VI
Primeiro, vesti a camisinha. Não podia penetrá-la sem o preservativo. Então, comecei pelo pescoço. Meus lábios percorreram-no uma dezena de vezes, ora tocando-o sutilmente, de onde a ponta da língua extraia sensações indizíveis, ora com mais pressão, onde os dentes chegavam, num ponto ou noutro, mordiscá-lo levemente. Andréa reagia às minhas carícias com pequeninos grunhidos, movendo as coxas, numa espécie de êxtase íntimo, tão comum as mulheres quando atingem o ápice do excitamento e a penetração é a única coisa que lhes importa. Às vezes, eu levantava a cabeça e procurava-lhe os lábios, a fim de dar um tom romântico aquele momento. Afinal, o beijo é como aquele tempero que dá um toque especial ao prato.
A seguir, procurei-lhe os belos seios. Os mamilos estavam rijos. Num primeiro momento, sorvi-lhe ora um mamilo, ora o outro, alternando de forma aleatória, sem me preocupar em ater-se mais em um ou outro. Minha língua por diversas vezes percorreu totalmente aqueles seios, sem deixar um único ponto intocado, como eu fizera pouco antes, porém agora com mais intensidade e obstinação, de forma a causar-lhe mais prazer. E para conseguir isso, não só usava os lábios e a língua de forma mais precisa como também os dentes, os quais temperavam aquelas sensações com uma pitada de dor, uma dor tão sutil que muitas vezes se confundia com as demais sensações..
Além do aumento na frequência e no tom dos gemidos, o resultado disso foi uma insistência em mover os quadris de um lado para o outro na tentativa de fazer com que eu a penetrasse. Aliás, enquanto movia-os, usou mais uma vez as coxas, prensando as minhas pernas, para me fazer com que o falo se perdesse em si. Mas, apesar de muito excitado e um tanto dominado pelos instintos, ainda sim fui capaz de resistir e suportar aqueles apelos que, para um homem mais jovem, seriam irresistíveis; aliás, resisti, lembrando-me a todo momento que, se a penetrasse, o gozo seria quase imediato e aquele jogo não teria o mesmo sabor, já que, ao irmos para a cama com uma mulher, mesmo que tenhamos vários orgasmos, somente o primeiro é capaz de nos provocar um número incontável de novas sensações. E embora possamos sentir muito prazer no segundo gozo e até nos subsequentes, as sensações vão diminuindo e o efeito sobre nosso eu é declinante. Assim retardar o primeiro gozo é a melhor forma de prolongar o prazer, de torná-lo mais especial e inesquecível. Aliás, este é um erro que os jovens e os inexperientes comentem: não sabem se conter e acabam desperdiçando o melhor da transa.
-- Vem cá, me possua. Não aguento mais – pediu ela em dado mento, de forma desesperada. Dir-se-ia implorar até.
Ergui a cabeça, olhei-a nos olhos com um quê de perversidade. E eles brilhavam e, através das pupilas dilatadas, emanavam uma força gigantesca, tão ou mais sedutora que o canto das ninfas. E por uma fração de segundo, eu quase fraquejei. Contudo, tal qual Ulisses, que se preparara para resistir às no retorno à Itaca, prevenindo seus companheiros para não soltá-lo das amarras, eu também prevenira a minha razão para não ceder ao clamor dos instintos. De forma que encontrei forças para desviar o olhar e dizer-lhe:
-- Não. Ainda não. Não está na hora.
Ela me encarou de forma fulminante, como se fosse Medusa, cujo olhar transforma qualquer ser em pedra. No entanto, Andréa não era Medusa e aquele olhar não me afetou; pelo menos da forma que ela tencionava. Passando pelos seios – apenas uma das minhas mãos continuava a acariciar o esquerdo – meus lábios foram tocá-la pouco acima do umbigo. E toda aquela região foi contemplada com meus beijos. Mas não só beijos. Muito mais foram os toques sutis com a ponta da língua, toques esses que, agora que ela estava no auge do excitamento, faziam-na vibrar como as cordas de instrumento afinado. E eu me deleitava ao ter ciência do prazer a lhe saciar o eu. Lembro-me inclusive de pensar: “Tá vendo, vadia! Sexo não é só foda e gozo. Tem de enlouquecer o outro e levá-lo ao desespero de tanto prazer. Tem que lhe arrancar a alma e trazê-la para fora. Tem de levá-lo a submissão total e incondicional. É nesse excitamento, nesses estímulos sem fim que está todo o prazer. Gozar não é o mais importante, como todo mundo pensa, pois faz o jogo perder a graça. Gozar é apenas o grand finale”
Mais uma vez ela pediu:
-- Vem cá! Vem logo! Me fode! Eu não tô aguentando mais.
-- Não – tornei. Ainda não está na hora – acrescentei, levantando mais uma vez a cabeça e olhando-a nos olhos. As pupilas estavam dilatadíssimas e brilhavam feito dois faróis. Eu quase podia lhe ver alma através daqueles dois pontos reluzentes.
Suas mãos agarraram os meus braços e ela tentou me puxar, já que agora eu estava de joelhos e meu falo não a tocava mais. Em vez disso, recuei um pouco mais e abaixei a cabeça, tocando os lábios naquele monte de pelos. Embora eu a chupara pouco antes, faria o mesmo, pois, excitada do jeito que ela se encontrava agora, a intensidade das sensações seriam indizivelmente maiores. Aliás, o clitóris estava rígido e para fora, como a glande de um pênis teso.
Lembro-me de fazer Mathilde chegar ao orgasmo diversas vezes, apenas usando a língua no meio daqueles lábios. O clitóris dela também crescia e saía para fora. Hoje já não faço mais isso. O néctar já não tem mais aquele sabor -- perdeu a qualidade e a fragrância como ocorre com um perfume ao longo do tempo -- e aqueles lábios já não atraem mais os meus como no passado.
Não a acariciei por muito tempo. Se o fizesse, certamente ela explodiria num orgasmo. Num momento ou noutro, com um ar de perversidade, apenas lhe dei algumas mordidinhas leves no clitóris, para que a suave dor se misturasse ao prazer, já que esta, ao contrário do que muita gente pensa, é sim uma fonte inesgotável de deleite. E misturado àqueles gemidos sem fim, o que denotava o ápice do excitamento, o qual muitas vezes leva ao gozo, escapavam uns “ais” e coisas do tipo: “Filho da puta, vem, me fode toda!”, “Tô ardendo, tô me queimando por dentro”, “Não aguento mais” ou “Por favor, vem logo! E acaba com essa agonia”.
Eu poderia tê-la atendido, já que mais uns instantes de carícias seriam mais do que suficientes. Mas se o fizesse, a penetração não teria o mesmo sabor e não a levaria a experimentar o mesmo deleite. E embora na mulher o orgasmo não afeta o prazer tanto quanto no homem (elas podem ter vários seguidos), onde há uma grande perda na intensidade do prazer, ainda sim não quis que isso ocorresse. Ela teria sim o seu gozo, mas provocado pelos ir e vir do meu falo.
Ela achou que eu a penetraria de uma vez e liquidaria a questão de uma vez. Mas enganou-se mais uma vez. De fato o falo procurou-lhe a vulva e deslizou-lhe por ali. No entanto, somente parte da glande teve o privilégio de penetrá-la.
A minha intenção era justamente dar mais combustível a essa expectativa. Por isso, num primeiro momento, eu fiz que a penetraria, mas recuei logo em seguida, levantando os quadris. Diante desse jogo, ela tentou, sem sucesso, agarrando-me as nádegas, puxar-me contra si, para que meus quadris lhe afundassem no meio das coxas. Mas eu era mais forte e estava preparado para isso. Conhecia esse jogo como a palma da minha. Todas as mulheres com as quais transei, inclusive as sem experiência, ao fazer-lhes isso, agiam da mesma forma. Isso não quer dizer que toda mulher age assim, mas de cada dez nove provavelmente o fará. E por quê? Não sei. Talvez porque, consumidas pelo intenso desejo, um desejo desesperador e muitas vezes torturante, veem na penetração o caminho mais curto para o orgasmo, o qual porá fim aquela tormenta, a qual somos submetidos quando os instintos não são satisfeitos. E não há nada mais desesperador do que o atormentar de um instinto.
Perversamente, embora para mim, naquele momento, retardar a penetração fosse tão ou mais difícil do que fora para Ulisses resistir ao canto das ninfas, eu levei a mão entre nossas virilhas e, agarrando o falo, fi-lo perpassar-lhe por várias vezes sobre o clitóris, pressionando a glande sobre ele, a fim de causar-lhe mais prazer; afinal o clitóris e a glande são compostos do mesmo tecido e possuem praticamente as mesmas conexões nervosas. Embora usasse camisinha, sabia que isso não atrapalhava em nada aquele jogo.
Andréa já não gemia mais. De seus lábios escapavam grunhidos, como se houvesse um quê de raiva naquilo tudo. Suas mãos, que até pouco antes percorriam minhas costas ou procuravam, através das nádegas, fazer com que eu a penetrasse, agora me agarravam os cabelos e os puxavam como se travássemos uma luta feroz. Na realidade, ela parecia enlouquecida como uma mulher enraivecida que perde completamente a razão. E vendo-a assim, nesse estado desesperador, não pude deixar de pensar: “Isso! Agora sim! Agora você está pronta pra sentir o meu pau todo enterrado nessa tua xoxota gostosa! Agora vou te enterrar ele até o útero, pra ele te esfolar a tua bucetinha apertada e depois te deixar toda dolorida.”
Penetrei-a com força, brutalidade e profundamente.
Andréa abraçou-me tão fortemente como teria feito alguém que se agarra a um galho de árvore sobre um abismo, e cuja queda fatalmente levará à morte. Contudo, ela me abraçava daquele jeito não porque sentisse medo ou a vida dependesse disso, mas para não me deixar escapar, para que meu falo não lhe saísse de dentro. Aliás, nenhum tipo de persuasão seria capaz de convencê-la a me deixar retirá-lo.
Na realidade ela não precisava fazer isso, pois na situação em que eu estava, completamente sob o julgo dos instintos, os quais estavam sedentos de prazer, se ela tentasse me empurrar para trás não teria conseguido arrancar aquele falo de suas entranhas. Ao penetrá-la, meu falo passou a fazer parte de uma coisa única, com um único objetivo: alcançar o gozo. E enquanto este não fosse alcançado, nada seria capaz de separá-los. Éramos cães copulando.
E ápice não tardou, como era de se esperar. Primeiro, com seus grunhidos mais altos e os movimentos mais bruscos e desordenados, ela chegou ao seu. Aliás, no instante em que este ocorria, ela mesma fez questão de anunciá-lo, como se eu não notasse o seu aproximar: “Aí, vou gozar!!!!”. E foi justamente esse “vou gozar” que acionou algum dispositivo no meu cérebro e provocou-me um colapso breve, o qual me levou a lhe afundar os quadris violentamente como se quisesse parti-la ao meio. E ao empurrar o falo o mais profundo possível, os jatos de sêmen atingiram o preservativo, preenchendo o compartimento.
Seguiu-se um longo silêncio, onde só se ouvir o arfar de nossos peitos.
Súbito porém, ergui a cabeça e olhando-a, falei:
-- É melhor eu sair. Ele já está ficando pequeno. E se demorar mais, quando ele sair, a camisinha pode ficar lá dentro.
-- Mas isso pode acontecer? -- indagou ela, abrindo os olhos, os quais tinham permanecidos fechados desde a imobilidade de nossos corpos.
-- Pode sim. Já me aconteceu. -- respondi, erguendo os quadris e me sentindo aliviado por isso não ter se repetido. -- Foi na primeira vez em que traí minha mulher. Foi desesperador. Ela não sabia como tirar a camisinha de lá de dentro. Eu disse para ela que era só enfiar o dedo e puxar. Até me ofereci para fazer isso, mas ela não quis. Se trancou no banheiro e só saiu de lá quando conseguiu – contei, lembrando da primeira vez quem saíra com Daniela. Embora não fosse virgem, tinha pouca experiência. Não consigo esquecer a cara de espanto dela, quando puxei o falo e este sai sem a camisinha. Se por um lado ela morrera de medo de não conseguir tirar a camisinha de dentro de si, por outro, a minha preocupação era com o sêmen ali dentro. Temia o vazamento e suas consequências. Afinal, tudo que eu não queria naquele momento era uma amante grávida. Por sorte, ela não engravidou.
-- Acho que se acontecesse comigo, eu também ia ficar desesperada.
-- Mas não precisa. É só fazer assim – estiquei o dedo médio, dobrando os demais. -- E enfiar ele até encontrar a camisinha. Depois é só pressionar ela contra a parede da vagina e ir puxando devagarinho.. Quer que eu te mostre na prática como fazer com o dedo?
-- Não, não precisa – respondeu. -- Isso não vai acontecer comigo.
Turei a camisinha do falo, dei um nó e a ergui no alto.
-- Isso aqui é um perigo em mãos erradas – falei em tom de brincadeira. -- Pode destruir a vida de um homem e até levá-lo ao suicídio. -- Levantei e fui até o banheiro jogar no lixo.
-- E agora? O que a gente faz? -- gritou ela. Provavelmente ainda estava na cama, pois eu não a ouvira se levantar..
-- Depende. Vê as horas.
-- Cinco pra dez – tornou.
-- Ainda temos algum tempo. Pega o cardápio e pede alguma coisa. Não posso chegar em casa com fome. Enquanto isso, vou encher a banheira. Eles demoram um pouco pra trazer o pedido. A gente pode ficar aqui, conversando um pouco.
-- O que você quer comer?
-- Sei lá. Deixo por sua conta – falei, ligando os registros e vendo a água jorrar.
Fez-se um breve silêncio. Em seguida ouvi Andréa ao telefone, falando com a recepção. Não prestei atenção ao que ela pedia porque entrara na banheira e o barulho da água enchendo-a impedia-me de entender suas palavras, já que ela falava baixo, com naturalidade.
Súbito ela apareceu.
-- Pedi uma cozinha básica. Um lanche. Não estou com fome – disse parada diante da banheira, a qual enchia rápido.
-- Vem cá. Entra e senta aqui do meu lado e me fala um pouco mais da sua amiga.
-- Eu não tenho muito mais o que contar, além do que já te disse. Conheci ela aqui na Faculdade. E como a gente ainda está nos primeiros dias de aula, ainda não deu pra conhecê-la direito. Mas parece ser uma garota legal. Talvez um pouco ingênua, mas isso é só uma impressão.
-- Quanto a ser legal, ela também me passou essa impressão – falei, lembrando do sorriso dela. -- Mas ingênua já não sei te dizer. A ingenuidade, na maioria das vezes, não é expressa na aparência e sim nas atitudes. E, em menor grau, nas palavras. Mas se há um quê de ingenuidade nela, isso me facilita as coisas. Quanto mais ingênua uma pessoa mais fácil de ser iludida e enganada. Sabe aquele ditado que ninguém esmurra um semelhante, a não ser que este deseja ser esmurrado’? Então. Os ingênuos são aqueles que desejam ser esmurrados e parecem fazer de tudo para isso.
-- Seu safado, seu aproveitador! -- exclamou ela, dando-me um empurrão no ombro. Eu só não caí para o lado por causa da beirada da banheira. -- Tenho pena do que você vai fazer com ela.
-- Nada demais. Nada que não faria com qualquer outra mulher. Aliás, o mesmo que estou fazendo aqui contigo: – falei, enfiando a mão no meio das pernas dela e introduzindo-lhe o dedo médio na vulva. -- fodendo. A diferença é que ela vai me dar muito prazer. Só isso!
Andréa também afundou a mão na água e agarrou-me o falo encolhido. Apertou-o por alguns instantes e moveu-a para frente e para trás, masturbando-me.
-- Ele assim não vai meter medo nela. Aliás, nem nela nem em ninguém. O máximo que conseguirá será umas boas gargalhadas. Mas quando ela o vir duro, um friosinho vai lhe correr pelas costas. Aposto. Principalmente se ainda for virgem e se a mãe andou enchendo a cabeça dela. Elas adoram fazer isso. Por mais que nos dizem que não vai doer, essa coisa dura, imponente, com aquela cabeça ameaçadora, assusta.
-- Também não precisa exagerar. Mesmo excitado, ele não é assustador. Não é nenhum bicho papão – falei. Minha mão continuava a lhe bolinar a vulva e a dela a acariciar-me o falo, o que me fazia sentir prazer. E ele só não se excitara porque ele demorava a reagir, principalmente depois de um orgasmo. Já não reagia tão rápido quanto o falo de um garotão.
-- Pode até não ser. Mas passamos a adolescência quase toda ouvindo a mãe dizer para não deixar os homens tocar na gente, para não tocar no “troço” dos meninos, não deixar que eles ponham o troço na gente porque dói…
-- E falam isso?
-- Falam. Enchem a cabeça da gente. Minha mãe me recomendou mais de uma vez; mas minha avó me chamou várias vezes para dizer essas coisas. E disse mais: para nunca deixar pôr atrás porque machuca e é uma coisa que uma mulher direita nunca deve fazer.
-- Pôr atrás? Fazer sexo anal?
-- É. Disse que só as prostituas fazem, porque elas não tem moral. E me alertou que os homens gostam de fazer e que quando eu fosse casada o meu marido ia querer e insistir, mas não era para eu deixar, inclusive ameaçando-o com uma separação.
-- Sem querer ofender, mas se ela disse isso é porque teu avô andou tentando. Talvez até tenha conseguido. Safadinho ele, hein!
Eu introduzira-lhe o dedo totalmente na vulva. Ela reagia, movendo o corpo, àqueles movimentos, contudo, sem largar o meu falo, o qual começava a ganhar forma. E esse aumento de prazer, me fez curvar para o lado e chupar-lhe o mamilo, o qual voltara a ficar duro.
-- Ele parece ser bem safado mesmo – disse ela, entre um suspiro e outro.
Por alguns instantes, fez-se silêncio. Ouvia-se tão somente os suspiros a escapar-lhe entre os lábios. Andréa tombara a cabeça para trás e fechara os olhos.
Súbito porém, tirei-lhe o dedo da vulva e, escorregando-o para trás, levei-o até o ânus. Então perguntei-lhe:
-- E aqui? Já foi penetrada?
Andréa levantou a cabeça e me fitou com surpresa. No modo como ela me olhou, com um certo ar de embaraço, pude deduzir que aquele orifício ainda estava intocado. Talvez nem mesmo um dedo se arriscara por ali, o que me levou a pensar: “Se tiver uma oportunidade, serei o primeiro a foder-lhe o rabo. Vai ver como é gosto...”
-- No cu?
-- Isso. Você já fez sexo anal?
Nesse instante formou-se no meu cérebro a imagem dela de joelhos ali dentro daquela banheira, com o dorso apoiado sobre a beirada e as curvas das nádegas diante de mim. Então eu me vi, afastando-as, acariciando-lhe o ânus com o dedo antes de introduzi-lo. Então vi meu dedo indo e vindo, depois mais um e finalmente meu falo, o qual eu o penetrara lentamente, saboreando cada sensação. Foi uma imagem rápida, coisa de segundos, mas muito prazerosa.
-- Não. Nunca tive coragem. Minha avó me fez tanto medo que realmente fiquei. Além do mais, não acho que isso vá me dar algum prazer. Se alguém sente prazer nisso, são vocês, homens. Não sei porque mas sentem. Pelo menos é o que ouvir dizer.
-- Nem aquele seu tio? -- Eu já não a acariciava mais no ânus. A posição não me ajudava e por ela estar sentada eu não conseguiria lhe introduzir o dedo como tencionava. Ela porém continuava agarrada ao meu falo, o qual atingira o ápice do excitamento.
Sabia que, pelo que me dissera, esse tio tivera um papel ímpar na sua formação sexual. Embora a personalidade de Andréa também contara, eu não tinha dúvida de que o tio fora o responsável por ela ter se transformado no que é hoje: uma mulher ousada e capaz de buscar o prazer a qualquer preço. Uma mulher quando é estimulado muito jovem tende a ser uma fêmea perigosa, capaz de qualquer coisa. Assim, se tencionava conhecê-la melhor, teria de saber acerca desse passado com o tio.
-- Não. Foi a única coisa que não deixei ele fazer. Ele insistiu bastante, como a minha avó me alertara, mas chegou uma hora que eu disse que se ele continuasse insistindo eu ia parar de deitar com ele. Então ele não insistiu mais.
-- Vai. Me conta essa história – pedi, passando-lhe a mão pelos seios e apertando-lhe levemente os mamilos.
-- Quando meus pais estavam para se separar, o clima estava muito ruim lá em casa. Eu não suportava ver aquilo, aquelas brigas, apesar de já não ser mais uma criança. Ia completar 13 anos. Então minha mãe resolveu me mandar pra casa da minha avó, pra ficar uns tempos lá, até a coisa se acalmar. Na realidade acabei ficando 8 meses. Minha avó não morava muito longe. E até era mais perto da escola. Por isso acabei gostando. Eu estudava de manhã e não precisava levantar tão cedo. Só voltei pra casa porque fiquei com raiva dele.
-- O que foi que ele te fez?
-- Arrumou uma namorada.
-- Então você se apaixonou por ele?
-- Que mulher não se apaixona pelo homem que a seduz várias vezes? A não ser que se trate de um encontro casual em que o sexo ocorre por acaso. Não foi o meu caso. A gente acabou se envolvendo. Principalmente eu, que me apaixonei. Afinal ele era um homem bonito, apesar de ter vinte e cinco anos.
-- E como ele te seduziu?
-- Foi há cerca de um mês e meio depois de eu ter ido morar lá. Ele tinha se separado da namorada. Ela estava se mudando em definitivo para a Europa. Ele a amava e por isso ficou arrasado com a partida dela. Então a gente ficava horas no meu quarto ou no dele conversando. Muitas vezes eu ficava só ouvindo ele falar dela, relembrando os momentos que passaram juntos. E isso nos aproximou bastante. Ficamos bastante íntimos. Íntimos até demais. Um dia ele entrou no meu quarto como costumava fazer e eu estava sentada diante do espelho totalmente nua, penteando o meu cabelo. Levei um susto e dei um pulo. Me vendo toda assustada, ele me disse para sentar novamente e continuar a me pentear, que ele queria ficar me olhando. Na época, Albert fazia pós em Literatura à noite e dava aulas de português num cursinho à tarde.
-- É professor de português? -- perguntei instintivamente. E imediatamente ocorreu-me: “Agora entendo porque ela faz letras. Por causa do tio. Inconscientemente ele a influenciou.”
-- Também. Formou-se em letras, depois da pós ainda fez mestrado. Agora é Professor de Literatura brasileira. Dá aulas em São Paulo.
-- E foi naquele noite que ele te seduziu?
-- Mais ou menos. Primeiro, ele ficou me olhando pentear o cabelo. Depois se aproximou, pegou o pente e ficou me penteando. Foi engraçado. Enquanto me penteava, disse que aquela cena o fazia lembrar de Don Casmurro de Machado de Assis.
-- Don Casmurro? Por quê?
-- Porque tem uma cena em que Bentinho penteia os cabelos de Capitu. Se não me engano, ela é descrita nos capítulos 32 e 33. Li esse capítulo não sei quantas vezes. Cheguei a decorá-lo. Ele me disse que este último, cujo título é o penteado, é um dos mais belos de toda a obra. Então ele pegou os meus cabelos e, me chamando de Capitu, recitou trechos dele. Ainda lembro dele dizer: assim como Bentinho, eu desejaria penteá-los por todos os séculos dos séculos, tecer duas tranças que pudessem envolver o infinito por um número inominável de vezes. Lembro dessas palavras porque achei o cúmulo do exagero. Lembro de peguntá-lo: como alguém pode querer envolver o infinto. Então ele me explicou que Bentinho só queria expressar o tamanho do seu amor e da felicidade que estava sentindo ao pentear os cabelos de Capitu.
-- Don Casmurro é uma obra magistral, embora a maioria das pessoas, talvez por achar a história comum e banal, ache o livro chato e bobo.
-- É que a genialidade de Machado de Assis não está no enredo, mas na forma como a história é contada. Foi isso que o transformou num gênio – disse ela. -- Infelizmente, a maioria das pessoas não sabem ler as entrelinhas.
-- E depois? -- perguntei. -- E a beijou como fizera Bentinho, inclinando sobre você, mas rostos trocados?
--… os olhos de um na linha da boca do outro. Sim. Beijou-me. Mas não foi um beijo rápido e nem ele recuou depois, assustado, como fizera Bentinho. Ainda beijando-me, senti suas mãos escorregar-me pelos ombros e ir descendo, lentamente, como se tateasse em busca de alguma coisa, até encontrar os meus seios pequenos. E então aquelas mãos os envolveram e os apertaram delicadamente, bem assim… -- levou as mãos aos próprios seios e os pegou. -- Naquela época meus seios eram menores, mas muito bonitos. Ele disse que nunca tinha visto seios tão belos quanto os meus.
-- E de fato são mesmo. Tenho de concordar.
Por alguns instantes assisti aquela cena extasiado. Aquela imagem se misturava a que a minha imaginação produzia, tornando esta última mais real. Dir-se-ia ser capaz de ver o tio a acariciar-lhe os seios como se eu estivera presente naquela ocasião, escondido por trás da cortina. Profundamente afetado, não resisti e virei para o lado, meus lábios procuraram os dela e minhas mãos foram parar naqueles seios ávidas por imitar o tio.
-- Foi assim que ele fez? -- perguntei depois de algum tempo, quando finalmente nossos lábios se desvincilharam.
-- Foi quase isso.
-- E o que você sentiu?
-- Fiquei atordoada. Foi como se ele tivesse me hipnotizado ou coisa assim. Lembro-me apenas de vê-lo me pegar pela mão, eu me levantar e ele me dizer para deitar na cama. Enquanto eu me deitava, ele foi até a porta, trancou-a e depois se deitou ao meu lado. Eu não queria fazer aquilo. Mas eu não tinha forças para lutar contra e dizer não. Aí ele voltou a me beijar e suas mãos começaram a explorar meu corpo. Ele não tocou no meu sexo em momento algum. Foi a única parte do meu corpo que as mãos dele não ousaram ir naquela noite; talvez por isso me senti ainda mais seduzida. Por outro lado, seus lábios também me exploraram, mas não tanto quanto as mãos. Ele beijou meu pescoço, meus seios, minha barriga e até minhas coxas. E isso tudo só me seduzia mais e me tirava qualquer possibilidade de reagir. E quando ele começou a chupar e morder meus mamilos, que ainda eram bem pequeninhos, eu fui vencida. Fiquei completamente ao seu dispor. Todo o medo que eu estava sentindo se dissipou. Ele poderia fazer o que bem entendesse de mim que não seria capaz de impedir ou de negar-lhe fosse lá o que fosse. Mas ele não fez. Não daquela vez. De repente ele parou de me acariciar, rolou para cima de mim e, olhando-me nos olhos, disse que eu era linda nua, mais linda que uma ninfa. Sorrindo, eu ergui os braços e o abracei no pescoço e puxei a cabeça dele, para que ele me beijasse. E foi um longo beijo. E fiquei triste quando ele saiu de cima de mim e disse que já estava ficando tarde e que precisava acordar cedo no outro dia. Quando ele saiu, eu consegui me recuperar daquele atordoamento. Mas não fui capaz de me levantar. Eu queria que aquele sonho continuasse por toda a noite. Dormi assim, nua, pensando nele.
-- E quando ele te seduziu?
-- Isso foi uns dias depois. Ele foi me seduzindo aos poucos…
Nisso a campainha tocou, avisando que o pedido chegara.
-- Chegou o lanche – disse ela, interrompendo a narrativa.
-- Eu sei. Mas antes vem cá. Senta aqui no meu colo – pedi.
-- Nada demais. Só vou te acariciar um pouco – falei.
Andréa se moveu para cima de mim, sentando-se no meu colo. De fato a minha intenção não era penetrá-la como talvez ela mesma chegou a supor, até porque eu estava sem camisinha naquele momento, e transar assim era arriscado demais, principalmente para ela. Não queria engravidá-la como ocorrera com Flavinha, a qual me levou ao desespero com a notícia. Por sorte a recepcionista também não queria o filho, o que facilitou as coisas, pois ela mesmo me propôs um aborto, desde que eu me responsabilizasse em arrumar a clínica, acompanhá-la e pagar todas as despesas, proposta que aceitei de imediato. A minha intenção naquela banheira era tão somente acariciá-la e levá-la ao gozo através de minhas carícias. Depois, eu a pediria para fazer o mesmo comigo. Desejava ser chupado até gozar.
Minhas carícias realmente lhe deram prazer, mas não ao ponto de levá-la ao gozo. E como esta era a minha intenção, passei a usar o falo para acariciar-lhe a vulva. Imaginei que o deslizar da glande no clitóris seria fatal, pois me ocorra de ter feito o mesmo com Mathilde mais de uma vez. Só que isso me provocou muito prazer em mim também, o que me deixou sem forças para recusar-lhe qualquer pedido. Por isso não fui capaz de dizer-lhe não, quando ela se levantou e, virando de frente para mim, tornou a sentar no meu colo, oferecendo os seios molhados. Nossa! E mo estavam belos salpicados de água! Embora não a tenha penetrado num primeiro momento, não fui capaz de lhe dizer não quando, com a cara enfiado naquele par de seios, ela se levantou um pouquinho apenas e sentou sobre meu falo, o que o levou a desaparecer completamente naquele orifício. Com os braços envolvendo-me o pescoço, num frenesi de abandono, ela começou a cavalgar com rapidez, soltando gritos de prazer.
Ainda tentei conter o gozo, mas este acompanhou ao dela, misturando-se a ele. E se vê-la naquele ato já me seria quase impossível encontrar forças para retirá-lo a tempo, tomado pelas mesmas sensações não seria mesmo capaz. Nem que eu tivesse uma ascendência divina seria capaz. Aliás, este é um erro que a maioria dos homens comete. Acham que no instante anterior ao jato será capaz de retirar o falo, mas esquecem que nesse momento as sensações são tão intensas que a razão jaz impotente e não encontram forças para cumprir a promessa feita a si mesmo segundos antes, como ocorreu comigo ali. Então meu gozo se misturou ao dela, levando-nos a uma experienciaria ímpar.
-- Vai. Levanta logo – pedi.
-- O que foi? -- indagou ela, assustada.
-- Gozei dentro de você – falei.
-- O que têm? Por acaso você tem alguma doença? -- perguntou.
-- Não, não. É que você pode ficar grávida – expliquei.
-- Quanto a isso não precisa ter medo. Tomo anticoncepcional.
-- Ufa! Que alívio!
-- Com medinho de me emprenhar é? -- inquiriu, levando a mão ao meu queixo e balançando a minha cabeça de um lado para outro.
-- Claro! Sou um homem casado. Isso ia arruinar o meu casamento – respondi.
-- E se eu ficasse? Queria ver o que você faria – asseverou ela, rindo.
-- Não fale isso nem de brincadeira.
-- Seria a prova irrefutável de que você andou botando chifre na tua mulher. Não é verdade?
-- É – respondi, meneando a cabeça.
-- No fundo o que vocês, homens, mais temem não é o fato de ter mais um filho, mas sim de produzir a prova do crime. Não é?
Andréa saíra da banheira e estava se enxugando.
-- De fato é sim. Não vou negar. De mais a mais, se num casamento um filho é capaz de unir o casal, quando é a amante quem engravida é o fim ao relacionamento. E mesmo que ele acabe sendo um elo entre ambos, esse elo é meramente contratual. O envolvimento emocional cessa de uma vez por todas, porque um fica achando que no fundo foi o outro o culpado. Sabe como são as pessoas: preferem culpar os outros do que assumirem os próprios erros.
Eu também me levantara e deixara a banheira. Antes de sair porém a pus para esvaziar.
-- Então, se a amante engravida, o relacionamento acaba?
-- Normalmente sim. Ainda mais que depois vem a briga por pensão alimentícia. Muitos se tornam inimigos. Por isso, quer arrumar um inimigo, saia com um homem casado e engravide. -- Falei, tornando a me lembrar de Flávia, a recepcionista com a qual tive o azar de sair uma única oportunidade e ela se engravidar. Apesar do aborto, o clima ficou ruim entre a gente, pois ela queria continuar o relacionamento, mas eu me senti tão culpado que decidi não mais trair Mathilde. Magoada e ferida em seus sentimentos, Flavinha decidiu deixar a empresa e nunca mais tive notícias. Aliás, avistei-a de longe uns dois anos depois. E temendo o nosso reencontro, mudei de direção e me afastei, procurando fugir de um passado vergonhoso, como se ela fosse um fantasma.
Ela não teceu comentário, mantendo-se em silêncio por alguns instantes. Súbito porém, disse:
-- Já é quase onze horas.
-- Já? Puta merda! Temos de correr.
Apanhei o telefone e liguei para a portaria para pedir a conta. Nesse ínterim, nos vestimos e sentamos à mesa. Andréa havia pedido dois mistos quentes, os quais já não estavam mais tão quentes quanto gostaríamos. Vinte e cinco minutos depois deixei-a na porta de casa, lembrando-a de que fizera a minha parte e que agora era a vez dela fazer a sua.
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