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Erotico-->18. RENEGADO -- 04/03/2003 - 11:39 (wladimir olivier) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

Sem luz, passei horrores nas mãos dos piores seres, na terrível fase umbrática. O que me acudia à mente, a todo momento, era o princípio da Justiça, a me perseguir em sonhos dantescos, como se se concretizasse a idéia de que falcatruara nas comprovações em que deveria ter sido honesto.

Passada a temporada do agudo sofrimento, ponho-me a meditar sobre a possibilidade de não ter estado nas mãos perversas das figuras demoníacas, mas que sofri alucinações, que resultaram em feridas por todo o corpo espiritual, o chamado perispírito. Penso seriamente em que a mente conturbada criou os fantasmas horrendos, dando-lhes a fisionomia, a aparência e a estatura de pessoas com quem fiquei em débito na Terra.

Dessa forma, fui apedrejado pelos meus próprios filhos, por meus pais e até por pessoas que não voltaram ainda para o etéreo, como meus irmãos, Criseide, meus sobrinhos e outros.

Ora, não posso aceitar que as entidades dulcíssimas se estimulassem para que me considerasse réprobo perante o Universo.

Somente quando cheguei a estas paragens de relativa paz é que me forneceram a hipótese de que nenhum daqueles seres eram, verdadeiramente, os queridos parentes. Disseram-me que se tratava de entidades infelizes, malignas, perniciosas, capazes de se desfazerem das individualidades, para adquirirem as contexturas dos seres a quem eu pedia perdão.

Eram inimigos gratuitos? Essa era a interrogação que me atormentava, porque, perante o Pai, cuja realidade punha em dúvida, não poderiam exercer o papel de executores, desqualificados perante as próprias consciências.

Cheguei a receber a condescendência de me ver perante tribunal ali montado, com juiz, meirinho, promotoria de acusação, advogado de defesa, corpo de jurados e público interessado no desfecho, para aplicação da pena, porque dali, segundo soube depois, ninguém saía inocentando. E assim foi, apesar de ter assumido, a certa altura, a própria defesa e de ter argumentado, inclusive, contra a jurisdição da corte.

Teria conseguido imaginar os debates e a pena cominada?

O que sei, ao certo, é que, um dia, calejado pelas surras monumentais que me infligiam, surpreendi um novato que arreganhava os dentes, conquanto emitisse tristes rajadas vibratórias de que estava sumamente amedrontado. Desvencilhei-me dos perseguidores, por meio que desconhecia e que depois me ofereceu tópicos preciosos para as reflexões, e avancei contra o pobre, desferindo-lhe socos e pontapés, gritando blasfêmias e xingos. Olhava para mim como se me conhecesse e me chamava de António e me pedia perdão e me prometia restituir os bens que me havia surripiado e corria, sem se subtrair do meu alcance, oferecendo-me a compensação de me indicar onde é que escondera certa quantidade de moedas de ouro. Somente consegui parar de agredi-lo, quando seu rosto me pareceu conhecido, sorriso de avô muito querido, entre lágrimas do mais profundo sofrimento.

Ao me colocar na situação dos que me feriam é que compreendi que tudo poderia ser apenas criação da fantasia exaltada, porque desejava compreender a causa de estar sendo executado sem processo e sem direito de defesa, enquanto minha atitude demonstrava que o julgamento se dera na intimidade do coração.

Considerei que toda movimentação física se realizara em função de simulacro que lancei no campo de percepção do sofredor, tendo surrado o indivíduo a distância, pelo efeito de envolvê-lo em meu campo de atuação magnética.

A tese era de que, para cada indivíduo, existe espécie de campo de força, dentro do qual suas atividades são exclusivas. Vamos supor que o corpo humano determine o limite do invólucro e que a pessoa irradie qualquer vibração energética, o que, comumente, se conhece como aura. Pois, para mim, aquele campo não passaria da aura, ou seja, do território em torno capaz de ser influenciado pelos fluidos transformados pelos padrões da personalidade física e moral.

Quando o sujeito adentrou o meu campo, desprotegido, recebeu a descarga que eu emitia, sofrendo a desdita do choque eletromagnético, o qual, para minha mente se constituíra de socos e pontapés, e para a dele, talvez, de surra de açoite ou ferimentos a bala, seja lá o que for.

Sendo assim, admiti que meu socorro se deu apenas no instante em que os benfeitores puderam aproximar-se sem serem repelidos, apesar de portarem aparelhagem capaz de tornar sem efeito o dardejar malévolo. Porém, de que adianta arrastar para dentro das muralhas da colônia seres que não se acalmam? Ao contrário, se os inferiores lograrem penetrar no ambiente sadio, irão receber forte descarga das baterias condensadas das vibrações energéticas da coletividade, uma vez que é justa a proteção dos avanços conseguidos por meio de muito sacrifício e trabalho. Dessa forma, serão devolvidos para o local de onde provieram, com a sobrecarga da impressão de que estão sendo rejeitados pelos que lhes deveriam oferecer a beatífica visão da paz dentro de congregação que irradia benéficos sentimentos de solidariedade.

Aceito, também, a hipótese de que os inimigos se tenham apropriado de meus temores e tenham lançado contra mim as mesmas descargas acima referidas. Essa idéia é tanto mais perigosa quanto tenho conjeturado que os encarnados que vi a me espancarem poderiam fazê-lo sonambulicamente, durante o sono, quando a alma é capaz de perambular pelo etéreo, segundo o padrão específico de cada vibração.

Falarei francamente.

Suspeito de que os gêmeos tenham tido essa facilidade, porque não os admito como companheiros de outras jornadas. Antes, presumo que são os litigantes mais frementes, porque nenhum refrigério obtive deles, através de lágrimas saudosas ou de preces confortadoras.

Sei que minha muralha protetora pode estar causando embaraços para o relacionamento afetivo. Sei, também, que posso ser eu a personagem inferior, tanto tenho rejeitado o pensamento de ir visitá-los.

Ponho-me nas mãos dos mentores para os esclarecimentos necessários, uma vez que não acho, nas leituras memorizadas de Kardec, nada que possa elucidar-me a dúvida.

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