilidade de possuir mussarela de búfala nas despensas. Não havia lugar nem mais para o arrebatamento. Foi assim até o dia em que viram Genivalda admoestar. Era o sinal. Sempre que Oxum a ouvia, isso se repetia. Dito e feito. Em um mês a praga abandonava a cidade, a fazenda Capinância e os pesadelos de Genivalda, que – depois de ser ouvida – resolveu passar toda a noite em total despudoramento, a dançar e exibir suas lúbricas reentrâncias na frente da igreja, sem ligar para a oculta ameaça de uma cimitarra.