Oh, sofrer ! Minha mãe me demole
Ali eu me construí, pedra sobre pedra
E ergui-me como uma pequena casa
Em torno da qual o dia fica enorme
Mesmo a sós
Agora vem a mãe, vem e me demole
Ela me demole, quando vem e observa.
Ela não vê isso, uma pessoa que se constrói
Ela me prensa na parede de pedra
Oh, sofrer! Minha mãe me demole
Os pássaros sobrevoam à vontade em torno de mim
Os estranhos cães sabem: este é ele
Somente uma coisa minha mãe não conhece
Minha face vagarosamente mudada
Entre nós nunca houve grandes enlaces
Ela não vive lá onde estão os ventos
Ela mora num nobre coração, astuto
E Cristo vem e a purifica diariamente
Rosa, oh puríssima contradição, prazer
Impossível dormir sob tantas
Sombras
BAUDELAIRE
Para Anita Forrer/ Aos 14/04/1921
O singular poeta unificou o mundo
Que segue despedaçando-se
Ele provou que existe a ultrajante beleza
Pois, como ele mesmo ainda festejou o que o atormentava,
Foi finalmente libertado da ruína
E, também, o mundo ainda se aniquila
A descida do pombo, o mesmo que um risco para baixo,
Que termina em vôo rasante, para desempoeirar-se na água
E alegrar-se nas bordas redondas da fonte
Como ele chega imponente à receptiva superfície
Com sua tranquila superioridade
Para depois se estremecer
Falta-vos uma festa: celebrai seu pouso
Como ele equilibra seu peso sob os seus pés
Reconhecendo-se em meio à pura agitação
Todos os meus adeuses são fatos. Tantas as partidas
Que formaram minha lenta infância
Mas, eu aindo volto, eu recomeço
Este franco retorno libera meu olhar.
O que me resta é expandir
E minha sempre impenitente alegria
De ter amado as coisas rememoráveis
Ausências que nos fazem agir.
Que noturna calma, que calma
Nos penetra do céu.
Dir-se-ia que refaz-se na palma
De vossa mão o desenho esssencial
A pequena cascata canta
Para esconder sua ninfa comovida
Sente-se a presença apática
Que o espaço absorveu.
Caminhos que vão a parte alguma
Entre dois prados
Dir-se-ia com arte
De seus fins desviados
Caminhos que não são
Frequentemente mais que um lapso
Entre o puro espaço e a estação
(A pequena cascata, quadras valaisianas, ou do Valais)
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Ach wehe, meine Mutter reisst mich ein
Da hab ich Stein auf Stein zu mir gelegt,
und stand schon wie ein kleines Haus,
um das sich gross der Tag bewegt
sogar allein.
Nun kommt die Mutter, kommt und reisst mich ein.
Sie reisst mich ein, indem sie kommt und schaut.
Sie sieht es nicht, dass einer baut.
Sie geht mir mitten durch die Wand von Stein.
Ach wehe, meine Mutter reisst mich ein.
Die Vögel fliegen leichter um mich her.
Die fremden Hunde wissen: das ist der.
Nur einzig meine Mutter kennt es nicht,
mein langsam mehr gewordenes Gesicht.
Von ihr zur mir war nie ein warmer Wind.
Sie lebt nicht dorten, wo die Lüfte sind.
Sie liegt in einem hohen Herz-Verschlag
und Christus kommt und wäscht sie jeden Tag.
Rose, oh reiner Widerspruch, Lust,
Niemandes Schlaf zu sein unter soviel
Lidern.
BAUDELAIRE
Für Anita Forrer/zum 14.April 1921
Der Dichter einzig hat die Welt geeinigt,
die weit in jedem auseinanderfällt.
Das Schöne hat er unerhört bescheinigt,
doch da er selbst noch feiert, was ihn peignigt,
hat er unendlich den Ruin gereinigt:
und auch noch das Vernichtende wird Welt.
Auch dieses ein Zeichen im Raum: dies Landen der Taube,
die sich aus flacherem Flug, im Wasserstaube
an die gerundete Randung des Brunnens hebt.
Wie sie ankommt dem endlos gebenden Wasser entgegen,
ihre ruhige Herkunft hinzuzulegen
zu dem Übergehen das bebt.
Fehlt euch ein Fest: Feiert ihr Landen, begebt
den unscheinbaren Aufschwung verschwiegener Schwere,
der im reinen Aufruhn sich eingesteht.
Tous mes adieux son faits. Tant de départs
m’ont lentement formé dès mon enfance.
Mais je reviens encor, je recommence,
ce franc retour libère mon regard.
Ce qui me reste, c’est de le remplir,
et ma joie toujours impénitente
d’avoir aimé des choses ressemblantes
à ces absences qui nous font agir
( Vergers)
Quel calme nocturne, quel calme
nous pénètre du ciel.
On dirait qu’il refait dans la palme
de vos mains le dessin essentiel.
La petite cascade chante
pour cacher sa nymphe émue...
On sent la présence absente
que l’espace a bue.
Chemins qui ne mènent nulle part
entre deux prés,
que l’on dirait avec art
de leur but détournés,
chemins qui souvent n’ont
devant eux rien d’autre en face
que le pur espace et la saison.