Eu a conhecia de vista. Meu pai tinha uma casa na praia, espaçosa o suficiente para todos nós. Eu estava só, estudava para os exames de meio de ano; ninguém descera pois o tempo estava instável e eu gostava de viajar só. O nome dela era Zenaide, era morena, bem fornida de corpo e mais alta que eu; trabalhava na casa de uma nossa vizinha, que era cheia de luxos e mais jovem que o marido. Sempre havia o que comer naquela casa maravilhosa que ocupava toda uma esquina perto de um riacho onde garças pousavam calmamente, à espera de peixes que subiam contra a correnteza.
Havia uma ponte sobre o riacho, de madeira e frágil. Lembro-me de vê-la ali, pensando na vida, sentada próxima à margem onde as garças andavam calmas. Ela tinha um olhar tranquilo e era uma moça serena. Quando eu voltava da praia, eu a vi sentada...
--Olá! Olhando os pássaros?
--Lindas garças! Sempre as vejo aqui.
--São grandes...!
--Você vem sempre aqui?
--Meu pai tem uma casa aqui...
Ela me olhou com olhos profundos, como se fosse dizer algo, mas parou e mudou de assunto, olhando o céu que pressagiava algum vento, ou talvez uma tempestade.
--Melhor não ficar aqui. Já vi gente sendo apanhada por raios, bem perto de onde estamos...
--Bem, vou para casa então...Preciso estudar muito!
--Nossa, veio para estudar?
--Estou de férias na faculdade; porém, o nível das provas é alto...!
--Aplicado, você, hein?
Sorriu olhando em meus olhos. Engraçado, eu sei que algo vai bem ou não pela atitude dos olhos da pessoa que conversa comigo. Zenaide não queria nada, apenas sorriu com os olhos...
--Tem outra sugestão?
--Você já conhece a casa do meu patrão?
--Você poderia me apresentar...Sei que ele nos serve na praia com quitutes invejáveis...
---...Sou eu que faço!
Aí foi minha vez de dizer aquilo...
--Hummmm, que mãos mágicas!
--Gosta?
--Nossa Zenaide, você tem talento!
(as garças se agitavam, o vento começava a esgarçar nossa conversa, as lufadas encapelavam o oceano ao longe e as areias brancas atingiam os olhos...)
Eu a segui, olhando um lindo bumbum. Ela era toda certinha. Um lindo bumbum, pernas torneadas...
--Pratica esportes?
--Já pratiquei, agora não....
Entramos na casa, passando por um portão onde havia um caramanchão no qual se enroscavam três Primaveras, uma de cada cor... Uma outra trepadeira se destacava, era perfumada e tinha pequenas flores...Foi ela fechar o portão e abrir a porta da sala, quando seu andar mudou...
--Finalmente tenho o meu baixinho...
Ela arrancou seu maiô. Estava nua na minha frente, Zenaide, uma deusa de ébano; os seios pontudos me olhavam da cama de sua patroa...Ousada, deu-me um beijo quente, notei o perfume de seu pescoço...
--Vem, meu menino bonito...
No dia seguinte, saí disfarçadamente.
Começou assim uma saga que não terminaria tão cedo...