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Erotico-->36. O ETÉREO SE AGITA -- 07/10/2002 - 11:56 (wladimir olivier) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

Dráusio não teve oportunidade de presenciar o corre-corre de Baltazar. Sabia das tribulações armadas pelo fiscal do Governo e confiou em que se desse assistência a ele através dos protetores familiares e dos espíritos que trabalhavam no Centro Espírita. Preferiu ficar com Isabel, para desvendar o mistério dos endinheirados do Rio de Janeiro. Por isso, quando Baltazar pediu socorro, insistiu para que se lembrasse de chamar a amiga Sandra, porquanto, de princípio, rejeitava ela a idéia, não querendo valorizar tanto assim a participação da moça nos seus quefazeres. O que a persuadiu a aceitar a sugestão do outro plano foi o medo de vir a perder tudo, ao ter de declarar a origem dos bens. Imaginou certo que teriam força para resguardarem as pessoas em quem tanto haviam investido.

Ao mesmo tempo em que Isabel entrava em contato com Sandra, Dráusio buscou José, para ver se conseguiam desvendar o mistério. Não foi difícil de estabelecer a ligação, dado que a freqüência em que transmitia estava desobstruída para as eventualidades socorristas, ainda mais porque tinha tido tempo de prevenir o mentor para a possibilidade da emergência.

Entretanto, a única pista que lograram obter foi um número telefônico, uma vez que a recadista somente podia comunicar-se por esse meio. E tudo foi absolutamente rápido, porque os protetores encarnados desligaram, assim que o recado foi passado.

Alfredo havia sido colocado de sobreaviso, para o caso de pesquisas de campo, mas ficou esperando inutilmente o aviso de José.

Quando Dráusio venceu as resistências magnéticas para penetrar na Delegacia, a fim de interceptar a comunicação com o policial, já era tarde demais. Havia desligado.



Naquela noite, enquanto Baltazar e Isabel analisavam o susto por que haviam passado, José chamou os dois discípulos para uma conversinha.

Estavam saudosos das tertúlias a que se acostumaram, mas, primeiro, deveriam atender ao apelo superior.

José foi direto ao ponto:

— Penso que descobri um movimento espiritual de ordem inferior em nossas atividades investigantes. Essa de ficarmos tão curiosos em saber quem são os financiadores dos bens de Isabel não está produzindo nenhum projeto plausível de assistência e orientação. Com o passar do tempo, tudo se sabe, a partir desta esfera, porque não há como Isabel não voltar a se encontrar com essas pessoas. Afinal de contas, não lhe devem estar financiando os negócios, sem que venham a cobrar mais tarde, vivos ou mortos. Um dia, chegaremos a eles e poderemos deduzir quais os objetivos que têm em mente, para propiciar-lhes os recursos fluídicos de que estiverem necessitados. Por outro lado, não há quem não tenha, pelo menos, um protetor para lembrar que as obras é que dimensionam o valor dos seres. Sendo assim, não é de responsabilidade nossa o direcionamento evangélico dessas criaturas. Supondo-se que descubramos que se trata de gente muito atrasada, pervertida quanto aos rumos que deveriam dar às vidas, que poderemos fazer para ajudá-los, sem desampararmos os nossos assistidos? Espero ter sido bastante claro ao expor as preocupações, que raiam pela observação de que o trabalho não está sendo realizado segundo os padrões superiores que norteiam as atividades socorristas na colônia. Não estou, todavia, absolutamente seguro de que seja a realidade exatamente conforme a descrevi. Se tiverem algo a acrescentar, digam.

José sabia que os pupilos estabeleciam as suas palavras como lei. Não desejava fazê-los pensar que estavam sendo inoperantes, apenas um pouquinho imprevidentes quanto às ondas emanadas dos corações, em favor do desenvolvimento das qualidades inerentes ao socorrismo.

Alfredo e Dráusio não precisaram de muito tempo para aquilatarem que José os havia avaliado proficientemente.

Foi Dráusio quem o reconheceu de viva voz:

— Estamos agindo como os maus leitores dos romances. Queremos saber como o enredo vai concluir, sem estabelecer que o roteiro é sempre intrincado jogo de causas e efeitos. Sei que tal postura não se coaduna com o envolvimento sentimental e intelectual em relação aos encarnados, envolvimento necessário para que ajamos movidos pelo amor cristão, cósmico, universal. Estou repetindo as lições como as aprendi na “Escolinha de Evangelização”, quando discursava para os colegas, querendo demonstrar, com grandiloqüência, que a soma dos conhecimentos era satisfatória para passar à lição seguinte. Agora, preciso, com humildade, acatar a orientação do querido mestre, que nos está fornecendo mais do que a sabedoria do professor, mas também a vibração humanitária do benemérito companheiro, que sofre com as escorregadelas dos alunos e amigos.

Alfredo queria participar, mas não encontrava expressões para caracterizar a atitude do Irmão José como especial, como incomum, como quando alguém vai muito além do simples cumprimento do dever. Abriu o coração:

— Irmão José, Jesus há de recompensá-lo pelo muito que tem feito por nós. Deus o abençoe!

— Deus nos abençoe a todos e nos ilumine para podermos decifrar os misteriosos atributos das mentes e corações, porque, sem o conhecimento de nós mesmos, permaneceremos marcando passo neste estágio evolutivo. Ou, o que é muito pior, seremos reconduzidos para a efervescência da vida, despreparados para o enfrentamento das vicissitudes que nós mesmos iremos causar.

Fez um gesto aos dois para que concentrassem os pensamentos para a oração que iria proferir:

— Senhor Jesus, eis-nos a vossos pés para recebermos as sublimes inspirações que nos revelarão os passos seguintes desta caminhada para nossa formação evangélica. Fazei que aprendamos a valorizar os bons pensamentos e a rejeitar as péssimas intuições, aquelas que nos amarrarão a nós mesmos, impedindo-nos de auxiliar os irmãos sob nossa custódia socorrista. Favorecei-nos a entrevista com os assistidos, para que possamos informar-lhes que estão amparados por vosso amor. Somente assim, Senhor, poderemos estabelecer como padrão de conduta a caridade, que nos conduzirá a todos ao Reino de nosso Pai. Assim seja.

José incluiu na prece a inspiração segundo a qual estaria na hora de convocar os encarnados para reunião no etéreo, durante o período de sono, nem que fosse o primeiro acerto de compromissos, os quais não resultariam em outra reminiscência ao acordarem além da lembrança de sonho de paz e conforto, junto a seres estranhos mas cordatos. Interessar-se-iam, posteriormente, por se reencontrarem, predispondo-se favoráveis, no momento de dormir.

— Está na hora desse exercício, porque Isabel e Leandrinho vibram desafogados das pressões de toda a vida. Ambos vão elaborando projetos em que a esperança se constitui no bom alicerce da construção. Para vocês dois, esse treinamento há de ser essencial, porque se me configura que as conferências com Mário e Marlene hão de oferecer problemas bem mais sérios, principalmente no aspecto doutrinário. Já pensaram no dia em que receberem Leandro?

Sabiam os protetores que estava em curso o plano de trabalhos relativo ao seu aprendizado efetivo, junto aos seres em inferiores condições de conhecimentos cármicos. Dráusio quis positivar as reflexões, dando-lhes a devida projeção para o plano das realizações:

— Vamos ter de elaborar cada qual o seu roteiro ou podemos discutir juntos, inclusive com o restante da turma?

— Como acha você preferível?

— Prefiro adquirir mais segurança, cercando a atividade com o máximo possível de informações. Para isso, é indispensável recorrer à experiência dos demais. Não sei se Alfredo concorda comigo.

— Concordo, sim, porque me sinto imaturo para tão grave responsabilidade.

— Então, voltem para junto dos aconselhandos e aguardem o momento azado para a reunião.

— Vamos voltar aos bancos escolares, amigo Dráusio.

— Estava ficando com muita saudade, embora me preocupe o fato de abandonar...

José interveio:

— Saberemos escolher o momento mais propício, além de deixarmos colegas menos adiantados para a vigilância. Ou pensam que será a primeira vez?

Fazia um gesto de censura, como a repreender o excesso de zelo de Dráusio e a carência intelectual de Alfredo. Mas era apenas para mostrar-lhes que tudo estava sob prazeroso controle.

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