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Erotico-->AS AVENTURAS DO PADRE DEODORO EM CAMPOS ETÉREOS — XVII -- 02/08/2003 - 06:23 (wladimir olivier) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

— Ocorreu-me agora, continuou aquele, que a sua colocação inicial vai acabar ficando sem razão de ser, se você for utilizar-se de recursos argumentativos do espiritismo cristão de Kardec.

— Como assim? — Quis saber logo Roberto.

— Eu explico, respondeu Deodoro. Para os espíritas (vamos fazer abstração de nosso estado atual), as pessoas não têm a idade que apresentam em sua vida carnal. Você morreu aos trinta e poucos. Mas o seu espírito já vinha existindo antes. Não é assim que dizem os espíritas? Pois, pensando dessa maneira, devo dizer-lhe, por meu turno, que a sua solicitação para o atrevimento não se justifica. Estarei pensando muito torto?

— Não, querido Mestre, desde que — Roberto fez uma pausa, dirigindo o olhar para os demais, a ver se encontrava apoio para a tese que ia declarar — não pretenda atrasar a minha exposição, no temor de que venha pregar-lhe uma reflexão filiada aos cânones kardecistas.

Sustentou-se por momentos um pesado silêncio. Roberto como que esperava por uma afirmação de direitos do Monsenhor. Este, entretanto, resumiu o que pensava em poucas palavras:

— Você tem razão. Não cabe agora, neste local diferenciado do ambiente terreno, ficar com obtusidades e preconceitos oriundos da postura de defesa dos valores de que nos impregnávamos pelo sacerdócio. Vá em frente! Qualquer objeção que me inspire a minha formação católica direi de pronto, o que sugiro que todos façam, não no intento de prejudicar a fala do parceiro, mas para lhe ensejar oportunidades de esclarecimentos.

Hermógenes meteu sua colher de pau na panela:

— Professor, não seja pernóstico em suas intervenções, porque o que você acaba de dizer não precisava ter sido dito. Antes de se altercar comigo, reflita sobre a verdade das expressões e não se volte contra quem as disse. De resto, basta reconhecer que eu não estou fazendo nada mais do que chamar-lhe a atenção para um possível defeito de sua personalidade. Caso eu esteja errado, pregue o cajado nas minhas costas, como o Crisóstomo fazia ao abrir passagem na nave da igreja. Elas agradecerão.

Antes de responder, Deodoro quis examinar os vínculos das duas observações com o tema em debate e concluiu que os religiosos amigos estavam exercendo o sacratíssimo ofício para o qual se consagraram, tendo em vista a prescrição do Cristo reproduzida por ele mesmo:

“Curem enfermos, ressuscitem mortos, purifiquem leprosos, expulsem demônios.; de graça vocês receberam, de graça devem dar.” Eis que estão desejosos de ressuscitar-me, de limpar-me a lepra, de assustar os meus fantasmas, já que me vejo enfermo...

Dando clara demonstração de que lera os pensamentos do Professor, Joaquim correu em sua ajuda:

— Por favor, Reverência, nada de quedas bruscas de ânimo. Haverá um momento em que cada um de nós deverá buscar a cura de seus males, sem dúvida. Mas agora não estamos preparados para enfrentar os desgastes vibratórios de seu corpo astral.

A expressão desusada teve o condão de despertar Deodoro para a realidade objetiva:

— Corpo astral não me parece nomenclatura muito feliz. A Teosofia é que considera a existência de uma região entre a matéria e o espírito, a que dá o nome de astral. Aqui estamos nós...

Mas não prosseguiu porque, de repente, veio-lhe a suspeita de que não saberia precisar o caráter do mundo em que estavam. Poderia ser espiritual ou material. Mas também poderia ocorrer de ser intermediário. É que se recordava das deduções anteriores segundo as quais muito havia de virtual, de aparente, de potencial naquela natureza específica, sobre a qual não conseguiam exercer dominação.

Roberto tamborilava os dedos sobre a mesa. Só então perceberam que se encontravam instalados numa saleta, cada um ocupando um lugar em torno da mesa, sobre a qual pendia uma lamparina acesa que alcançava iluminar os rostos e as paredes próximas. Os cantos do cômodo permaneciam na penumbra.

A descoberta não pôs assombro em nenhum coração. Pareceu-lhes apropriado ganhar um local mais resguardado da influenciação externa. Deodoro, contudo, observou:

— Este recinto foi criado por nossas mentes. Se houve tratativas inconscientes ou se os anjos que Joaquim afirmou presentes exerceram o seu mister de protetores, agora não vem ao caso. O de que precisamos é de ouvir o que Roberto tem a nos dizer. Quanto a mim, disponho-me a revelar os textos que Kardec registrou na obra citada, qual seja, “O Livro dos Espíritos”, uma vez que me sinto rigorosamente equilibrado sentimental e psiquicamente.

Roberto agradeceu e prosseguiu:

— Devo dizer, desde logo, que não presenciei nenhum fenômeno espírita enquanto estudava os livros. Em “O Livro dos Médiuns”, encontram-se muitas informações que se tornaram meramente históricas. Assinala a obra que o Espiritismo (aqui eu escreveria com E maiúsculo, por me referir à ciência filosófica e religiosa resultante da doutrina kardeciana) começou com algumas pancadas esquisitas nos móveis, logo aproveitadas para a indicação de letras e de números, para a formação de frases e textos, o que vigorou na França e em muitas outras regiões do mundo durante alguns anos. Tudo se transformou, todavia, em brincadeira para a sociedade, de sorte que a falta de espírito de pesquisa logo colocou as pessoas interessadas em outros jogos de salão, sem contar que a época acabou sendo de forte turbulência política e econômica, fornecendo muitas preocupações vitais para as pessoas mais cultas e impregnadas de responsabilidade. Não vou demorar-me nesta digressão. Digo que nem o simples fato mediúnico da audição ou da visão dos espíritos me foi proporcionado, apesar de os espíritos explicarem a Kardec que todos os homens são médiuns. Por favor, Deodoro.

De imediato, o Monsenhor citou o trecho:

— “Ora, podendo cada qual ser médium, quem pode impedir uma família em sua casa, um indivíduo no silêncio de seu gabinete, o prisioneiro sob os ferrolhos, de obterem comunicações com os Espíritos, à revelia e mesmo à face dos verdugos? Caso sejam proibidas em um país, seriam impedidas nos países vizinhos, no mundo inteiro, uma vez que não existe uma região, nos dois continentes, em que não existam médiuns?! Para encarcerar todos os médiuns, precisaria encarcerar a metade do gênero humano.; vindo-se mesmo, o que não seria mais nem um pouco fácil, a queimar todos os livros espíritas, no dia seguinte eles seriam reproduzidos, porque sua fonte é inexpugnável, e porque não se consegue nem encarcerar nem queimar os Espíritos, que são seus verdadeiros autores.”

Roberto enfatizou:

— Eu preferia que fosse citado “O Livro dos Médiuns”.

Deodoro esclareceu:

— Infelizmente, esse livro eu não li. O trecho que citei está no item VI da Conclusão.

— Não tem importância, replicou Roberto, porque aí se contém, curiosamente, uma predição do autor. Quando diz que se poderiam queimar os livros espíritas, não estaria sendo alertado pelos amigos da espiritualidade superior a respeito do que ocorreria mais tarde na Espanha?

Deodoro não se conteve:

— Só Deus conhece o futuro!

Roberto retorquiu:

— Se o tempo, conforme já se disse, não existe, também não existe o futuro, logo Deus não pode conhecer algo a que não deu nem dará sentido. O conhecimento divino é absoluto, mas nós não podemos raciocinar sobre a inexistência como sendo um atributo do Universo. Se Deus tudo sabe, deve tudo saber sobre o que existe e não sobre o que não existe.

Deodoro queria mais:

— Você afirma que Deus não conhece o futuro. O que conhece você de Deus?

— Eu posso repetir os conceitos que me ensinaram nos estudos teológicos. E posso citar o que se encontra afirmado em “O Livro dos Espíritos”, cujo primeiro capítulo trata especificamente de Deus.

Aí Deodoro foi fulminante:

— Eis o que leio em Kardec a respeito do saber de Deus em relação ao futuro. Na questão de número 868, pergunta ele: “Pode o futuro ser revelado ao homem?” E obtém a seguinte resposta dos espíritos: “Em princípio, o futuro lhe fica encoberto, e não é senão em casos raros e excepcionais que Deus permite a revelação dele.”

— Pergunto-lhe agora, Mestre, retrucou Roberto, se você está satisfeito por haver encontrado uma comprovação de suas próprias idéias em uma obra que condenou outrora?

Deodoro percebeu a armadilha em que caíra por sua conta e risco, mas falou com o coração na mão:

— Devo ser absolutamente sincero nas minhas palavras, traduzindo com justeza as emoções que se esconderiam se tentasse burlar a sua perspicácia. Nós estamos buscando entendimento. Se não formos honestos, não chegaremos a resultado algum em benefício de nosso progresso. Estou ansioso para ouvi-lo, pois percebo que a citação não o abalou como eu esperava que acontecesse. Reconheço que pretendia esmagar os seus argumentos.

— Veja se não queria esfacelar-me a mim como livre-pensador, antes de simplesmente desabonar as idéias que estava em vias de passar.

— Você tem razão, reconheceu o Monsenhor. Pareceu-me que você iria voltar atrás e pedir desculpas. Agora vejo que errei e lhe peço perdão.

— Tudo bem, Professor. Eu não me senti ofendido, nem me sentiria, tão certo estou de minhas opiniões, as quais passo a expor. A citação das palavras dos espíritos em resposta a Kardec pressupõem que Deus se imiscui nas coisas humanas, ou seja, o Criador a intervir no destino das criaturas, permitindo ou não permitindo isto ou aquilo. Penso que somos por demais pequeninos para saber o que Deus pensa ou não pensa, acha ou não acha, julga ou não julga. De princípio, sabemos que é justo, que é bom, que é misericordioso, que é eterno, que é imaterial, que é imutável, que é único, que é onipresente, que é onisciente, que é onipotente, que é a causa de tudo o que existe na natureza, em todas as dimensões ou planos, que é, em suma, a suprema inteligência. Mas tais atributos, que se encontram no capítulo a que acima fiz referência, não dá às criaturas autoridade para falar em nome de Deus, ainda que os espíritos que responderam a Kardec fossem ministros plenipotenciários do Senhor. Por outro lado, não foi Jesus quem disse que nem tudo podia revelar aos homens?

Deodoro, imediatamente, fez a citação bíblica:

— Encontra-se em “São João”, capítulo XIV, versículos quinze a dezessete a promessa que os espíritas assumiram para eles: “Se vocês me amam, guardem meus mandamentos.; — e eu rogarei a meu Pai, e ele lhes enviará um outro consolador, a fim de que permaneça eternamente consigo: — o Espírito de Verdade, que o mundo não é capaz de receber, porque não o vê e porque não o conhece em absoluto. Mas vocês o conhecerão, porque ele permanecerá consigo e porque ele estará em vocês.” E no versículo 26, a referência ao tema que o amigo Roberto desenvolve: “Mas o consolador, que é o Santo Espírito, que o Pai enviará em meu nome, lhes ensinará todas as coisas e os fará relembrar de tudo o que lhes tenho dito.” Permita-me, de passagem, dizer que o Cristo também falava em nome de Deus.

Roberto não prestou atenção à provocação e continuou sua linha de raciocínio:

— Eu preferia que o irmão citasse outro trecho, mais expressivo.

Deodoro fez um gesto para que esperassem por ele: estava procurando o texto pretendido por Roberto. Quando o encontrou, recitou:

— “Aproximando-se seus discípulos, lhe perguntaram: Por que você lhes fala por parábolas? — E respondendo-lhes, ele lhes disse: É porque, quanto a vocês, lhes é dado conhecer os mistérios do reino dos céus, mas, quanto a eles, não lhes é dado. — Pois, a qualquer um que já tenha, lhe será dado ainda, e ele estará na abundância.; mas para quem nada tem, lhe será tirado mesmo o que tem. — Eis porque eu lhes falo por parábolas.; porque, ao verem, não vêem nada e porque, ao ouvirem, não ouvem nem compreendem nada. — E a profecia de Isaías se cumpre neles, quando diz: Vocês ouvirão com seus ouvidos e não escutarão nada.; vocês olharão com seus olhos e não verão nada.” É a esse trecho de “São Mateus”, capítulo XIII, versículos de 10 a 14, que você se referia?

— Exatamente. Devo advertir, inicialmente, que a tendência dos leitores, em todas as épocas, sempre foi a de se colocarem na posição dos discípulos, como se fossem apaniguados pela compreensão que Jesus lhes atribui. Entretanto, nós mesmos já concordamos que não podemos considerar-nos nem simples sacerdotes da igreja católica, muito menos discípulos que tiveram o privilégio de conviver com o Mestre. Sendo assim, justifica-se o envio do Espírito de Verdade, porque ele, sim, traria ao conhecimento dos homens todas as coisas. Ora, se folhearmos as obras espíritas coletadas e explicadas por Kardec, iremos deparar-nos com mensagens assinadas pelo Espírito de Verdade, o que levou o codificador do espiritismo a considerá-lo a terceira revelação. Faço menção a tais fatos porque sei que os meus ouvintes não sabem o que representou para os seguidores de Kardec a excelsa pregação espiritual, tantas foram as informações diretamente fruídas das manifestações mediúnicas. Mas vamos ao que me interessa particularmente. Tanto os espíritos quanto Jesus dispuseram que, no futuro, os homens receberiam total influxo dos conhecimentos. Ora, nós sabemos que as gerações se sucederam sem que os humanos — a História o comprova — tivessem assimilado todo o saber espiritual. As pessoas viveram e morreram, passando para estes nossos círculos sem terem recebido a verdade integral. Eu pergunto se seria possível aos seres imperfeitos que habitam a Terra, altamente necessitados das vibrações materiais, alcançar o nível de sabedoria que Jesus demonstrava? Não terá sido porque o Mestre estava fazendo referência às pessoas na qualidade de filhas de Deus, todas em progresso moral, porquanto perfectíveis? Não estamos nós utilizando-nos dos preceitos extraídos dos Evangelhos, para buscarmos entender a verdade? Se a perfeição é o objetivo, não será justo esperar que, passo a passo, os graus evolutivos vão sendo introjetados nas nossas almas? Aqui é que concluo a respeito das previsões e da autorização de Deus, referidas por aqueles que falavam em nome dele, ou seja, se todos, um dia, estaremos no Reino do Pai, eis o futuro revelado. Sendo assim, fica muito fácil de considerar as passagens obrigatórias para o desenvolvimento e aperfeiçoamento das qualidades e virtudes. Ninguém precisa do Senhor para escrever tais palavras, a menos que admita o Inferno como destino dos que cometem pecados capitais. Se os amigos estão julgando que a minha exposição contraria os cânones e dogmas do Catolicismo, devo dizer que também não engulo todas as informações das demais religiões e filosofias abonadas pelos humanos.

Deodoro fez um sinal a Roberto, pedindo a palavra. De pronto foi atendido.

— Noto que o céu não vai cair sobre as nossas cabeças. Na terra, os nossos antigos dariam um destino certo ao amigo: a excomunhão. No etéreo, nós temos maior liberdade para exercermos o direito de manifestação. Vamos admitir que exista o fenômeno do mediunismo, ou seja, a capacidade de transmissão pelos espíritos de noções aos encarnados. Diante dessa possibilidade, como é que o amigo Roberto procederia, se lhe fosse pedido para escrever ou ditar uma mensagem aos mortais? Não agiria com muito mais cautela?

Roberto impediu que Deodoro continuasse a inquiri-lo:

— Nesse caso, os protetores do médium e da casa espírita vedariam a minha manifestação, porque cheia de opiniões pessoais. Apenas em centros onde as pessoas não agem de conformidade com as diretrizes morais do cristianismo é que se dão comunicações mediúnicas de baixo teor. Por exemplo, se fôssemos escrever o que se passa conosco neste momento, precisaríamos esclarecer inúmeros tópicos anteriores que nos forçaram a este tipo de raciocínio, como ainda ficaríamos endividados no sentido de fornecer, “a posteriori”, outros argumentos para desfazer a impressão de estarmos tentando, simplesmente, transgredir as normas consignadas para o bom relacionamento entre as esferas formuladas por Allan Kardec e aperfeiçoadas por espíritos iluminados nestes últimos cento e tantos anos.

Deodoro recordou-se de que se imaginara escrevendo as suas desventuras, fazendo questão de dizer aos demais quais tinham sido as suas intuições:

— Eu já pensei em narrar as façanhas deste meu espírito no Umbral. Aí, eu me perguntei se os encarnados iriam prestar atenção nos meus dizeres. Recordei-me da parábola do rico que pediu a Abraão para mandar o mendigo Lázaro avisar os mortais a respeito do que passam os mortos. Acho que, ainda que registrássemos todos os nossos deslizes no enredo a ser ditado a algum médium de boa vontade, os poucos leitores terrenos não iriam dar maior importância ao relato e passariam batidos pelos conceitos em descompasso com a teoria mais pura de suas crenças e religiões. De qualquer forma, por mais que nos esforçássemos por fazer valer a nossa experiência, jamais iríamos conseguir persuadir ninguém a aceitar pontos de vista pessoais, tão valiosos como quaisquer outros dos leitores, porque eu me recordo muito bem da advertência de Kardec: “A verdadeira doutrina espírita se acha no ensino fornecido pelos Espíritos, e os conhecimentos que esse ensino comporta são por demais importantes para poderem ser adquiridos por outra via senão por um estudo profundo e contínuo, realizado no silêncio e no recolhimento.; pois somente nessa condição a gente consegue observar um número infinito de fatos e de nuanças que escapam ao observador superficial e permitem assentar uma opinião.” (“O Livro dos Espíritos”, Introdução, item XVII.)

Naquele instante, notou-se que a lâmpada se incandescia e irradiava muito mais luz, permitindo àquela sociedade que enxergasse o quarto todo, seus móveis e apetrechos. Notaram que havia uma estante com muitos livros. Sobre uma das prateleiras, bastante papel e material com que escrever, num surdo oferecimento para que o desejo de contar o que se passava com a turma se realizasse. Não seriam os protetores que obstariam a conversão dos pensamentos e sentimentos num texto coordenado lingüisticamente. Era tácita a crítica de que sempre é muito fácil de falar e difícil de concretizar a teoria num tratado, romance, novela ou outra fórmula conhecida de fixação dos argumentos, mesmo quando meramente descritivos, como numa crônica ou num ensaio.

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