VII
Passei todo o fim de semana pensando em Virgínia e Andréa. Com a primeira vislumbrava o momento de tê-la sobre uma cama macia, onde minhas mãos percorriam cada curva daquele dorso jovem, cujas sensações me levavam a experimentar um deleite há muito perdido no tempo. Com a segunda, por outro lado, eu era acometido de recordações dos momentos de prazer que me proporcionara. E tanto uma quanto a outra me levavam, num momento ou noutro, a distrair-se de tal forma que Mathilde por mais de uma vez teve de gritar comigo para que eu a ouvisse.
-- O que está acontecendo? Você parece no mundo da lua? – perguntou-me ela mais de uma vez.
-- Nada – lembro-me de responder.
Se da primeira vez não deu muita importância, o mesmo não ocorreu da segunda. Isso foi no sábado à tardinha, durante o café. Estávamos na cozinha. Úrsula conversava com a mãe acerca de uma viagem ao Rio de Janeiro, no feriado de 21 de abril. Úrsula pediu-me a opinião acerca de qual melhor trajeto: ir por São Paulo e pegar a Dultra ou pegar a Rio-Santos e subir a Serra por Mogi das Cruzes e então cair na Dultra, mas eu estava tão compenetrado que não ouvi.
-- Pai? -- gritou ela.
-- Ah! O que foi? -- sobressaltei.
-- O senhor não ouviu o que eu perguntei?
-- Não sei o que está acontecendo com seu pai. Ele anda tão distraído – disse Mathilde. -- Já é a segunda vez que está assim, com a cabeça nas nuvens. Tá acontecendo alguma coisa que eu não sei? Porque isso não é normal.
-- Não. Claro que não. É que aconteceu uma coisa no escritório ontem. Sumiu o dinheiro da menina da recepção e estamos desconfiados que foi o novo funcionário, um officeboy contratado há duas semanas. Não há provas mas estão achando que foi ele – menti com relação ao sumiço do dinheiro embora o restante fosse verdadeiro.
Mathilde me olhou com certa desconfiança, talvez achando aquela história um tanto estranha, já que não comentara anteriormente esse fato como costumava fazer. De fato tudo que acontecia de extraordinário no escritório eu chegava em casa e lhe contava.
-- Por quê não revistaram ele? -- quis saber João Carlos, o filho caçula.
-- Quando ela deu pela falta do dinheiro, o garoto já tinha ido embora. Talvez não tenha sido ele, já que trabalham mais de dez pessoas lá, mas que é estranho é. Nunca sumiu antes.
Por alguns minutos discutiu-se a culpabilidade do rapaz. Os filhos não pensaram duas vezes em culpá-lo; Mathilde por outro lado preferiu deixar no ar a possibilidade da recepcionista ter esquecido o dinheiro em casa, já que a mesma alegava que o dinheiro sumira de sua bolsa. Eu tive de fazer um esforço enorme para não cair em contradição e deixar vir à tona a mentira. Aliás, arrependi-me seriamente de não ter inventado uma mentira melhor. Sabia que esta não pararia por ali. Muito provavelmente na segunda-feira Mathilde e quiça o casal de filhos me indagariam acerca dos desdobramentos do caso. Eu teria de me manter vigilante e não esquecer o episódio, além de procurar um desfecho.
-- Não seu lugar eu iria pela Mogi-Bertioga – sugeri, quando Úrsula me repetiu a pergunta que eu não ouvira momentos antes. -- Aquele trecho de serra não é tão bom mais, pelo menos, vocês evitarão o trânsito de São Paulo.
Durante o resto do dia, procurei não me distrair tanto. E mesmo quando pensava em Virgínia e na colega de classe, procurava manter-me atento ao que se passava à minha volta. Quando entrei no banho durante a novela das nove – Mathilde ficou com Úrsula na sala, assistindo-a --, dei asas à imaginação. Por várias vezes, relembrando os momentos com Andréa naquele motel, troquei-a por Virgínia. Isso acabou me excitando de tal forma que por pouco não acabei me masturbando embaixo do chuveiro, já que um desejo quando se nos apossa e não é satisfeito é como um inferno dentro da gente. Só não o fiz porque queria recompensar Mathilde pela traição da noite anterior. Era como se eu tivesse a obrigação de satisfazê-la para me aliviar a culpa. E para um homem que se sente culpado, quão difícil esconder na face a culpa lhe é. E embora eu não me sentisse tão culpado como deveria, ainda sim havia um quê de remorso pesando sobre mim, o qual evidentemente não era grande o suficiente para me impedir de traí-la novamente.
Não posso dizer que foi um grande sacrifício dar-lhe prazer. Mas foi inevitável relembrar as sensações que Andréa me proporcionara com seu corpo jovem, cheio de vitalidade e frescor. Aquela energia intensa, a vitalidade e sensualidade que ele desaguava sobre mim não havia mais em Mathilde; assim como a busca desenfreada pelo prazer, os exageros nos gestos, na demonstração de deleite tão comuns nos jovens quando copulam. Isso tudo já tinha lhe desaparecido há tempos. Havia nela uma vontade fria, essa era a verdade. Talvez não por culpa dela somente. Havia também a minha parcela de responsabilidade. Eu mesmo não a possuía com o mesmo entusiasmo; e meus movimentos eram mecânicos e repetitivos. Minhas mãos inclusive muitas vezes não sabiam o que fazer, como se tivessem desaprendido a lidar com o corpo feminino.
Eu não tinha o que fazer. A culpa também não era minha. O hábito e a rotina levou a isso. O tempo é roído por vermes cotidianos. Talvez esse seja o maior problema dos relacionamentos. O hábito acaba despersonalizando e mecanizando tudo, removendo de forma lenta e gradual todas as sensações que por uma razão ou outra transformara cada ato de amor numa coisa mágica. E a traição, uma forma de sacudir as vestes poeirentas de nossos dias, só faz realçar esse problema. Pois, antes não nos dávamos conta do tamanho do problema, já que o tempo nos faz esquecer o quanto era prazeroso no começo e embora temos a lembrança de como era antes, não há como fazer comparações. Mas quando fazemos com outra pessoa, esta é imediata e então nos damos conta do abismo entre o ontem e o hoje. É aí que muitas vezes os relacionamentos terminam. Em vez de aceitar a inevitabilidade do desgaste e da ação do hábito, procurando ver que nem tudo é ruim, preferimos antes de qualquer coisa ver o parceiro como um estorvo, como o responsável pelos prazeres que já não sentimos. Então passamos a rejeitá-lo em detrimento daquele que nos levou de volta no tempo e às velhas sensações.
Não que eu fosse fazer isso com Mathilde, até porque já a traíra antes e em nenhuma das oportunidades pensei em deixá-la. Também nunca a culpei pelos desgastes. Mas não há como negar, pelo menos num primeiro momento, o quanto eu tinha de me empenhar para praticar um ato que deveria acontecer naturalmente e o qual me deveria ser motivo de contentamento e deleite.
Ainda sim e com muito esforço, embora não a tenha deixado percebê-lo, consegui levá-la ao gozo, o que me causou certo alívio. Pois isso tirava uma grande carga de peso das minhas costas e liquidava a conta na consciência, já que é único lugar onde se pode fazer. Eu poderia tê-la traído na noite anterior, mas na noite seguinte estava pelo menos lhe dando uma parte do prazer que eu experimentara com outra.
Após o sexo, ela virou para o lado e adormeceu quase que instantaneamente. Eu, no entanto, continuei mergulhado em devaneios, relembrando os momentos com Andréa e tirando as minhas impressões. Eu procurava, assim como fizera antes com Daniela, pôr na balança e avaliar se valeria a pena uma nova oportunidade. Sabia que diferentemente de Daniela e Flávia, as quais deixaram os sentimentos interferir, Andréa via a coisa como um negócio, como uma troca de favores. Embora não tenha me dito, no fundo, sabia que entre nós, se tornava necessário um pacto, para que possamos, ambos, deixar tudo de lado, esquecermos de nós mesmos, e deixar vir à tona apenas o que há de primitivo e que nos satisfaz com uma intensidade sem limites. Decidi não forçar a barra, nem lhe propor um novo encontro. Contudo, se a iniciativa partisse dela, não recusaria. Pelo contrário: aceitaria com muito prazer e procuraria corresponder-lhe as expectativas.
Não foi fácil conter a euforia até segunda-feira.
Andréa não poderia fazer muita coisa num único dia. Eu sabia perfeitamente disso, mas às vezes criamos expectativas muito além da realidade e achamos que os acontecimentos podem correr de acordo com a nossa vontade, como se fossemos um deus ou tivéssemos o poder de alterar a ordem do mundo para nos favorecer. Por isso, antes de partir de casa, já vislumbrava um encontro ao chegar na Faculdade ou mesmo durante o intervalo. Via ambas, ela e Andréa, descendo as escadas e eu ali, no primeiro degrau, aguardando-as como se Andréa a trouxesse e a entregasse para mim, tal qual o pai a entregar a filha ao noivo durante a cerimônia de casamento, dizendo: toma! Tá aí ela como o prometido. E então eu pegava na mão de Virgínia e, beijando-a na face, lhe diria um “olá” sedutor, capaz de fazê-la se atirar aos meus braços, vencida e completamente submissa.
Cheguei um pouco mais cedo com o coração pulsante, como um adolescente nos momentos que antecede ao primeiro encontro. Na realidade, mil vidas ou mil mortes não teriam agora nenhuma importância: só Virgínia me interessava. Era como se somente ela fosse capaz de me tirar de uma existência vazia, sem graça e valor e jogar-me num mundo onde a vida desabrocha em toda a sua magnitude, onde o prazer, resgatado de um passado distante, pudesse me fazer sentir que ainda poderia voltar no tempo, quando tinha os meus dezoito anos.
Aguardá-la foi terrível, pois a tensão ia aumentando mais e mais. Era uma agonia pavorosa, como a de alguém que estivesse sendo emparedado. Eu mesmo não me reconhecia. Uma parte de mim não queria acreditar que agia daquela forma por causa de um corpo jovem e de uma boceta apertada. Mas são justamente essas que nos fazem perder a cabeça. E eu estava agindo e me comportando um adolescente, como eu me comportara há muitos anos ao esperar por Mathilde na esquina de sua casa, quando ela, no dia anterior, aceitara o convite para ir ao cinema comigo. E ao avistá-la atravessar a rua e correr na minha direção, senti uma alegria íntima e tão intensa que me fez o corpo estremecer.
Virgínia porém fitou-me com um olhar meio demorado, indecifrável, denotando uma inexorabilidade intraduzível. Por outro lado, eu a admirava com os olhos dilatados, como que fascinado. Então ela passou por mim, deixando para trás apenas um “oi!” que ela teria dito a qualquer outro que conhecesse de vista. Por uns instantes, senti-me aniquilado, como se minhas esperanças tivessem ido todas por terra. Mas então a razão desceu-me pela face e pude raciocinar: “Também ainda não deu tempo da Andréa falar com ela. Quando falar, ela vai me olhar com outros olhos. Vai cumprir o nosso trato.”
Andréa me procurou antes de subir para a classe.
-- Oi, como vai? E a sua presa? Já cruzou com ela por aí? -- perguntou em tom jovial.
-- Já. Ela passou por mim quando chegou – respondi sem entusiasmo.
-- E ela?
-- Me disse um “olá” mixuruco. Acho que só porque eu estava olhando para ela – falei com certo desânimo, como se perdera as esperanças..
-- Ah, mas não dou uma semana para ela te ver com outros olhos. Pode deixar comigo. Sei como fazer ela te enxergar de outra forma – ela estendeu o pescoço e deu-me um beijo na face, quase me tocando nos lábios. -- Deixe-me subir.
No intervalo, como fazia desde o primeiro ano, fui à cantina tomar um café. Dessa vez porém havia um motivo a mais para estar ali. Eu poderia ver minha ninfa descendo as escadas, talvez na companhia de Andréa, e quiçá lhe dirigir a palavra sem me parecer petulante, já que a outra provavelmente se dirigiria a mim.
De fato vi-as descendo lado a lado, conversando alegremente, como duas amigas íntimas a compartilhar um segredo. Andréa contara-lhe alguma coisa e Virgínia achava graça. E ao vê-la rindo, pareceu-me ainda mais encantadora e sedutora. Confesso ter-lhe fixado o olhar enquanto a via nos meus braços, toda nua, proporcionando-me um prazer intenso.
Andréa me avistou e aproximou-se, trazendo a amiga.
-- Olá! Essa é minha colega, Virgínia – disse, dando-me três beijinhos na face. Em seguida, apresentou-me: -- Esse é meu amigo, Floriano. Ele faz história.
Aproximei o rosto de Virgínia e dando-lhe três beijos, disse-lhe um “olá!” entusiasmado, cheio de esperanças. Ela o retribuiu e em seguida disse:
-- Já nos encontramos uma ou duas vezes por acaso.
Fitei-a novamente e os olhos delas encontraram os meus. Deixei escapar um largo sorriso. Ela o retribuiu timidamente. Vendo-a um tanto embaraçada, adiantei-me:
-- Não querem tomar um café?
-- Aceito – disse Andréa.
Talvez para não parecer indelicada, Virgínia também aceitou. No entanto, disse preferir um chocolate quente.
Foi um contentamento sem tamanho pagar-lhes o café. Cheguei a insistir se não queriam comer algo, mas ambas recusaram. Não renovei o convite, temendo parecer indelicado e inconveniente. Afinal não existe nada pior do que uma pessoa insistente, que age com insolência. Irrita-nos e nos faz querer não vê-la nunca mais. Ainda mais para uma mulher; elas, mais do que os homens, aborrecem-se e criam facilmente uma antipatia com homens insistentes (têm um faro canino para a inconveniência). Por isso, há momentos em que um pouco de precaução e comedimento são as melhores opções.
Nos cerca de dez minutos que passamos ali, pude conhecê-la um pouco mais, embora tenha procurado na amiúde lhe fazer perguntas relacionadas ao curso, evitando assim questioná-la sobre questões íntimas para não deixá-la embaraçada. Contudo, como um homem esperto e inteligente, conduzi, na medida do possível, minhas indagações de forma a extrair-lhe mais informações do que as perguntas denotavam. E embora Virgínia fosse uma jovem inteligente, não demonstrou ter descoberto as verdadeiras intenções por trás de cada indagação. Assim, acabei descobrindo mais coisas do que o mais otimista dos homens poderia esperar. Claro que Andréa teve um papel fundamental, pois, ciente de minhas intenções desde a primeira pergunta, deu uma contribuição grande para que eu pudesse alcançar resultados tão importantes.
O que descobri? Muita coisa. Desde onde morava e trabalhava, o que me levou a deduzir sua condição financeira, até suas perspectivas com relação ao curso de Letras. Tencionava, após obter a licenciatura, tornar-se professora concursada. Embora o Estado não pague um salário justo aos profissionais da educação, vendo-os quase como uma despesa desnecessária mas dos quais não pode se livrar, ainda sim muita gente, principalmente os menos favorecidos, almejam uma carreira pública devido à estabilidade e outros benefícios ausentes na iniciativa privada. Possuía dois irmãos mais velhos, sendo ela a única mulher. Não consegui saber se ela tinha um namorado. Não me senti íntimo o bastante para lhe fazer tal indagação, embora tenha tentado obter tal informação de forma indireta, principalmente quando lhe perguntei o que costumava fazer nas horas vagas. Confessou não sair muito de casa e preferir passar o tempo na companhia de um bom livro. Afirmou ir ao cinema de vez em quando, mas não disse na companhia de quem. Desejei que Andréa lhe perguntasse e até fiz-lhe um sinal, piscando-lhe um dos olhos, para que a inquirisse, mas esta não me entendeu ou não quis lhe fazer tal pergunta ali, na minha frente. Em contrapartida, falei um pouco de mim e das minhas perspectivas com relação ao curso de História. Contei-lhe que também pretendia lecionar no futuro, embora o concurso público não fosse meu objetivo, pois eu já tinha um emprego e ganhava relativamente bem. Ela quis saber o que eu fazia, se tinha filhos, pois deduziu acertadamente, vendo a aliança no meu dedo, estar diante de um homem casado. Não lhe escondi nada. Mentir não ajudaria e só poderia complicar as coisas no futuro. Como eu não queria dela nada mais além do que uns momentos de prazer, não tinha porque esconder meu estado civil. Aliás, o único momento que em faltei com a verdade, foi com relação minha condição financeira, onde lhe afirmei ganhar mais do que realmente ganhava. Mas sabia perfeitamente o quanto a condição financeira de um homem afeta a percepção feminina com relação a si. Diferentemente dos homens, que procuram na mulher a beleza e os traços que denotam uma maior capacidade de lhe garantir boa desinência, gerando filhos perfeitos, mais viris e com mais condições de se sobressair, a mulher procura no homem a capacidade de manter-lhe a estabilidade e dois filhos. Para a mulher a beleza não é um traço tão importante quanto é para o homem. Por isso as mulheres muitas vezes optam por homens mais velhos e com maior poder aquisitivo, mas sem muita beleza física, embora isso venha mudando nos últimos anos, onde o culto à beleza vem provocando profundas transformações sociais.
Quando o sinal tocou, despediram, alegando que precisavam voltar para a classe. Ambas agradeceram pelo café. Respondi-lhes:
-- Pela agradabilíssima companhia, fico devendo outro café.
Quando as aulas terminaram, cheguei a esperar por ela, a fim de dizer-lhe um “até amanhã”, mas não a vi sair. Contudo, quem apareceu foi Andréa. Perguntei pela amiga e ela me respondeu terem saído mais cedo.
-- Não vai me dizer que você ficou só para me esperar? -- perguntei.
-- Foi – respondeu ela, com um sorriso incógnito.
-- Quer uma carona? -- ofereci.
-- Quero. Se não for te atrapalhar – respondeu ela.
-- Não, claro que não. Assim você aproveita e me conta o que sua amiga achou de mim.
Durante o trajeto Andréa disse que Virgínea não falou quase nada de mim. Apenas, comentou ter me achado um homem educado e ficou curiosa com o fato de uma pessoa com um bom emprego e um bom salário estar na faculdade para mudar de profissão.
-- E o que você respondeu?
-- Falei pra ela que talvez você estivesse cansado da profissão e queria fazer algo diferente. Acrescentei que homens inteligentes têm essas manias, principalmente quando não dependem do emprego pra viver.
-- Você foi esperta.
-- Sou uma garota inteligente. Quanto a isso, você não precisa se preocupar. Fazer ela se encantar contigo vai ser mais fácil do que eu pensava. Aquele lance do café foi uma jogada e tanto. Contou muitos pontos para ti. Amanhã vou dizer que te encontrei por acaso na chegada e que você disse que ficou muito impressionado com ela. Por isso, me encontre na cantina, antes de ir para a classe. E se a ver, não vá atrás dela.
-- Por quê? -- perguntei.
-- Ela pode achar que você está dando em cima dela. Ela ainda não está preparada para isso. Pode se assustar e eliminar qualquer chance de seduzi-la. Ainda mais que sabe que você é casado. Vai deduzir que você só quer sexo e nada mais. Ela precisa achar que você só quer a amizade dela. Aí, aos poucos, a gente vai envolvendo ela, até ela se sentir tão seduzida que não vai ter como escapar. Tenha paciência e confie em mim. Ninguém melhor do que uma mulher para conhecer as fraquezas femininas.
-- Você não vale nada, garota – deixei espapar com uma risada e meneios de cabeça. Estávamos parados num semáforo a duas quadras da casa dela.
-- Você não viu nada ainda – asseverou.
Andréa apontou o prédio onde morava e parei o carro.
-- Então, até amanhã – despedi-me.
Ela no entanto, virou em minha direção e, cruzando as pernas e puxando um pouco a extremidade inferior do vestido, descobrindo as coxas, declarou:
-- Passei o fim de semana pensando na gente, lá naquele motel. E toda vez que lembro, fico toda excitada. Fazia tempo que não sentia tanto prazer. Gostaria de um dia desses reviver aqueles momentos, você não gostaria?
-- Eu?
Nisso, ela pegou na minha mão, apoiou-a sobre a sua coxa e foi puxando-a, enquanto meus dedos escorregavam-lhe pernas acima. Então inquiriu-me:
-- Não gostaria de estar no meio delas novamente? -- E, antes que eu pudesse lhe responder, levou a outra mão à borda do vestido, empurrando-a para baixo e destampando os seios até os mamilos. -- E chupando eles?
Sem saber o que lhe responder, acabei dizendo:
-- Não sei. Não é muito arriscado? Virgínia pode descobrir e por tudo a perder.
-- Arriscado por quê? E ela só vai descobrir se um de nós contar. Não ganhamos nada fazendo isso, portanto, não temos motivo algum para contar.
Minha mão tocara-lhe a vulva, a qual estava úmida. E ao tocá-la, fiquei surpreso por descobrir que ela estava sem calcinha. Por alguns instantes, indaguei-me se ela fora à Faculdade sem a peça íntima ou se fora até o banheiro e a retirara após as aulas (como as meninas do ensino médio costumam fazer para rápidos encontros após as aulas), com a intenção de pegar uma carona comigo e me seduzir. Esta última opção me pareceu mais plausível. E se ela fizera isso era porque se tratava de uma jovem ardilosa, capaz das mais vis artimanhas para alcançar seus objetivos. Confesso tê-la temido por um instante, dizendo com meus botões: “Se eu não tomar cuidado, vou acabar preso numa teia de aranha e devorado por uma viúva-negra”. No entanto, conclui não ter o que fazer por enquanto, pelo menos até ter conseguido Virgínia. Então decidi: “É melhor cozinhá-la em banho maria e sair com ela de vez em quando. Pelo menos me proporcionará alguns momentos de prazer. Tem fome de sexo como o musaranho pigmeu por comida.”
-- Tem razão – respondi.
-- Então combinado – ela aproximou seu rosto do meu e me deu um beijo na face. Nisso, puxou o vestido, empurrou minha mão e recompôs-se. -- Até amanhã, Tio – despediu-se, chamando-me de “tio” de uma forma sedutora, o que me fez lembrar daquela propaganda de refrigerante, muito popular nos anos 90, apesar de não haver conotação sexual naquele comercial.
Confesso ter retornado para casa pensando tanto numa quanto na outra. Embora não desejasse Andréa como desejava Virgínia (esta última eu desejava infinitas vezes mais), num momento ou noutro não pude evitar de lembrar da última sexta-feira no motel, o que me fez levar a mão ao nariz e sentir o cheiro do sexo dela, cheiro esse impregnado nas pontas de meus dedos. Este gesto me despertou instintos que eu não podia controlar.
Quando entrei em casa, Mathilde estava na cama. Isso às vezes acontecia, principalmente quando ela não estava se sentindo bem. Como a luz do quarto estava apaga, não a acendi. Entrei pisando em ovos, encostei lentamente a porta e fui até o banheiro para tirar a roupa e escovar os dentes. Despi-me e antes de abrir a torneira, levei mais uma vez e demoradamente a mão ao nariz a fim de aspirar aquele odor estimulante, deixado pela vulva de Andréa. Não só o aspirei como levei as pontas do dedo à boca e os lambi, feito um cão a procura de vestígios de cio numa poça de mijo. Enquanto fazia isso, fiquei ainda mais excitado. Não resisti e acabei batendo uma punheta, recorrendo às imagens de nossos corpos unidos no motel. Não tive escrúpulos de, no momento do gozo, imaginar Andréa ajoelhada diante de mim, com a boca aberta, aguardando meu sêmen. E no momento em que o primeiro jato me escapou, sussurrei, como se de fato ela pudesse me ouvir:
-- Isso, vadia! Se é prazer que tu quer, vai ter que fazer tudo que eu quiser contigo.
Então o gozo findou. Lavei o falo, guardei-o na cueca e escovei os dentes. Não pensei mais nela. Estes fixaram na amiga, até que o sono me transportou para o mundo dos sonhos.
ENCONTRE-ME TAMBÉM:
NO RECANTO DAS LETRAS
NO FACEBOOK
TWITTER
NO MEU BLOG
NO GOOGLE+
LEIA TAMBÉM
CONFISSÕES DE UM GAY - Cap. 27 (FINAL)
CONFISSÕES DE UM GAY - Cap. 26
A UNIVERSITÁRIA - CAP. 06
CONFISSÕES DE UM GAY - Cap. 25
A UNIVERSITÁRIA - CAP. 05
CONFISSÕES DE UM GAY - Cap. 24
OS LÁBIOS DE PRAZERES INTENSOS
A UNIVERSITÁRIA - CAP. 04
CONFISSÕES DE UM GAY - Cap. 23
CONFISSÕES DE UM GAY - Cap. 22
A UNIVERSITÁRIA - CAP. 03
A UNIVERSITÁRIA - CAP. 02
CONFISSÕES DE UM GAY - Cap. 21
A UNIVERSITÁRIA - CAP. 01
CONFISSÕES DE UM GAY - Cap. 20
CONFISSÕES DE UM GAY - Cap. 19
CONFISSÕES DE UM GAY - Cap. 18
CONFISSÕES DE UM GAY - Cap. 17
CONFISSÕES DE UM GAY - Cap. 16
O BELO TRASEIRO
CONFISSÕES DE UM GAY - Cap. 15
CONFISSÕES DE UM GAY - Cap. 14
CONFISSÕES DE UM GAY - Cap. 13
CONFISSÕES DE UM GAY - Cap. 12
CONFISSÕES DE UM GAY - Cap. 11
A MUSA DE MEUS DEVANEIOS |