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Erotico-->6. JOSINEIDA -- 24/07/2002 - 06:20 (wladimir olivier) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

Josineida, lá do etéreo, buscava comandar as atividades do marido relativas aos compromissos pré-reencarnacionistas para com a vida espiritual.

Tendo chegado cedo ao retiro de amor em que deveria aguardá-lo, temeu pelo desempenho dele na Terra, uma vez que não lhe fora dado o poder de deixá-lo trabalhando em prol dos semelhantes, dentro do lar espírita que freqüentara. Bolou, esperta, a maneira de aproximá-lo através das cartas e, reclusa no ambiente que lhe fora destinado pelos socorristas, ansiava pela hora em que deveria fiscalizar pessoalmente as atividades do esposo.

Quando saiu dos aposentos, teve a sensação de que passara ali uma semana, tempo que considerava demasiado longo para a finalidade de sua vida, qual seja, a do encaminhamento do marido. Saiu sem as ânsias com que entrou, mas, mesmo acalmada e serena, sentia forte empuxo para arremeter-se ao trabalho.

Entretanto, destinavam-lhe os instrutores outras tarefas mais imediatas e importantes. Por meio de influenciação magnética, foi-lhe passada a intuição de que não deveria, de pronto, aproximar-se dos entes deixados na crosta. Foi aí que teve a noção de que o tempo medido pelos ponteiros da Terra não fora tão pouco, mas de cinco longos anos. Acalmada pela severidade da postura dos instrutores, percebeu que algo devia ter ocorrido que não fora bem interpretado, ou da parte dela, ou da dos amigos orientadores.

Dominada por força imponderável, submeteu-se ardente ao estudo dos acontecimentos que lhe desfilavam perante os olhos, em tela de vídeo luminosa e pura. Viu-se a si mesma nos últimos tempos da vida, quando de posse do conhecimento da moléstia que a reconduziria para o etéreo. Notou que o marido ia sendo deixado para trás em sua ânsia de perfeição, sem que por ele tivesse feito qualquer coisa, no âmbito dos conhecimentos espiríticos. Descobriu que tivera inúmeras oportunidades para falar-lhe a respeito dos serviços no centro espírita, mas aquele mundo particular parecia-lhe não condizente com a figura astuciosa e meio cínica do companheiro. Mas chegou o dia da revelação de que ela cumprira, em grande parte, a missão de ajuda e acompanhamento de inúmeras pessoas necessitadas de amparo, nos dois planos da realidade. Percebeu o anel das amizades e a pulseira dos atendimentos e sentiu, finalmente, que excluíra de sua vida moral a figura do amado esposo. Servira-se dele para tudo que se relacionava com a materialidade da existência corpórea.; deixara-o relegado à densidade grosseira, sem levar-lhe sequer pequena obra de preces. Viu que se enganava, porque o livro ela lhe dera ao ingresso na instituição, o famoso Centro Espírita do Amor Divino, que a empolgou, arrebatando-a espiritualmente da convivência familiar. Criara laços de profunda amizade e parecia-lhe ter formulado outra família, sendo a figura do Sr. Virgílio a presença paterna que lhe faltara desde cedo na vida. Os demais eram irmãos queridos ou filhos idolatrados, a quem orientava no conhecimento da doutrina. À vista da partida, açodou-se-lhe o ardor e imaginou o meio de deixar plantada a sementinha que faria desenvolver como espírito.

Toda essa introjeção se dava à vista dos acontecimentos e de tal modo a absorveu que não percebeu estar o tempo a correr célere para o marido.

Com o conhecimento das providências, no sentido de tomar consciência dos atos que praticara intuitivamente, Josineida surpreendeu-se a elaborar plano demasiado ambicioso, que envolveria contingente imenso de amigos da espiritualidade. Mas houve algo muito mais poderoso a injetar-lhe na mente preocupações bem definidas. Tudo houvera recebido diretamente de seres que se sentiam credores dela e do marido em outros encarnes e até mesmo naquele. Havia até certo espírito vagabundo da erraticidade que, claramente, obsidiava o Sr. Virgílio e que resolveu interferir nas decisões daquela que poderia transtornar cada uma das personagens mais importantes de sua vida. Foi assim que recebera diversas mensagens particulares, que lhe descreviam as vidas pregressas como de dor e sofrimento. As maldosas entidades burlaram a vigilância dos protetores, ao incentivarem a vaidade própria de sua feminilidade, por se sentir intimamente superior aos machos da espécie. Não contavam, evidentemente, com as providências posteriores dos guias, que eram em bem maior número e muito poderosos.

Quando Josineida percebeu que suas atividades tinham tido péssima inspiração, rogou aos superiores que a liberassem para o encontro do marido e para a advertência de que estaria arriscando-se ao engodo da valorização superior da pessoa da esposa e aos conseqüentes atos de desatino, cujas conseqüências danosas não poderia ela mesma imaginar, mas que dariam a ele muita dor de cabeça e sofrimento.

Nesse ponto das cogitações, percebeu que completava o décimo aniversário da despedida da carne pelos padrões humanos. Não era, evidentemente, tarda de raciocínio, pois dominava os temas com extrema sagacidade. A compreensão, no entanto, dos desvios de rota, dentro da diretriz traçada para o encarne, era como que a réplica consignada no cumprimento da lei de causa e efeito, era como que a penalidade a ser cumprida pelas falhas cometidas, era como que a punição pelo desleixo. Ainda bem que “pagava” os débitos sob a amorável assistência dos guias...

Ao retornar ao mundo da realidade fluente, chegou confiante em que os maiores tinham tomado todas as providências necessárias para o resguardo dos amigos dos males que suas atitudes inconseqüentes poderiam ter-lhes causado. Foi quando recebeu a incumbência de sustentação fluídica, para manutenção em vida densa daquele que sofrera violento abalo com a revelação de que Nepomuceno o tinha ido procurar.

Após a feliz intervenção do grupo que ela buscou entre encarnados e desencarnados que sabia em condições de realização de tarefa magnética de tal amplitude, foi levada à presença do esposo, para compenetrar-se do resultado dos trabalhos realizados, tendo em vista auxiliá-lo a bem rapidamente compreender certos mecanismos da espiritualidade e certas necessidades cármicas dos mortais. Admirou-se sobremodo da sensação que o marido absorvera do sentido mais puro do espiritismo e da facilidade de assimilação de determinados conceitos absolutamente incompreensíveis para quem jamais se dedicara a qualquer estudo de caráter esotérico. Pela primeira vez, entrou em contacto com ele na noite que antecedia a ida à casa de Virgílio, tendo tido notícia do encontro de ambos no hospital por meio dos superiores.

Estranhou que Nepomuceno demonstrasse ter a idéia de contactos anteriores com ela, mas foi esclarecida de que suas vibrações de amor conseguiram ser filtradas até ele e que, por diversas ocasiões, espíritos amigos se haviam feito passar por sua pessoa, para o efeito da impressão que melhor poder de sugestionabilidade tivesse sobre a mente do esposo, no intuito de protegê-lo de falsos conceitos que o levariam a desvarios alucinatórios.

Nada fizera Nepomuceno para merecer tão elevado grau de proteção. Ao contrário, muitos procedimentos de sua vida o comprometiam seriamente diante da possibilidade de evolução rumo ao bem eterno. No entanto, o amor que lhe dedicava a esposa, a correspondência dele em suavidade e a compreensão pela partida dela tão cedo, sem lamentações ou revoltas profundas, mas através de refletida sensação de perda, configurada exteriormente pela profunda tristeza que o deixara incapaz de prosseguir no trabalho com o mesmo empenho e que o tornara pessoa incômoda aos filhos, propiciavam-lhe o amparo da espiritualidade, no sentido de lhe fornecer recursos para o cumprimento, tardio, é verdade, mas efetivo, de alguns tópicos contratuais de seu planejamento de vida.

Josineida agradeceu comovida o labor assistencial dos amigos, o que demonstrava quão grande é a misericórdia de Deus. Era seu primeiro e real estremecimento diante da bondade divina.

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