O Mar, desrespeitoso, cobre-me o corpo,
Como amante cheio de zelos,
Salga-me a pele e os pêlos
Invadindo-me os poros sem permissão.
A branca espuma eriça-me os seios
E como dedos macios, acaricia meus cabelos.
Na fina areia meu corpo estremece
Sob o vaivém da cálida água,
Aquecendo-me a carne e liberando o desejo,
Estende-me nua na orla sob a luz do sol,
Lábios aguardando da espuma o beijo
Que embriaga, expõe meu cerne lascivo,
Liberando do Sol o ciúme que com o Mar disputa
O privilégio de, na areia, meu corpo possuir,
E com dourados raios abraça-me fogoso,
Deixando a sensação de eterno gozo...
E nesta luta do fogo com a água, vence o Mar,
A quem me entrego de corpo e alma,
E cobrindo-me com a líquida manta
Tenta aplacar o vulcão que existe em mim.