Masturbação de Ulisses ao som das Sereias
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(POESIA DIDÁTICA, QUE PRETENDE
ENSINAR MITOLOGIA GREGA E COMO
OS HERÓIS TAMBÉM SE MASTURBAM)
Ulisses, de volta à Atenas,
não queria sexo fácil
com a mais difícil, Helena...
Tinha tesão por impossíveis,
por indiretos e metáforas:
por isso herói.;
mas muito medo pelo risco,
pelo prejuízo e por sua vida:
por isso burguês...
(e aqui não proponho melhor leitura que a de Adorno e Hockheimer,
pois uso delas, embora não em favor razão deles,
mas do lado negro desta minha poesia)
E o que ele fez:
pediu que o amarrassem
ao mastro da embarcação,
e que todos os subordinados
tapassem com cera seus ouvidos.
Pois o canto das sereias
leva quem o ouve
para onde elas estiverem...
ele: ouvindo sem se mexer.;
eles: mexendo sem ouvir...
Ulisses gritava:
-Me soltem, mudemos a rota!,
Mas os subordinados não o ouviam,
além de não ouvirem o canto das sereias,
óbvio.
Ulisses gozou da arte
sem entrar de cabeça nela,
sem comprometer a sua vida
por aquilo que arte grita.;
Ulisses usou da razão
para não perder um prazer só-seu,
que não podia ser de outros
pois são meros braçais.
Ulisses queria mais, então,
mas a razão não o deixava,
a razão, o necessário, o cabível,
o retorno, o cumprimento da odisséia.
Por isso se atou à razão do mastro,
sem desperdiçar o prazer que seu
lado negro queria lhe dar.
A razão do mastro
tinha não só o hirto do pau duro,
como principalmente a altitude da razão.
Ulisses se masturbou -
sem querer trocadilhos com o mastro hirto,
mas Ulisses se masturbou, literalmente...
Ao canto das sereias,
Ulisses se masturbou,
e o gozo tirou dele
o impulso pela desrazão.;
a razão levou ele a
controlar o seu tesão,
sem perdê-lo...
Sua técnica, sem riscos:
como hoje muitos ulisses
evitam a rota da aids.;
mas também como hoje muitos ulisses
usam de súditos pra remar seus gozos.
ÍNDICE DOS TEXTOS DE GREGORIO K.BARATTA PUBLICADOS NESTE SITE ATÉ 13/01/2003.
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