Na actual situação este esclarecimento prévio é necessário. Tomo o poema a seguir inserto, de imediato e agora, pelo espontâneo enlevo que me inspira e nem sequer considero a vertente erótica do conteúdo. Tomá-lo-ia em 1990 ou em 2016. Por consequência apraz-me ilustrá-lo e louvá-lo. Está excepcional, meritório e digno de abrir-se à hodiernidade. De resto... Sendo a autora quem é, nesta linha literária, todas as demais delongas são dispensáveis. Por exclusiva devoção à poesia Torre da Guia 
O QUE EU QUERO?!
Quero te agarrar e meu corpo esfregar no teu corpo inteirinho, que é a minha casa. Quero te dar carinho e te deixar em brasa. Quero te morder, te chupar, te lamber, te afagar, te sorver. Quero-te da cabeça aos pés de costas, de frente, de lado, virado e revirado, encolhido, esticado, em meu corpo enroscado. Quero me esfregar nos teus pelos, revolver teus cabelos com mãos desesperadas, nervosas, crispadas. Quero murmurar teu nome, boca com fome em frementes desejos de todos os teus beijos. Depois... depois eu quero te engolir gritar, urrar, gemer, como quem vai morrer... no teu leite me afogar... com meu mel te lambuzar... e, gozando, te sentir gozar!
E quero, em seguida, num lance de sorte, cansada, exaurida, de novo começar: desafiando a morte e esbanjando vida! Olympia Salete Rodrigues |