Eu, entrado em anos, já meio passado pela vida, experiente(como dizem os mais educados), jamais imaginaria que algo ainda seria reservado para mim. Porque, a certa altura, você acha que já viu de tudo mas esta vasta experiência sensorial que é a existência muitas surpresas nos reserva...
Eu a conheci por acaso, comendo em um restaurante destes mais modestos onde você entra sem pretensão alguma, apenas e tão somente degustar o que se mostra saboroso. Sempre fui de degustar, de absorver os alimentos, de cultivar o gosto pelos sabores... Nisso, quando pegava meu prato, assim como quem não quer nada...
--Gosta do cardápio?
--Eu? Ahhh, sim sim. Sempre gosto.
--Vem sempre aqui? Não o conheço...
--É a primeira vez...
--Bom, para tudo tem uma primeira vez...
Ela disse isso com tamanho prazer que me encantou. Tinha o quê, vinte e seis, vinte e sete? Morena, pequenina, corpo bem formado. Olhos escuros, sobrancelhas finas e cabelos cacheados encimados por um penteado que a fazia parecer uma gueixa. Tinha seios médios, pelo que pude perceber do decote e belas coxas.
--Verdade...Pela primeira vez venho aqui e já estou gostando do que...vejo.
Ela percebeu a entonação e sorriu maliciosa, um sorriso de mil leituras e significados--Como as lendas de Mil e uma Noites. Ela estava no balcão, tinha uma prancha onde anotava constantemente alguma coisa.
--Que você faz?
--Nutricionista; anoto os alimentos, anoto os mais pedidos. Isto ajuda a compor um cardápio mais diversificado...
Suas palavras saíam claras, bem definidas. Pronúncia perfeita e uma voz aveludada... Ela me olhava com o rabo dos olhos, atenta aos meus movimentos... Pensei que isso fazia parte de sua ocupação...
--Não é não. Estou só olhando...
--Ah...
--Posso falar uma coisa?
--Claro!
--Te acho interessante...
--Posso falar uma coisa?
--Claro...
Não havia ninguém por perto. Do outro lado, duas clientes conversavam. Lá, perto da porta mais quatro clientes almoçavam... Um deles brindava aos demais...
--Achei você muito, muito...interessante...
Era o sinal que ela queria. Num movimento rápido, ela se aproximou e um papel me dava seu telefone que, é claro, eu usei logo depois de deixar o restaurante. Modernidades do telefone celular!
--Oi?
--Alo, quem fala?
--Sou o homem interessante...
--Ahhhh...Nossa, já?
--Qual seu nome?
--Carla.
--Belo nome para completar uma linda figura...
Combinamos de nos encontrar depois que ela saísse. Ela veio me procurar aonde eu estava, um pequeno bar com cadeiras na calçada.
--Com sua permissão?
--Nossa, que chique!
Eu a sentei numa cadeira bem defronte à calçada, de onde ela podia desfrutar da vista e saborear um delicioso licor que eu havia pedido. Amarula. Ela gostava.
--Meu licor predileto! Como sabia?
--Não sabia. Mas achei que gostaria!
--Acertou em cheio...
Conversávamos sobre suas vontades, seus sonhos. Ela fazia vôos sobre seu futuro profissional. Fiquei sabendo que adorava imaginar cardápios sofisticados e lia muito para aprender os ingredientes. Só de ela falar ela me fazia ficar com água na boca. Por falar em boca, ela tinha dentes perfeitos e quando sorria, quem a visse tinha de sorrir junto: Um pescoço esguio e uma testa lisa completavam sua figura que, além de bonita, trazia um perfume de rara essência e que fazia sua presença mais sublime. Ah, os sentidos, como esses sentidos nos fazem bem! Já um pouqinho mais solta, ela olhava fundo nos meus olhos...Eu percebia o que ela dizia no subtexto, entredentes... Sua linguagem denunciava seu desejo...
--Mas e sobre a primeira vez?
--Ah, tem sempre uma primeira vez para tudo.
--Mesmo, Carla?
--Acredito que sim...
Respondeu minha pergunta de forma tão sensual que eu tentei o impensável e meu pé tocou o seu por baixo da mesa. O coração aos pulos enterneceu-se porque ela corresponde ao toque...Deixando sua mão deslizar por minha coxa.
--Estou vendo algo aqui que me agrada!
--O que, Carla?
Tocou de leve, roçou meu colo e notou minha excitação. Eu não acreditava. Muita sorte! Conversamos mais, ela de coxas encostadas às minhas. Seu calor denunciava seu tesão e num crescendo, ela se deixou apalpar por mim e o que era evidente ficou claro, suas nádegas eram durinhas e suas coxas quentes de desejo.
--Posso falar uma coisa?
--Diga, carla...
--Posso ser sua sobremesa?