O barulho de gota d’água nos deixa quase hipnotizados,
Num olho a olho volumoso e descomedido, o toque
Ah, sim eu sei, Deus arquitetou o paraíso só pra mim,
Nossos lábios, secos em aljôfar um n’outro dormem
A tragédia lírica ao fechar os olhos num medo resoluto
De que um dos dois se vá sem dizer adeus, sim, o medo
De quando as pálpebras se cansarem da solidão escura abrir-se
E ver, ou não ver o amor, saber que ela partiu mas deixou
A lembrança em estado inativo do seu lábio no meu lábio
O beijo pueril, de uma dama incólume e pernas entrelaçadas
Ah, quanto fazem nesses segundos de beijo, quantos morrem
Ah, quantos nascem, quantos sofrem, nesses segundos de beijo.