Sou a sombra do inverno...
Sou aquele que te molha
e prepara-te para o outono...
somente rego-te, minha infante planta.
Vou atrás, deVeras em atraso,
bem depois do outono e te antecedo, primavera...
reve-lo teus mistérios e medo
na tempestade viva do verão feminino...
Sou o reflexo no espelho d água
sou o macho maduro que te desbrava
ó embriaga Estação com nome de mulher...
Apago teu fogo no meu precipitar,
talvez no ejacular arrimado dos meus versos,
em chuva de verão...
Sou o antônimo do outono
e o sinônimo do prazer,
aquele louco bem querer,
que de seduz e induz a contar estrelas
mesmo que elas não estejam no céu...
Sou o cinza do céu,
a neve que escreve em cores escuras,
tuas loucas travessuras a céu aberto...
Sou a geada que come e seca folhas,
não sou o Outono, mas também sou homem,
o verme gelado que te consome...
Mas tenho o poder de guardar-te,
congelar tua flor e tua idade,
te fazer voltar à puberdade
e te comer de quatro estações
na mais louca transa rica em variações...
Sou a estação intrometida
que te esfria num canto regado a sangria
quando penetra impunemente
num beijo indecente
mas que faz com que todas queiram rolar
debaixo dos cobertores suando de horrores...
E o resto? Ah, tudo são flores e...
mando-te o sol para o abrir de botões
antes selados como minhas mãos em teus seios,
tudo porque divido-me entre os meses,
entre as diversas fêmeas estações.
confundo-te, pois só me sei ser: Inverno!?