Nós tão unidos,
tão ardentes e espremidos,
que já não sabemos distinguir
gritos, urros, gemidos.
Nós tão colados,
famintos, desesperados,
saindo e entrando,
entrando e saindo
de todos os lados.
Juntos, tão juntos,
falando e gozando
delícias eternas,
que já nem sabemos
a quem pertencem
nossas mãos, nossas pernas.
Os corações disparando,
os corpos se escancarando,
as almas se entregando,
no grito rouco, quase demente
que enlouquece a gente
na realização desse querer
que não cabe no mundo.
Eu encantada,
querendo ter e dar mais,
feliz, completa, extasiada.
E, de repente,
num grito de alegria e dor,
você gritou:
“Puta que pariu! Mas isso é amor!”
Eu apenas sorri.
E você murmurou:
“Desculpe, eu me excedi...”
