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Erotico-->A UNIVERSITÁRIA - CAP. 09 -- 06/02/2018 - 21:40 (Edmar Guedes Corrêa****) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
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IX

Confesso ter passado o dia todo num dilema: sair ou não com Andréa. Por várias vezes questionei-me se realmente valia a pena arriscar tanto para levar uma jovem duas ou três vezes para cama; aliás, duas jovens já que para sair com Virgínia teria de sair também com Andréa. Embora a maioria dos homens não são capazes de avaliar adequadamente os riscos de um envolvimento como esse, eu sabia perfeitamente aonde estava me metendo. Sair com uma garota uma ou duas vezes era uma coisa, mas sair com duas sabe-se lá quantas vezes era outra completamente diferente. As chances de algo dar errado era muito maior. E eu não estava só pensando em minha mulher. Talvez o problema nem fosse tanto Mathilde mas Virgínia. Por mais que Andréa não fosse uma amiga íntima, as duas estudavam na mesma sala e estavam juntas por mais de três horas cinco dias por semana. E por mais esperta que Andréa fosse, mais cedo ou mais tarde acabaria se descuidando e deixando a outra descobrir que ela andava saindo comigo. E isso poria fim a qualquer chance de seduzi-la. E mesmo que Andréa não deixasse escapar nada, ainda sim Virgínia poderia nos ver juntos e deduzir que tínhamos um caso. Por que não? Não era ela quem andava me elogiando para a amiga? Pois não seria difícil para Virgínia juntar as peças e tirar as suas próprias conclusões.
Tudo isso me passou pela cabeça ao longo do dia. No caminho da faculdade porém cheguei a conclusão de que não tinha muito a perder, portando deveria arriscar. Mathilde não descobriria nada. E mesmo que viesse a saber de alguma coisa, provavelmente, depois de todos esses anos presa a este casamento, não faria um escândalo e nem pediria o divórcio (eu saberia inventar uma boa desculpa). O problema era Andréa. Mas se Virgínia viesse a saber sobre eu e a amiga e me descartasse (o que provavelmente aconteceria), pelo menos eu teria fodido uma boceta diferente (aliás, dificilmente eu teria oportunidade de transar com uma jovem tão jeitosa quanto Andréa.), uma boceta que realmente valia a pena. Na verdade, se não fosse meu interesse por Virgínia, certamente me consideraria o homem mais feliz do mundo por ter Andréa. Eu tinha de arriscar, não havia outro jeito. Se não arriscasse, provavelmente não conseguiria seduzir aquela jovem e ela estaria perdida de qualquer jeito. Pelo menos ao arriscar eu teria alguma chance.
Como Andréa havia me dito no dia anterior, percebi uma mudança e Virgínia. Talvez tenha sido uma feliz coincidência, embora coincidências são difíceis de acontecer; muitas vezes estas são, na verdade, provocadas de forma deliberada. A verdade porém é que Virgínia apareceu com um visual diferente. Não que houvesse uma mudança drástica, como se ela passasse por uma transformação, nada disso. Ela apenas se vestira melhor, penteara o cabelo de outra forma (provavelmente tenha ido ao salão de beleza) e usara um batom mais chamativo, dir-se-ia mais sexy. Não que ela tenha se produzido para mim. Ela não teve essa intenção. O que pode ter mudado seu comportamento foram meus elogios. Ao ser elogiada, isso fez com que aumentasse sua autoestima e lhe despertado a vontade de se parecer mais interessante. É muito comum as mulheres que não são elogiadas se sentirem invisíveis e descuidarem com a própria beleza.
Embora me foi difícil conter o desejo de cortejá-la, não pude deixar de elogiar-lhe a mudança. Imediatamente ela agradeceu com um sorriso, como quem experimenta uma grande satisfação. Andréa me olhou e fez um sinal de positivo. Estávamos na cantina, no intervalo. Assim como no dia anterior, convidara ambas comer alguma coisa, oferecendo-me para pagar a conta.
Não chegamos a trocar muitas informações, pois a todo momento ela queria falar de suas impressões acerca dos primeiros dias ali. Eu não a interrompia e nem mudava de assunto, pois era preciso agradá-la e mostrar interesse, dando lhe a impressão de que aquela conversa era interessante. Andréa também não deixou por menos. Afinal aquelas impressões também lhe agradava, já que compartilha muitas delas. Contudo, num momento ou outro, quando se fazia um silêncio, não deixei de soltar uma perguntinha aqui, outra ali, mas sempre sem demonstrar muito interesse.
Muito do que ela contou, eu já sabia através de Andréa. No entanto, acabei descobrindo que o seu verdadeiro interesse por Letras vinha da sua paixão pelos livros (isso não demoveu a minha opinião de que mesmo assim havia o dedo do tio). Confessou que tinha o costume de pegar livros emprestados na biblioteca pública e ficar na cama até altas horas lendo. Não cheguei a lhe perguntar quais obras ela lera, porque, ao afirmar sua preferência por autores alemães, indaguei-a qual era o seu autor preferido.
-- Gosto muito de Thomas Mann, Remarque, Günter Grass, mas adoro mesmo é Johannes Mario Simmel. Adoro os livros dele. Não li todos ainda. Só uns sete, mas sou apaixonada por suas histórias – disse ela com jovialidade, denotando imenso prazer no assunto.
Embora eu tenha lido um grande número de livros ao longo da vida e conhecesse Mann, Remarque e Grass, confesso não me lembrar de Simmel. “Por que será que ela gosta tanto dele? O que tem nos seus livros? Preciso pesquisar. Isso pode me muito útil”, lembro-me de pensar. Cheguei a abrir a boca para perguntá-la os títulos de alguns de seus livros, mas Andréa antecipou-se e perguntou:
-- Você tem muitos livros na sua biblioteca?
-- Não. Não chega a vinte. Gostaria de ter mais. Mas não tenho dinheiro para comprar – respondeu um tanto tímida.
Súbito, ocorreu-me: “Bom saber disso! Vou lhe comprar alguns. Isso vai me ajudar a cair nas graças dela”.
-- Não tenho muito também. Talvez uma dezena a mais do que você – falei. Não que eu estivesse mentindo, mas certamente tinha bem mais do que ela. Minha biblioteca chegava a cem volumes. Contudo, menti para não constrangê-la ainda mais. Aliás, vi na pergunta de Andréa um que de alfinetada, como se quisesse mostrar superioridade.
-- E você, tem muitos? – peguntou ela para a amiga.
-- Uns mil e poucos.
-- Tudo isso! – exclamou Virgínia, surpresa. Aliás, até eu me surpreendi. Andréa não me parecia o tipo de pessoa que gostasse de ler ou fizesse da leitura um de seus passatempos favoritos. Na verdade, apesar de nossas conversas, ainda não havia me dito nada acerca do prazer da leitura, embora a maioria daqueles que optam pelo curso de letras tem uma relação de amor e carinhos com os livros.
-- Até que não tenho tanto. Meu pai tem uma biblioteca na casa dele com uns cinco mil livros ou mais, alguns muito raros. É uma biblioteca enorme. São várias estantes. É o orgulho dele. Faz questão de mostrar para todo mundo que vai na casa dele.
-- Nossa! Quantos livros. Quem me dera ter um décimo disso – asseverou Virgínia.
-- Nossa! Deve ser uma biblioteca invejável – acrescentei.
Nisso, o sinal tocou.
-- Mas já? Poxa vida. O papo estava tão agradável – falei.
-- Podemos continuá-lo na segunda-feira – afirmou Andréa, dando-me uma piscadela, quando meus olhos encontraram os dela.
-- Gostaria muito. É um assunto que me agrada – afirmei.
Subimos as escadas juntos. Porém até o primeiro andar. Nos despedimos com três beijinhos: primeiro nela, depois em Andréa, a qual agiu como se não fosse me ver mais naquela noite. Quando elas se afastaram, virei as costas e continuei a subida. Antes porém de alcançar a minha sala, a qual ficava no fim do corredor, ouvi a voz de Andréa. Ela vinha correndo em minha direção.
-- Espera aí.
-- O que foi? – perguntei.
-- Você não esqueceu do nosso compromisso de hoje não, né?
-- Não, claro que não – respondi, pensando em seguida: “Pensei que ela tinha desistido. Mas sexy do jeito que está vai valer a pena. No fundo é um mulherão gostoso pra caralho. E nada como foder uma boceta nova”.
-- Que tal a gente sair na penúltima aula? Assim temos mais tempo – sugeriu.
-- Por mim tudo bem. Hoje é sexta-feira e as três últimas aulas são de História da América. Não tem problema perder uma. Depois pego com o pessoal. – Estávamos aprendendo acerca dos povos pré-colombianos, mais precisamente sobre os Maias. Embora tratasse de uma civilização interessante, os Astecas me despertavam mais interesse. Por isso não vi muito problema em perder aquela aula.
Ela se despediu com um “te espero no estacionamento”, virou as costas e segui apressada em direção às escadas. Não sei se voltou à sala de aula e nem que desculpa dera pra Virgínia para deixá-la. Não me ocorreu de perguntá-la naquela noite e depois não me lembrei mais.
Quando saí, avistei-a encostada no meu carro, com um ar de impaciência.
-- Isso tudo é vontade? – perguntei, ao me aproximar.
-- Se te agrada saber: é sim. Tô morrendo de tesão – deixou ela escapar. -- E se a gente não sair logo daqui, dou pra você aqui mesmo.
Abri o carro e entramos.
-- Isso que é vontade. Nunca vi uma mulher assim – falei, ao dar partida.
-- Pois sente só como estou – pegou a minha mão e como já tinha feito antes a levou até a vulva, para que eu a sentisse úmida. – Sente só, como ela está ardendo.
-- Aíiii – puxei a mão, como quem toca em algo que provoca intensa dor.
-- O que foi? – perguntou, surpresa.
Rindo, exclamei: – até queimou o meu dedo.
-- Idiota – exclamou.
Fomos a outro motel. Não que eu não tenha gostado do anterior, só não queria arriscar. É sabido que a maioria das pessoas raramente se lembra de alguém que viu uma única vez, e mesmo quando se lembra, não é capaz de descrevê-la detalhadamente, mas se a viu mais de uma vez a coisa muda de figura: o reconhecimento é imediato, pois a voz, os gestos, o olhar, tudo contribui. Assim, como eu não queria ser lembrado (pelo menos na companhia de Andréa), não deveria retornar tão cedo àquele motel.
-- Isso explica porque sua mulher nunca descobriu. Você é muito precavido – disse ela, quando lhe expliquei porque optara por outro motel. – Até parece que você está cometendo um grande crime.
-- Viu aquele rapaz na portaria?
-- Não reparei não. Por quê – indagou.
-- Ele ficou te observando. Talvez achando que você fosse uma garota de programa. Afinal, tenho idade para ser seu pai. Então. Da próxima vez, caso ele esteja ali, vai nos reconhecer num piscar de olhos. E não só isso: vai se lembrar da data e até o penteado e da roupa que você usava. A nossa diferença de idade, embora sejamos dois adultos, chama a atenção. Ainda mais por você ser uma mulher bonita, sexy que deveria estar na companhia de um rapaz. Mas se não aparecermos por aqui mais, provavelmente se esquecerá da gente em poucos dias. E mesmo que não se esqueça, muito de nossos traços já terão se perdido. Caso seja preciso, vai apenas se lembrar de que eu era um homem de meia idade com uma jovem. Não vai ter cem por cento de certeza de que realmente éramos eu e você.
Ela concordou. Por outro lado, indagou:
-- Mas por que toda essa precaução?
-- Nunca sabemos o dia de amanhã. O futuro é um mar de possibilidades. E precaução nunca é demais – respondi, estacionando o carro e pressionando o interruptor para fechar a porta automática da garagem.
Subimos.
O quarto não era dos melhores, mas quem se importava com isso? Só passaríamos uma hora e meia ali, nada mais. E de mais a mais, não estava disposto a gastar muito com ela, preferindo deixar as melhores suítes para Virgínia. Ainda sim havia uma banheira de hidromassagem, a qual comportava tranquilamente nós dois.
Andréa não fez cerimônia. Começou a se despir assim que entrou. Tive de lhe pedir para não fazê-lo, recorrendo ao velho ditado de que a pressa é inimiga da perfeição.
-- Mas eu estou morrendo de vontade.
-- Não se preocupe. Vontade não mata, só faz a coisa ficar mais gostosa e dar mais prazer. Sou eu quem vai te despir, tirar toda a sua roupa.
Não vou entrar em detalhes de como a desnudei. Deixo apenas registrado tê-la despido lentamente, peça por peça, começando pela sandália, em seguida pelo vestido, retirando-lhe lentamente o sutiã e finalmente a calcinha, a qual desceu-lhe pelas pernas como num ritual, o qual começara com os dentes e acabou com os pés. Sim. Foram meus pés quem acabou por tirá-la; minhas mãos estavam ocupadas com outra coisa: uma a lhe apertar o seio e o mamilo; a outra a lhe deslizar na vulva, pressionando o clitóris para que este ganhasse volume e deixasse o esconderijo.
Ela quis me despi, mas não a deixei. Exigi que continuasse deitada, totalmente compenetrada. Talvez se dispuséssemos de mais tempo até valeria a pena, mas se ela o fizesse, perderia a concentração e eu teria de iniciar aquele processo de novo. Quando, após algumas carícias, queremos dar prazer a um parceiro e este entra em profundo estado de absorção, não devemos jamais tirá-lo desse estado; negamos-lhe o melhor: a intensidade.
Embora tenha lhe mergulhado os quadris no meio das pernas e a penetrado pouco depois, o falo não permaneceu ali por mais do que alguns segundos. Não por receio de não resistir e chegar ao orgasmo, como muitas vezes acontece quando se está extremamente excitado, mas para lhe criar uma pequena frustração seguida de um novo prazer ao tornar a penetrá-lo. Apesar de não ser todas as mulheres que apreciam e sintam um imenso deleite com esse tipo de gesto (algumas veem nisso uma espécie de tortura, o que tira-lhe o prazer), muitas chegam ao gozo justamente por causa dessa combinação de sensações. Eu não sabia a que tipo Andréa fazia parte, por isso quis descobrir, já que não há como saber de antemão. E nem o fato dela ter fome de sexo indica que ela apreciasse esse tipo de coisa.
De fato foi o que aconteceu. Ela até demonstrou sentir muito prazer no comecinho, mas depois, agarrando-me fortemente e lentando os quadris para que o falo não lhe escapasse, declarou:
-- Se você tirar ele de novo, te dou um soco. Não faça mais isso.
Não a torturei mais. Apenas passei a socar-lhe os quadris, penetrando-a com violência, para que tivesse o seu gozo. Retardá-lo só a faria sofrer. E enquanto fazia isso, não pude deixar de dizer-lhe:
-- Toma, vadia! Se é isso que você quer, aguenta! Vou te arregaçar, cadela.
Não preciso dizer que essas palavras, como uma porção mágica, levou-a a se contorcer como uma epilética e gritar (descobri ali na segunda vez que ela gostava de gritar quando gozava):
-- Isso! Mais, mais… Com mais força. Mais...
Foi inevitável não pensar: “Até nisso é exagerada! É isso que ela gosta: de selvageria.”
Não que eu tivesse certeza dessa descoberta, contudo isso explicava muita coisa, como o fato dela alegar que tinha dificuldade em chegar ao orgasmo com rapazes. Talvez, o problema não fosse a inexperiência, mas o receio desses jovens em ser brutos e demonstrar violência, temendo não só machucar a parceira como serem acusados de violentos, quando na verdade esse tipo de violência não tem relação com a personalidade violenta de uma pessoa. Mas se fosse isso mesmo, se realmente ela gostasse desse tipo de sexo, eu poderia usar isso a meu favor. Afinal, tratava-se de um ponto fraco dela. E são justamente de nossas fraquezas que na mais das vezes sucumbimos. “Ah, mas preciso tirar a prova”, pensei, com um largo sorriso estampado nos lábios, como quem faz uma grande descoberta capaz de mudar-lhe completamente a vida.
Apesar de todos aqueles espasmos, os quais se confundia com seus gritos, não me deixei levar. Seguirei o meu gozo, embora não tenha sido fácil. Não o desperdiçaria à toa. Usá-lo-ia para ir como arma, para tornar a possuí-la selvagemente, coisa que talvez não fizesse (ou não fizesse com a mesma vontade e intensidade) caso houvesse gozado.
-- Vira de costas – pedi, depois de alguns segundos, quando ela começou a se refazer daquele primeiro orgasmo. Levantei e tombei para o lado.
-- Você não tá pensando…
-- Não. Não vou comer teu cu; pelo menos não por enquanto – interrompi. -- Só quero trepar nesse traseiro gostoso e dar aquela gozada – menti. Embora não lhe fosse penetrar analmente, minha intenção não era só o meu prazer; queria levá-la a outro, usando um pouco de violência.
Obedeceu sem demonstrar receio. Parecia confiar plenamente em mim. Digo isso porque, esta é justamente uma das posições onde a mulher fica mais a mercê do parceiro. Deitado sobre as costas dela, ela fica com braços e pernas praticamente imobilizados; aí ele tem a tem em suas mãos e, se souber segurá-la, não há nada que ela possa fazer para impedi-lo de dominá-la completamente e fazer o que bem entender.
Deitei-lhe sobre, passando uma mão por baixo do pescoço e a outra entre a cama e o dorso dela, bem na direção do quadril, para que o dedo médio lhe alcançasse a vulva e mergulhasse nos grandes lábios, em busca do clitóris. Apesar do gozo, ela continuava excitada, e um puco de carícias nele certamente a faria a chegar a outro e talvez a mais outro orgasmo, já que nesse ponto as mulheres são mais privilegiadas que nós, homens; não podemos ter tantos seguidos; é preciso um intervalo entre um e outro, mesmo que pequeno.
Penetrei-a lentamente. Admito ter experimentado um prazer a muito esquecido ao sentir os quadris pressionar aquelas belas nádegas. E este ainda foi mais intenso quando fechei-lhe a mão no seio, apertando com certa pressão o mamilo. Andréa apenas deixou escapar um suspiro, o que me fez pressionar o dedo da outra mão e movê-lo para frente e para trás sobre clitóris. Outro, suspiro, dessa vez mais intenso; aliás, foi quase um gritinho, o que me levou a pensar: “tô no caminho certo”.
Comecei um movimento lento de subir e descer sobre aquelas nádegas, aos poucos porém estes foram ganhando agilidade e força.
Súbito, ouvi-a implorar:
-- Isso! Mais… Não pare… Ah, meu deus… Força, mais…
O que se passou no minuto seguinte é um tanto confuso e não consigo me recordar com exatidão. Não que eu não me recorde de nada, mas não sou capaz de descrever o que de fato se passou, sem ter de inventar muita coisa. Lembro-me de ouvir o som bastante alto produzido pelo choque do meu corpo naquele traseiro; lembro-me também de puxar-lhe os cabelos, chamando-a dos mais variados nomes, embora não me recordo de como minha mão deixou-lhe o seio para chegar aos cabelos; recordo de olhar para frente e ver-lhe o rosto refletido no espelho, um rosto no mais completo êxtase; e, por fim, recordo dos gritos dela, os quais me levaram a um orgasmo ímpar, cuja intensidade me deixou completamente sem forças. No mais, o resto não ficou registrado na minha memória. Aliás, no estado de completo abandono em que me encontrava, muito provavelmente não houve como registrar muita coisa, o que é perfeitamente normal; instantes antes e durante o orgasmo, estamos tão compenetrados em nós mesmos que recordamos do que nos ocorre, mas o que se passa a nossa volta é densamente comprometido.
Pouco depois, quando ainda jazia sobre ela, exclamei com meus botões: “É isso mesmo! É esse tipo de sexo que ela gosta. Vai ver que o tiozinho gostava desse tipo de coisa e ela só sente prazer fazendo do mesmo jeito. Foi assim que ela experimentou. Isso acontece muito. Ainda vou descobrir. Com jeitinho ainda vou arrancar essa história dela...”
-- Que loucura tudo isso! Nunca tinha gozado dessa forma – deixou ela escapar minutos depois, sentada ao meu lado na banheira.
-- Deixa de conversa fiada. Tá falando isso só pra me encabular. Não é?
-- Não. É sério!
-- Aposto que você já teve tantos quanto esse – falei. – Inclusive com aquele seu tio. Como era mesmo o nome dele?
-- Albert – respondeu. Ela já com a cabeça tombada para trás e os olhos fixos em mim.
-- Ah, não sei! Claro que eu sentia. Principalmente depois de que perdi a vergonha, mas não acho que era tão intenso assim.
-- Mas ele gostava de fazer o básico ou te pegava diferente, assim como fizemos hoje?
-- Não. Ele não ia tão longe.
-- Não mesmo? -- insisti: “Aposto como quase chegava perto”, pensei.
Ela não respondeu. Apenas deixou escapar outro sorriso.
Estava pronto para insistir mais quando ela mudou de assunto.
-- Tenho um presente para você?
-- Presente? Que presente? – inquiri, surpreso, pensando que talvez estivesse armando uma pra cima de mim.
Ela fez uma cara séria, como se não fosse coisa boa; em seguida porém abriu um sorriso, um belo sorriso para dizer a verdade; desses que a gente só vê nas pessoas poderosas, que tem o controle da situação.
-- O telefone dela. Não só isso: Ela me adicionou no Facebook e no Wath’s up.
Quase dei um pulo da banheira, tamanha a alegria. Por alguns instantes, eu me vi entre seus amigos, em sua página, e conversando com ela no Wath’s up. Embora eu não fosse de usar a rede social com frequência, mantinha minha página (até postava alguma coisa de vez em quando) por causa da família e de uns poucos amigos; afinal todos tinha o seu “Face”. Quanto ao What’s Up, este eu usava com mais frequência principalmente por causa dos filhos, já que os jovens hoje em dia preferem trocar mensagens a fazer uma ligação; muitos até esquecem que o telefone faz ligação.
Infelizmente, minha felicidade durou alguns segundos
-- Mas você não vai adicioná-la – afirmou Andréa.
-- Por quê?
-- Porque ela vai saber que fui eu quem tem passou e você ainda não tem intimidade suficiente para tá falando com ela no What’s up. Espere ela te dar. Na hora certa ela vai fazer isso.
Concordei. Por que motivo haveríamos de ter o What’s up um do outro. De fato não havia. Mas discordei quanto ao Facebook. Mutias pessoas adicionam estranhos, pessoas que não conhecem, apenas por ter enviado uma solicitação. Diferentemente do What’s up, que exige uma relação mais próxima entre as pessoas, o Facebook é público, mais abrangente e menos íntimo.
-- Você é um homem casado. Sua família posta as coisas nele e ela vai ver. Isso vai interferir. Ela vai ver que vocês são uma família feliz; ou parece ser, pelo menos. E não vai querer se envolver contido de jeito nenhum. Pode procurar saber: é raríssimo os casos de uma pessoa casa se envolver com um amigo do Facebook.. A não ser que este tenha começado antes.
Mais uma vez ela tinha razão.
-- Mas quando você quiser dar uma olhada, eu deixo através do meu perfil. Ela nunca vai desconfiar.
Aceitei. Era o mais sensato.
Trocamos algumas impressões acerca de Virgínia. Por fim, Andréa, como já tinha feito uma vez, disse que a amiga uma pessoa carente e ingênua, afirmando tratar-se de “uma presa fácil”.
A hora estava passando e já não tínhamos mais nada a fazer ali. Sugeri pedir a conta e voltarmos. Ela concordou.
-- Estou saciada por hoje – deixou escapar ao se levantar e deixar a banheira.
Ainda sentado, olhei para ela. “É gostosa a danada! E um mulherão de dar inveja. Que homem não gostaria de pôr o cabresto numa fêmea dessas! Até eu, se não fosse casado. Por isso tenho de tomar cuidado. Não posso me deixar levar. Não controlamos nossos sentimentos...”


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