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Erotico-->12. AULA NOTURNA -- 10/12/2002 - 07:46 (wladimir olivier) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

Não sei se o instrutor contava com o interesse de cada discípulo, mas a verdade é que os temas faziam circunvoluções em meu cérebro. Após a reunião, o tempo que passei ajudando outra turma no hospital, naqueles mesmos tópicos primários da redação, trazia a mente presa às impressões dolorosas das investigações afetivas.

Ao me recolher, notei que os companheiros de dormitório se faziam acompanhar dos conselheiros. Honorato também lá estava, convocado por mim não só para passar-me esclarecimentos mas também para tranqüilizar-me.

— Meu filho, não tenha pressa.

— Quero desculpar-me por intentar resolver a primeira questão sozinho.

— Você já se desculpou...

— Formalmente, por favor, aceite meu agradecimento pelas lições maravilhosas.

— Demonstrar alegria e reconhecimento é fator preponderante para avançarmos em direção da verdade. Entretanto, tudo devemos ao Pai. Elevemos a ele os pensamentos e façamos uma prece silenciosa.

Foram instantes dulcíssimos, em que meu espírito serenou. Aparentemente, o raio da freqüência religiosa se expandiu, de sorte que os companheiros se concentraram, como a usufruírem a mesma paz.

— Qual é o seu principal problema?

— Pretendo levá-lo comigo, caríssimo mentor, para o período de reflexões, na cabina. Gostaria que examinasse a película das recordações infantis.

— Poderemos analisá-la a qualquer momento, bastando solicitar ao Centro de Documentação, onde se arquivam todos os registros de memória. É inconveniente, porém, que o façamos sob o impacto das emoções. Vamos gastar um tempinho em edificante palestra. Depois, você dormirá, condicionando a mente a que se prepare para a projeção das recordações na câmara de meditações. De manhã, bem cedinho, examinaremos o que tiver acontecido durante o sono. E, depois da sessão íntima, voltaremos a conversar.

— Explique-me a razão de me sentir tão magoado comigo mesmo, pelo tratamento dado aos parentes, quando jamais me preocupei com tais eventos.

— Não saberia expor com propriedade, até que desvendemos todos os segredos dos relacionamentos pregressos, anteriores à última encarnação.

— Tive um sonho...

— Conheço essa passagem. Não se esqueça de que estávamos juntos. No entanto, a nebulosidade das lembranças não nos permitirá separar o que ocorreu na realidade do que possa ter sido mero sonho, construção alegórica que a mente projeta sobre o consciente, para advertência.

— Quando poderemos adquirir certezas?

— Não tenha pressa...

— Desculpe-me!

— Penso que o mais importante seja discutir sobre suas convicções quanto à possibilidade de não ter sido influenciado por seus pais e por sua irmã, no tocante aos hábitos geradores das atividades em contraste com os ensinos de Jesus.

— Ou seja, a minha herança atávica espiritual como formadora do caráter que carreei comigo durante a vida?

— Isso mesmo.

— A sugestão visa a que eu conclua que, mesmo se tivesse sido outro o tratamento recebido, poderia agir exatamente da mesma forma?

— Não precipite as ilações. Responda ao que perguntei, ou seja, se você acredita que, por ter sido preterido afetivamente pelos que amava de maneira infantil, causaram eles prejuízos irreversíveis para sua personalidade.

— Estou tendendo a aceitar exatamente essa tese.

— Vejo que não modificou o pensamento, apesar das discussões com os colegas.

— Perdi-me no emaranhado dos temas. Para falar a verdade, não me integrei, voltado para as novíssimas revelações quanto às falhas morais.

— Do jeito que você está dispondo seu ponto de vista, é como se dissesse que não existe livre-arbítrio, uma vez que a prática da malignidade consignada na consciência por ações improcedentes dos educadores fixa, determina, orienta a personalidade pelo resto da vida. Há que se ter cuidado. Quer recapitular o tópico da cartilha referente ao livre-arbítrio?

— Não é necessário. O principal é saber que cada entidade possui faixa de atuação vinculada ao nível de sua capacidade de ser responsável.

— Perfeito. Vamos raciocinar por absurdo. Pensemos que seus pais receberam, por sua vez, educação e que tudo o que aprenderam aplicaram em relação aos filhos. A última criança, necessariamente, seria a mais querida.; as anteriores, as preteridas. E os pais deles, e eu, quando vivo, e meus pais...

Percebi o “fora” que havia dado.

— Perdoe-me, querido avozinho!

— Perdoar o quê? O desejo de alcançar a verdade? “Fique frio”. Eu é que tenho de considerar sua fragilidade emocional com maior rigor, para não feri-lo com argumentação muito forte. Você observou que, enquanto os temas se agitam tecnicamente, cerebrinamente, não nos provocam desequilíbrios? Contudo, é só percebermos que alguém do relacionamento possa ter sido afetado e logo ficamos eriçados...

— Principalmente, quando o consulente acaba de ser resgatado do cancro suicida...

— Pense no que lhe disse a respeito da sua responsabilidade e da de seus pais. Se é certo que não desempenharam direito as funções que lhes cabiam, não vamos também insinuar que toda a culpa pelos atos de perversidade decorra dessas falhas primitivas. Imagine que tenham recebido inimigo para porem no mundo e educarem. Pode até ter acontecido de que o carinho administrado tenha sido muito superior aos desejos de vindita. Vamos acreditar, sempre, que tudo possa contribuir para o progresso.

— Até o suicídio?

— Até o suicídio! Por que não?!

O tema era por demais complexo e a minha cabeça girava ainda mais, barafustando por meandros desconhecidos.

— Estou sentindo tremenda sonolência, como se tivesse sido sedado.

— Deus o abençoe, querido! Durma bem!

Ainda cheguei a desconfiar de que o protetor me houvesse dado algum “passe” magnético para dormir, mas “apaguei” em seguida.

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