A mulher gosta de leite quente. Meio distante, desligado, pragmático, o marido toma café frio. Ela fica puta da cara, mas ele é assim... De manhã, o leite esfria, porque ele se demora. Depois sai apressado, porque é sagrada a hora do trabalho. De noite, cansado, quer comer o trivial, leve, para dormir cedo. E bem.
Filha de fazendeiro, a mulher traz uma caveira de touro para pendurar na parede da varanda com lareira. Urbano, o marido não liga, depois de comentar que é brega. A mulher explica que se trata da cabeça de touro de raça. Muito sêmen doou para ser congelado e vendido por alto preço. Ele acha engraçado... Ri.
Esfregando-se no marido, toda dengosa, a esposa explica que a máquina coleta leite quente. Até solta fumacinha no inverno. Ele parece interessar-se pelo assunto! Ela fica feliz. Então ele pergunta quantos anos viveu o touro explorado – e se cala. Ela também. Mas, de repente, exige, com firmeza impressionante:
– Quero leite quente já! Agora, amor!
Desligado e pragmático, ele a atende tão rápido quanto possível:
