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Erotico-->12. A GLÓRIA -- 05/11/2002 - 07:47 (wladimir olivier) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

Cerca de uma hora antes de se iniciar o espetáculo, chegou Prisco ao teatro, dirigindo-se logo para o camarim, com o valete que lhe fora designado. Cláudio era um rapagão solerte e despachado, rápido de raciocínio e conhecedor do ofício. Por isso, não trocaram palavra além do cumprimento de praxe.

Quinze minutos antes de entrar em cena, o violonista deu as instruções para que o rapaz reconhecesse e acompanhasse Janete e a irmã à ribalta. Desempenhada a tarefa a contento, logo Prisco cruzava com elas a caminho do palco, admirando-se da beleza de ambas, em noite de gala.

Postado do meio para o fundo do palco, atrás da cortina, de pé, apoiando-se no violão, logo à frente da cadeira, concentrando-se nas músicas do programa, esperou Prisco que as tradicionais marcações chamassem o público. Logo ouviu o gerente do espetáculo anunciando os artistas, destacando os méritos de ambos, destinando os maiores elogios a Gertrudes, “A Flor da Espanha”.

Assim que os panos se ergueram e um jato de luz atingiu o violonista, o auditório recebeu-o calorosamente. Prisco agradeceu, sentou-se e lançou os primeiros acordes, como a convidar a cantora a se apresentar.

Belíssima em seu trajo de espanhola, o vermelho do tecido adornado por franjas amarelas, todo salpicado de coloridas miçangas, apareceu a dançarina para o primeiro sapateado, sob ardorosa execução de um “paso doble”.

Sucessivamente foram os números de canto, dança e de solo de guitarra sendo executados, durante hora e meia de espetáculo.

A febre musical assomou a mente e o coração dos artistas e contagiou o público aficionado, transbordante de alegria e de sensações carnais da mais legítima euforia.

Prisco excedeu-se, completamente esquecido de todos os dramas pessoais. Tão perfeita a apresentação de ambos que redundaria dali um vídeo e um CD, produzidos com equipamentos de primeira geração. Desta feita ficaria registrada a “performance” inequivocamente superior da dupla, que, pela generosidade de cada um, se congregou para o efetivo êxito de ambos.

Gertrudes fez questão de chamar Prisco várias vezes ao palco durante a ovação de que se viu alvo, sempre crescendo os aplausos à sua presença. Ela mesma retirou da blusa um ramalhete de flores, o próprio símbolo de sua imagem internacional, e lhe entregou comovida, recebendo dele um respeitoso beijo nas mãos, que ele fizera tocar no peito.

A televisão mandara várias equipes de reportagem, todas empenhadíssimas em alcançar entrevistas exclusivas de cada um, fazendo que os cumprimentos dos próprios patrocinadores do evento demorasse mais de hora para acontecer.

Quando Prisco pôde fechar-se no camarim, entre inúmeros buquês e maços de flores, sentou-se exaurido e, pela primeira vez na vida, elevou os pensamentos para cumprimentar as entidades que julgava estar por ali, agradecendo o dom do extraordinário talento.

Cláudio esqueceu-se de quem era e abraçou o novel amigo, chegando às lágrimas.

— Meu rapaz, ajude-me a recompor-me, porque o povo aí fora está desejando consagrar mais de sua afeição à minha muito feliz pessoa.

Foram quinze minutos mais de expectativa, até que se aprumasse para receber os abraços dos presentes, muitos amigos e conhecidos, mas a maioria constituída de gente importante do governo local e do consulado espanhol, não faltando as figuras do embaixador e esposa.

Só com muito custo, Cláudio conseguiu introduzir Janete e a irmã, para os cumprimentos efusivos que se seguiram.

Janete apresentou a linda moça que a acompanhava:

— Esta é Bernardete, minha irmãzinha caçula.

— Muito prazer, querida. Gostou da nossa apresentação?

— Divina! Nunca na minha vida aplaudi com tanta força, a ponto de estarem minhas palmas doendo. Parabéns! Parabéns!

Prisco beijou-a três vezes nas faces, sentindo-lhe o doce aroma de perfume francês, na maciez da pele rosada.

Logo, porém, foi arrebatado dos braços da mocinha pelos fortes braços do empresário. Alfredinho estava simplesmente fora de si. Adivinhava um próspero futuro após a excursão que se iniciaria na manhã seguinte. Por isso, cercou de cuidados as mãos do violonista, envolvendo-as em toalhas úmidas, aquecidas, perfumadas, temeroso das cãibras.

— Vamos cuidar para que nada aconteça que possa prejudicar os próximos “shows”. Estas mãos valem ouro.

Mas Prisco não ficou resguardado mais do que trinta segundos, logo precisando apertar a mão aos que se aproximavam, vindos dos cumprimentos à cantora.

Quando se formou o bando que iria festejar o sucesso da noite, passava da primeira hora da madrugada.

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