O céu estava negro e sem estrelas, o vento era assustador e um barulho ensurdecedor, de um canto sinistro, tinha a força de envergar os galhos das árvores enormes. Pela parede de vidro da varanda era possível observar a fúria da natureza.
Ela com medo, fazia o que podia para tentar não pensar na tempestade que caia lá fora. Estava sozinha e muito amedrontada. Nem ela mesma entendia porque tinha medo de chuva, trovões, relâmpagos. Só sabia que tinha muito medo. Lembrou-se de quando era menina ainda e corria pra debaixo da coberta ou para a segurança do colo da mãe e ficava toda encolhida, com a carinha assustada, sempre que chovia.
“Mas que hora pra ficar sozinha em casa”, ela pensou. “Justamente hoje, com essa tempestade infernal caindo, eu estou presa aqui. Preciso me distrair.”
Olhou o telefone e ficou tentada pra chamar alguém, mas ligar para quem? Com toda aquela água caindo quem viria até ali?
Estava mesmo sozinha e resolveu limpar a casa. Não tinha mesmo mais nada pra fazer naquele momento. Antes limpar a casa do que ficar olhando aquela tempestade que lhe dava tanto medo. Ela começou a limpeza.
Mas o barulho ensurdecedor do vento persistia e não dava para esquecer o que acontecia lá fora. O uivo do sopro forte era aterrorizante.
O barulho foi cortado pelo som da campainha da porta tocando e isso a assustou. Sentiu-se ameaçada. Quem poderia estar ali naquela hora? Alguém precisando de ajuda, talvez um louco? Era preciso olhar o medo que sentia de frente... Encará-lo.
E foi o que fez. Foi até a porta e a abriu.
Olhou para o medo. Olhou firme e forte. Lá fora a tempestade começava a dar sinais de cansaço e em frente a ela, com água escorrendo pelos cabelos compridos e descendo pela roupa que grudava no corpo, estava á vizinha que morava ao lado. Ela já a tinha visto algumas vezes, mas nunca tinham conversado.
- Desculpa, é que eu vi a luz da sua casa acesa e vim até aqui. Estava desesperada, morro de medo de chuva. To te incomodando?
- Não, não. Eu também sinto muito medo de chuva, mas entra. Sai desse aguaceiro.
- Vou molhar toda sua casa. Não devia ter vindo, eu to envergonhada de ser tão medrosa.
- Entra e não se preocupe com isso, eu também estava com muito medo e foi ótimo você aparecer. Se molhar o chão a gente enxuga. Vem, enquanto você toma um banho quente, pra não ficar resfriada, eu vou ver se acho alguma roupa seca que te sirva. Vou trazer também uma toalha.
- Quando voltou com as roupas ela bateu na porta do banheiro, pediu licença e entrou. Viu a vizinha nua que tinha saído do chuveiro e ficando vermelha estendeu a toalha pra ela.
Nessa hora um forte trovão estourou e elas assustadas se abraçaram tremendo.
- Não precisa ter medo, a vizinha falou pra ela tentando também se acalmar.
- É, acho mesmo que é bobagem esse negócio de medo de chuva. Afinal ta chovendo lá fora e nós duas estamos aqui seguras.
-É sim, a vizinha respondeu e sem se soltarem do abraço se beijaram.
A chuva continuou caindo, logo estava mais forte ainda e nem notaram. Já não havia medo e o barulho da tempestade não mais assustava. Elas não o ouviam, entregues aos abraços, beijos e lambidas que se davam.
(as imagens que ilustram o texto são links de vídeos eróticos)