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II
Durante três dias não a vi e cheguei inclusive a perder o interesse por ela. Por alguma razão, conclui de que não havia a menor chance de um relacionamento entre a gente. Todavia, ainda sim uma força me impedia de esquecê-la completamente. Fato esse comprovado pelos meus olhares atentos durante os trinta minutos de intervalo, onde a maioria dos alunos deixavam as salas. No mais, sua lembrança se difundira e raras vezes me surpreendia com os pensamentos nela. Mas na sexta-feira feira tornei vê-la de relance. Ela subia as escadas para o primeiro andar na companhia de uma jovem parecendo ser uns dois ou três anos mais velha, provavelmente uma colega de classe.
Confesso ter sentido um imenso prazer em revê-la. Uma seiva deliciosa percorreu-me às veias, causando-me um indizível prazer. O coração palpitou e cheguei inclusive a deixar escapar um suspiro que acabou nos lábios com um sorriso. De todas as sensações, o desejo foi o mais intenso, provocando-me inclusive devaneios. E naquele momento me dei conta de estar nas mãos da Fortuna, a qual tem de fato as rédeas de nosso destino. Talvez por isso não tenha feito o menor esforço para afastar-lhe os pensamentos e tentar frear o desejo de possuí-la; aliás, cheguei a ponderar por alguns instantes, dizendo-me que não deveria dar um passo mais adiante, pois há veredas que levam apenas numa direção. Mas não fui forte o bastante. Então decidi deixar-me arrastar pela maré, não opor a menor resistência ao destino, fosse qual fosse a forma sob a qual se apresentasse, até porque, sendo um homem que acredita no destino traçado por vontade divina, não me cabia lutar contra ele, afinal tudo precisa acontecer como quer o destino. Lembro-me de pensar: “seja o que Deus quiser”.
E na semana seguinte, confesso ter ficado triste por não encontrá-la. Mas ciente de que eu era um homem casado, não fiz o menor esforço em procurá-la. Deixei tudo na mão do acaso. Aliás, lembro-me de dizer com meus botões: “se é do destino nossos caminhos se cruzarem, eles vão se cruzar de qualquer jeito, queira eu ou não. Portanto, deixarei o rio seguir o seu curso”.
Nos dias subsequentes vi-a em duas oportunidades. Na quinta-feira anterior ao carnaval, cheguei avistá-la mais de uma vez, e da segunda oportunidade, cruzei com ela, o que me levou a olhá-la nos olhos e deixar escapar um sorriso. Ela o retribuiu, embora me parecesse que o fizera apenas por educação ou para não parecer antipática e esnobe. Não é difícil distinguir um sorrio falso daquele que surge espontaneamente nos lábios. E talvez eu esteja exagerando, mas havia uma naturalidade fascinante naquele sorriso. No mais não me pareceu ter me dado mais importância do que teria dado a qualquer outro que, ao fazer o mesmo, se visse no dever de não ser indelicada.
Mas se aquele sorriso não lhe teve significado algum, para mim foi o prenúncio de que nossos destinos cruzar-se-iam mais cedo do que eu supunha; dessa forma estaríamos fadados a construir uma história, fosse qual fosse. Aliás, lembrando-me da condição de enamorado, de alguém sob os efeitos do encanto, ocorreu-me as palavras de Stendhal: um único sorriso pode levá-lo ao cúmulo da felicidade. Claro que eu ainda não me preocupava com o que exatamente o futuro nos reservava, pois via um abismo intransponível entre mim e ela. Eu apenas pensava nos momentos de prazer que ela poderia me proporcionar, como faz qualquer homem de meia idade ao sentir-se atraído por uma bela jovem, sem se dar conta do preço a pagar na obtenção de tal prêmio. Eu não cogitava coisas como envolvimento sentimental, namoricos e coisas afins, embora isso fosse tudo que uma jovem esperava encontrar ao buscar um homem para completá-la. O prazer descompromissado era o meu único objetivo.
Relutei por mais de uma vez numa maior aproximação. Temia o futuro, ciente de que, se desse mais um passo, este seria definitivo. Se por um lado, eu só sonhava com alguns momentos de prazer, mas sem assumir qualquer compromisso, por outro sabia perfeitamente que a coisa não seria exatamente assim: a maioria dos homens acabam se apaixonando perdidamente por mulheres jovens e belas ao beber na taça de sua juventude. Eu sabia disso e até temia esse risco. Na verdade, o medo oculto, subconsciente, veio à superfície, irrompendo com angústia, provocando-me um arrepio, como se uma força ruim me trespassasse o peito, quando pensei na possibilidade disso acontecer, inclusive cheguei a pensar: “Talvez seja melhor esquecê-la e não arrumar pra cabeça. Isso ainda vai me dar trabalho...”. Tanto que na última sexta-feira de março, tomei a resolução de não sair da sala de aula durante o intervalo. E para isso, resisti àquela força invisível a me puxar para fora e permaneci ali dentro, sentado na minha carteira, durante os trinta minutos.
Mas não resisti ao prazer de deparar com ela na saída, quando do fim das aulas, cruzamos num dos portões. Não sei por que razão, ela retornava ao interior do prédio. Talvez houvesse esquecido alguma coisa na sala de aula e voltava para buscá-la. Ao vê-la diante de mim, fiquei sem reação, possivelmente com cara de assustado. Ela por sua vez, reconhecendo-me, esticou os lábios.
Ah, que encanto! Que sedução! Nos olhos verdes brilhava-lhe um sorriso dourado, que parecia terrível e descuidado, o qual dava a impressão de mostrar mais que o recato permitia. Sem saber o que fazer, acabei retribuindo-lhe o sorrio e deixando escapar um “oi!” tímido e trêmulo. Ela o devolveu, mas seguiu adiante, deixando-me ali no mais completo desespero. Na verdade, eu me senti como que arrastado por numa corrente tempestuosa, para aquele mundo nebuloso, para este mundo de sonhos onde, a cada instante, somos assustados pela nossa própria sombra. Eu estava preste a afogar-me, pois sabia que eu não lhe era mais um estranho
Voltei para casa no mais puro estado de arrebatamento. Ao sentar à mesa para comer, Mathilde, minha esposa, indagou-me o que tinha acontecido. Ela me conhecia o bastante para perceber em mim o menor sinal de mudança de comportamento. Esse era outro problema. Eu ia conseguir enganá-la por muito tempo.
-- Você parece feliz com alguma coisa.
-- Nada não – menti. -- Talvez seja porque estou no penúltimo ano de história, algo que tanto sonhei – acrescentei, procurando ocultar a verdadeira razão a qualquer custo.
Embora aquele flerte não pudesse ser considerado uma traição, eu me sentia como se acabara de traí-la. E para recompensá-la, procurei satisfazê-la na cama.
Não é fácil foder uma boceta que se vem fodendo nos últimos 18 anos e ainda encontrar algum prazer nisso, ainda mais quando se tem em mente a possibilidade de foder uma boceta fresquinha, talvez até virgem. Ainda mais que as jovens e virgens dão a gente um pouco de ilusão. Mas eu estava tão excitado quando deitei ao lado de Mathilde, que seria até capaz de foder um tronco de árvore se este tivesse um furo no meio; ou pior, seria capaz de enfiar meu pau num formigueiro se isso aliviasse aquele tesão dolorido. Não que minha mulher fosse um pedaço de madeira ou algo parecido, mas vez ou outra a coisa era tão fria e mecânica que não faria muita diferença. Claro que em algumas oportunidades a coisa não era assim. De quando em quando fazer amor com ela até que era muito prazeroso e nos remetia ao aflorar de nosso relacionamento, onde o encanto ainda polvilhava cada momento, dando-lhe um sabor inigualável de ilusão e nostalgia.
Duas semanas atrás, quando entramos juntos no banho (ainda mantínhamos esse hábito desde o casamento), Mathilde ensaboou-se e então veio ensaboar-me. Aquele gesto, um gesto que ela não fazia há não sei quantos anos, acabou excitando-me. Talvez isso me tenha trago de volta a lembrança de um passado onde tais carícias me provocavam intenso prazer. Pois sempre gostei desses jogos de sedução. Essa lembrança, requintada com os movimentos de suas mãos, agarrando-me fortemente o falo, contribuíram para incitar-me os mais intensos desejos. E ali mesmo transamos.
Se disser que não senti prazer, ou que não foi bom, mentirei. Embora os seios dela estejam flácidos e caídos, agarrá-los e apertá-los enquanto eu a martelava no meio das pernas me trouxe mais uma vez a lembrança de quão belos e rijos eles já foram no passado. Lembro-me de como Mathilde, antes do primeiro filho, gostava de se despir e, acariciando-os, comentar que eram belos, fartos e portanto eu deveria me orgulhar de ter uma mulher com umas tetas como aquelas. E realmente eram. Elas arrancavam olhares muitas vezes voluptuosos por onde Mathilde passava. E eu me sentia orgulhoso e privilegiado naquela época, como alguém que tirou a sorte grande. Não há como negar. Quantas vezes não lhes pus o falo entre aquelas tetas grandes e, pedindo-a para pressionar uma contra a outra, de forma que me envolvessem o órgão, não o movi para frente e para trás até que o gozo fluísse? Não foram poucas as oportunidades em que o sêmen escorreu-lhes sobre ou desceu, feito enxurrada, no vale entre aquelas duas montanhas esculpidas por mãos divinas. Então eu mergulhava a cara no meio das coxas dela e levava Mathilde a um orgasmo intenso, cheio de grunhidos e gemidos, levando-me a exclamar depois:
-- Também não precisava gemer tão alto, pros vizinhos saberem!
Mas já não fazemos isso há anos, deste o nascimento do segundo filho, Fabinho. Aliás, já não fazemos muita coisa tão comum nos primeiros anos de relacionamento. Mathilde já não me chupa mais e as imagens do meu gozo naqueles lábios, onde meu sêmen escorria pelos cantos da boca são vagas lembranças já um tanto descoloridas e sem a riqueza de detalhes, como numa fotografia velha e desbotada. Da mesma forma seus joelhos dobrados na beira da cama enquanto, segurando-lhe os quadris fortemente, penetrava-a por trás, no ânus inclusive, e depois de alguns movimentos soltava-a, deixando nas profundezas de seu dorso, o fruto de meu gozo.
Há algum tempo, entretanto, olho para aquele traseiro, para aquelas nádegas brancas flácidas, sem a forma arredondada de antes, e é como se olhasse para as nádegas de uma estranha, talvez da mesma forma que um ginecologista olha para as nádegas de sua paciente: com indiferença e sem a menor afetação. Há um ano, talvez um pouco mais, ainda cheguei a trepar-lhe sobre o traseiro e depois de umedecer o falo com bastante saliva, tentar penetrá-lo no ânus. Mas Mathilde não pensou duas vezes em ordenar-me para tirá-lo dali que o cu dela “não era depósito de porra!”. Mas no passado ela mesma não chegou a me oferecê-lo inúmeras vezes, dizendo que “estava com vontade de sentir meu pau duro, entrando todinho nele”? E por que isso agora? Depois de tantos anos! Se eu não tivesse tão excitado naquela noite, depois de retornar de uma cerimônia de casamento, onde acabei flertando com uma das garçonetes, a qual não tinha mais do que vinte e dois anos e a qual me foi a condutora ao mundo do sono por várias noites seguidas, teria virado para o lado e ido dormir. Mas dormir daquele jeito seria torturante, assim, penetrei-a na vulva mesmo e depositei-lhe a “porra” na cavidade vaginal. Mathilde não teve seu orgasmo e apesar da minha insistência, pois me sentia um tanto culpado se não a levasse ao gozo. Ela simplesmente disse não estar a fim e virou para o lado. Aliás, nos últimos anos a frequência com que isso vinha ocorrendo é evidente e vez ou outra tenho a impressão de que ela só transa comigo porque acha que me deve esse dever, já que é minha esposa.
Talvez, se eu não quisesse compensar Mathilde pelo flerte com a universitária, além de fazer algo para esconder meu contentamento por aquele “oi”, eu não teria me esforçado tanto para reviver os velhos momentos de prazer naquela mesma cama em que vínhamos deitando nas últimas duas décadas, uma cama que já fora nosso “leito de amor” mas que hoje é apenas onde deitamos para dormir e descansar.
Antes de deitar, fui escovar os dentes, como fazia toda noite. Normalmente, Mathilde se antecipava e escovava seus antes de mim. Assim, quando eu ia para cama, ela já estava deitada. Nos primeiros anos, ela me esperava para uma troca de carícias, fazer amor ou me dar boa noite. Nos últimos anos, contudo, apesar da minha demora no banheiro ser a mesma de sempre (uns dez minutos, não mais), amiúde eu entro no quarto e ela já caiu no sono ou simplesmente fingi dormir. Não quero acusá-la injustamente, mas isso é fato. Dessa vez contudo, ela estava acordada. Aliás, a luz do quarto ainda estava acesa e ela terminava de guardar umas peças de roupa que a arrumadeira deixara sobre a cama mais cedo. Estava nua, embora há mais de uma década vestisse todos os dias uma camisola. Eu, como sempre, usava apenas a cueca.
-- Por que você está assim? -- perguntou-me quando me viu excitado. Os contornos da peça íntima não deixavam dúvidas.
Surpreso, atinei uma resposta rápida embora não muito convincente.
-- Porque você está aí toda pelada. Acabei ficando com desejo – menti.
-- Então vou dar um jeito nele rapidinho – disse, rindo e toda entusiasmada. O fato de Mathilde estar nua me levara a crer que ela tencionava fazer amor.
Sem apagar a luz, Mathilde deitou, abriu as pernas e, fazendo gestos com as mãos, chamou-me.
-- Vem cá! Ela está com saudade dele.
Transamos.
Apesar da impossibilidade de trazer de volta as sensações que experimentávamos quando tudo ainda era novidade entre a gente, o fato de eu imaginar que ela era aquela jovem e não Mathilde me fez sentir muito prazer. Até porque, procurei fazer com minha mulher tudo aquilo que provavelmente faria se realmente aquela universitária estivesse ali, embaixo de mim, comigo enterrado no meio de suas coxas, enquanto meu falo ia e vinha desesperadamente na vulva úmida. Enquanto a possuía, cheguei inclusive a beijá-la na boca e penetrar-lhe a língua, coisa que não fazia há anos. Da mesma forma agarrei-lhe os seios flácidos e, imaginando-os duros, viçosos, joviais, como deveriam ser os daquela universitária, agarrei-os e os acaricie como há muito não eram acariciados.
Mathilde, muito provavelmente surpresa com todas aquelas carícias, como se houvéssemos voltado no tempo, uns quinze anos talvez, sucumbiu a um intenso gozo. E vendo-a gozar daquele jeito (um gozo longo), como uma novilha no cio, procurei acompanhá-la, gozando instantes depois.
Foi prazeroso. Tenho de reconhecer. Isso contudo não me impediu de momentos depois, quando no manto da noite envolvidos, soltar as rédeas do pudor e me entregar aos doces devaneios de um rapazola em cujas veias ferve o veneno da volúpia. E foi assim, devaneando com os suaves contornos daquela jovem, cujo nome eu ainda desconhecia, fui transportado ao mundo dos sonhos.
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