Deodoro prestou muita atenção nos dizeres técnicos, mas, impedido de solicitar esclarecimentos, deixou para inquirir os parceiros mais tarde. Tratou de orar em voz alta, na clara intenção de ser ouvido até pelos que permaneciam ocultos:
— Senhor, perdoai os nossos pecados e a nossa ignorância. Sabemos que sois justo mas também que “segais onde não semeastes e recolheis onde não espalhastes”, porém, diante da necessidade da oferta e da precisão da ajuda, dignai-vos ajudar-nos a servir-vos nas pessoas dos nossos irmãos em agonia.
Não deu por encerrada a oração mas foi obrigado a suspendê-la, à vista de três pessoas que se apresentaram saídas das trevas. Ao contrário do que os cinco esperavam (Arnaldo e Alfredo excluídos do grupo), os recém-chegados tinham ares senhoris, estavam bem vestidos, trajando ternos com fino corte, gravatas rigorosamente combinadas, sapatos lustrosos, cabelos e barbas bem tratados. Ao notarem os sete, confabularam e um deles se destacou:
— Bom dia, reverendos! Que a paz do Senhor esteja convosco!
Deodoro atreveu-se a liderar o bando:
— Louvemos o Senhor e oremos para que nos abençoe, irmãos!
Os dois grupos mediam-se sem falar, até que o mesmo que falou se apresentou:
— Meu nome é Roberto Francisco de Almeida. Este, à minha esquerda, é o meu amigo Jaime Vasconcelos Leite. Estoutro responde pelo nome de Virgílio Ambrósio Paiva Andrade. Vejo que deparamos com uma turma de irmãos socorristas, pela prece que precedeu a sua chegada. Se nos querem ajudar, conforme entendi, deverão conduzir-nos para imediata reencarnação, porque temos assuntos pendentes na Terra, desde que nosso avião caiu e nos transportou para cá.
Deodoro foi logo perguntando:
— Que tipo de negócios?
— Todo tipo, principalmente as ações com que trabalhávamos na bolsa de valores.
Enquanto Deodoro se interessava pelos aspectos terrenos, recebia forte pressão dos companheiros para mudar o rumo da conversação. Desconfiado de que os executivos pudessem entender as mensagens telepáticas, arriscou responder através do pensamento:
“Que tipo de interrogatório devo levar a cabo? Não terão eles conhecimento das intenções de vocês de levá-los a julgar os próprios procedimentos, para avaliarem se estão em dia com as obrigações do carma?”
Recebeu a seguinte informação de Arnaldo:
“Professor, pergunte pelo piloto, pela tripulação e pelos demais passageiros da aeronave.”
— Só vocês pereceram no acidente?
Foi Virgílio quem respondeu:
— O piloto, coitado, assim que chegou, foi acometido de forte pressão cerebral, culpando-se pela própria morte e dos demais. Saiu em disparada e não mais o vimos. No avião, havia mais dois funcionários da empresa aérea, ambos resgatados por familiares, mas em péssimo estado, incapazes de reconhecer o novo estágio existencial. Quanto aos outros doze passageiros, ficaram ajudando-se entre si, como se fossem velhos conhecidos e esperassem morrer daquela forma. Tinham tido conhecimento de seu destino, evidentemente, mas não entendemos como é que aceitaram desfecho tão violento.
— Então vocês ficaram zangados por terem sido reunidos a um grupo de suicidas, sim, porque quem sabe que vai morrer e não interrompe os preparativos para o desenlace...
Jaime interceptou-lhe as palavras:
— No início, acreditávamos que fosse isso mesmo, tanto que nos reunimos os três e nos afastamos da cena da tragédia e ficamos a observar o que faziam. Uns choravam enquanto outros consolavam. Ninguém, contudo, estava desesperado como o piloto. Aos poucos, foram recompondo-se, as machucaduras se restabeleceram, os ossos se soldaram, as feições se moldaram em máscaras de alegria, até que ergueram uma simples prece dominical, agradecendo ao Pai sua vitória sobre a morte.
— Vocês não tiveram vontade de se congraçarem naqueles sentimentos?
— Falo por mim...
— Fale por nós, informou o que se apresentara primeiro.
— Pois bem, não fomos convidados e, se tivéssemos sido, possivelmente diríamos que estávamos magoados com os informantes deles, que nada nos disseram a respeito da queda do avião.
— Quer dizer que vocês concluíram que o acidente foi armado pelos benfeitores do etéreo?
— Eu não chamaria de benfeitores, desde que nos trouxeram juntos, sem nenhuma comiseração.
— Por que é que vocês falam tanto em injustiça, tendo como elemento dialético apenas uma conjetura?
Aí os três se entreolharam e fizeram menção de se retirar.
Deodoro os impediu com uma palavra:
— Perdoem-me, por favor! Não queria ofendê-los mas pretendo, ainda, ajudá-los, embora esteja vendo que vocês controlam a sua situação perispirítica, tanto que as suas vestes não sofreram nada com o desastre.
Virgílio foi quem se manifestou com profundo desagrado:
— Padre...
— Deodoro. Desculpe não nos termos apresentado.
Após rapidíssima nomeação dos demais, Virgílio prosseguiu:
— Pois bem, o que nos afeta sobremodo é a desconsideração que vocês estão tendo em relação ao nosso desejo de volver ao plano material. Quando empregam expressões próprias destas regiões, querem induzir-nos a que tudo aqui é bom e nada na Terra o é.
— Permita-me observar.
— Pois não.
— Como é que a linguagem é tão depurada mas seus conhecimentos não incluem os elementos que vocês se recusam a admitir? A mim está parecendo forte contradição.
— Essa falsa impressão sua, sacerdote, decorre do fato de que nós temos princípios de vida estabelecidos. Se voltarmos logo para a Terra, quem sabe possamos revigorar os corpos, adentrando neles de novo, antes que as turmas de resgate possam vir apanhar os cadáveres.
Deodoro percebeu, finalmente, que o problema dos três era meramente temporal ou de desconhecimento da flutuação existencial segundo a aplicação mais ou menos intensa dos pensamentos em função dos valores evangélicos. Perguntou-lhes de chofre:
— Vocês têm rezado?
— Temos repetidamente solicitado a todas as forças positivas do Universo que nos atendam a um simples retorno em tempo hábil, porque não estamos nem sofrendo como o piloto, nem esfacelados como os tripulantes, nem gozando do regozijo dos passageiros.
— Por falar em passageiros, estão eles ainda junto aos destroços?
— Claro que não! Assim que se pilharam vestidos com mantas azuis bem claras, abriu-se uma fresta de luz na escuridão e eles foram tragados, enquanto cantavam louvores ao Senhor. Roberto Francisco julgou ter visto uns seres acenando para que nos aproximássemos. Eu não vi nada, nem o meu amigo Jaime. Mas, respondendo por mim...
— Responda por nós, corrigiu Jaime.
— Nós não aceitaríamos o convite, como não aceitamos, depois, uma oferta que recebemos de nos juntarmos aos nossos parentes desaparecidos.
— Vocês fazem questão de retornar aos seus corpos?
— Fazemos.
— Vou levantar apenas uma hipótese. Vejam bem, não conheço o destino de vocês nem de suas famílias, mas, e se já não tiverem aqueles corpos intactos? Vamos dizer que tenham sido massacrados, carbonizados. Não seria mais conveniente...
— Foi por isso, padreco, que dissemos que queríamos reencarnar. Já se esqueceu de nossa primeira proposta?
— E como vão fazer valer a posse das ações?
— Não somos tão ignorantes. É por isso que não queríamos mais falar com vocês. Nós sabemos muito bem que estamos mortos. Sabemos também o que éramos antes de ingressarmos na carne. O que desejamos é encontrar aquele mesmo pessoal que nos deu a oportunidade que foi desperdiçada no acidente, para que refaçam os compromissos de nos darem uma vida regalada, saudável, proveitosa...
— Proveitosa em que sentido? Cheia de dinheiro? Plena de poderes? Vocês não pensam em ajudar os outros?
— Tanto quanto vocês, que nada mais fazem do que trazer argumentos para nos convencerem a que mudemos a cabeça. No entanto, ficam andando em círculos e nada nos propõem de útil. Passar bem!
E se retiraram do jeito que vieram, provavelmente indo em busca dos sonhos perdidos.
Deodoro sentou-se sobre uma pedra e colocou a cabeça entre as mãos. Não havia entendido quase nada da longa palestra. Mas não se restringiu a meditar. Queria dialogar e, para isso, pôs-se em sintonia mental com os outros:
— Creio que falhamos em nosso primeiro embate. Falhamos, desculpem-me: falhei eu, que fui precipitado em assumir a frente dos trabalhos de esclarecimento. Falamos tanto em filosofia, teologia e doutrinas espirituais e materiais e nos esquecemos de estudar a psique dos seres que se degringolam, sem ao menos suspeitarem de que estão raciocinando sem base na realidade.
Roberto indigitou para o cérebro do amigo e disse-lhe:
— “O essencial é invisível para os olhos.”
Everaldo acrescentou:
— “Tu és eternamente responsável por aquilo que cativas.”
Deodoro olhou com meiguice para os demais, reconhecendo as falas da raposa ao Pequeno Príncipe, e concordou:
— O lampião está aceso. Mas o dia está claro. A nossa energia não haverá de esmorecer. A noite jamais será a lembrança do mal. Vocês sabem que Saint-Exupéry desapareceu com seu avião? Será que os nossos protetores me sugeriram a recordação do texto ou as três figuras não passaram de meras criações de nossas mentes exacerbadas?
Desta vez foi Joaquim quem pôs ordem nas idéias:
— Não vamos imaginar que os protetores nos queiram ensinar de maneira tão sutil. Se ficarmos sempre deduzindo que estamos como marionetes nas mãos deles, jamais produziremos algo positivo, em função da melhoria dos que demonstram necessidades para o tratamento das quais estamos habilitados. Aqueles três se situavam em faixa de sensações vitais inacessível para a nossa compreensão. Acredito que os protetores que rejeitaram eram muito mais experientes do que nós. Se não estamos preparados para um auxílio direto, será mais eficaz uma fricção energética aos moldes dos raciocínios paralelos. Explico melhor. A prece é imprescindível, contudo, a conversação orientada para os valores evangélicos em si talvez nos revele o ponto a ser explorado pelos ensinos que constatarmos em falta nos seres com quem nos depararmos.
Hermógenes exemplificou:
— Nós procurávamos auxiliar mas, certamente, as reflexões oriundas do insucesso do trabalho talvez possam encaminhar-nos para um aspecto altamente positivo, ou seja, o fato de estarmos ajuizando do nosso procedimento, na certeza de melhorarmos os padrões de atendimento fraterno. Falei!... Falei?
Queria uma resposta que lhe valorizasse o discurso. Não obteve nenhuma. De fato, as suas considerações se perderam no vazio da desatenção dos outros, imersos no estudo psicológico dos três que se embrenharam nas trevas.
De repente, sem que os dois guardiães percebessem, adentrou o raio ao alcance de sua capacidade de observação um ser diferente. Não era bem um duende, nem um gnomo, segundo as lembranças pictóricas que se lhe despertaram. Não era um anão, nem se apresentava disforme, com qualquer nuança animalesca. A fisionomia lembrava um curinga do baralho, mas por causa da semelhança das vestes com as dos bufões das monarquias. Contudo, não portava guizos nem se agitava com frenesi. A aparência era de pura serenidade, contudo, transmitia forte sensação de sofrimento. Não causava pena ou dó, nem repugnância. Não se poderia dizer que fomentava a simpatia. Numa palavra, dentro da multidão, passaria despercebido. Mas sua aura, imperceptível aos olhos dos sete, envolvia-os de forma a consterná-los, a afligi-los.
Misteriosamente, colocou-se no centro do grupo, de cabeça baixa, e pôs-se a entoar desconhecida cantiga, sem letra compreensível, que não atraía como os cantos das sereias nem sufocava tanto quanto as imprecações das górgones.
Do fundo dos corações, brotava estranha ansiedade, como se algo devessem realizar em prol do ser desprovido de empatia. A muito custo, Deodoro rompeu o encantamento e pôs-se a recitar, sem saber bem o motivo, o Credo, alterando diversos trechos, esquecendo outros, incapaz de crer na Santa Madre Igreja, acrescentando que acreditava em “São Kardec”. Desabrochavam-lhe sentimentos em descompasso com a lógica dos raciocínios, abrindo-se-lhe as comportas da mente profunda, dando vazão a idéias que, notoriamente, se mantinham bloqueadas, como se tornam as visões dos sonhos sem sentido aparente.
Joaquim solicitou em pensamento que os companheiros se acercassem do Monsenhor e lhe aplicassem vigorosos passes através de preces rogativas de ajuda e de comiseração. Quando volveram da concentração vibratória em favor do amigo, a entidade causadora dos distúrbios havia desaparecido.
Imediatamente, Deodoro recobrou o domínio de si mesmo, permanecendo com a lembrança de todas as fulgurações mentais e o inteiro teor da insólita cantilena religiosa. Refez-se completamente, agradeceu aos amigos e orou íntima prece de saudação aos benfeitores e aos espíritos de luz, porque vislumbrou que havia recebido uma lição.
Se Joaquim estava calmo, aguardando as explicações, o mesmo não acontecia aos outros. Foi Everaldo quem primeiro o interrogou:
— Deodoro, que lição foi essa?
Queria expor outras noções oriundas da leitura dos reflexos emanados do perispírito do mestre, mas controlou o impulso para não dar azo a que se dispersasse a atenção.
— Aprendi, finalmente, a reconhecer o que é uma criação do pensamento, distinguindo-a da realidade. Esse sujeito que nos apareceu é o produto que se concretizou a partir das projeções de nossas mentes, é a materialização dos elementos constituintes dos fluidos cósmicos que alcançamos manejar. Como não temos experiência, constituiu-se uma figura sem correlação com nada que retemos na memória, elaborada a partir de diferentes aspectos de nossas preocupações.
Hermógenes acompanhava interessadíssimo e, perplexo ainda, interpelou Deodoro:
— Caro Professor, meu irmão, não atinei com nenhuma faceta extraída de minhas preocupações. Lembro-me de que, há pouco, observava que as minhas palavras se perdiam no vácuo, porque todos vocês estavam imersos em si mesmos. Não seria interessante analisar as características da entidade, para atribuí-las aos autores, um a um?
Roberto desejou estabelecer um parâmetro para as apreciações:
— Acho que cada qual deve expor o que pensa ser tipicamente seu. Eu, por exemplo, vi naquelas vestes medievais a minha atitude de descrença no poder de Jesus de me curar, sentimento esse que vigorou em minha biografia até recentemente. Hoje encaro com outros olhos a minha lepra, aguardando o descerramento da memória para compreender o que de errado fiz para merecer o terrível sofrimento, o carma dificultoso.
Arnaldo não esperou que Deodoro argumentasse e acrescentou:
— Uma das provas de que o Monsenhor está certo é que nem Alfredo nem eu fomos capazes de detectar a aproximação da personagem. Quando olhei para o gajo, vi logo, em sua pouca estatura, que retratava o meu aspecto moral, porque, até outro dia mesmo, me considerava bem pouco evoluído, apesar de saber da existência de seres de muito mais baixa condição, conclusão a que se chega com facilidade pela observação dos que carregam toneladas de detritos morais, devido aos crimes de que não se arrependem. Eu, se aqui a gente morresse, estava condenado pelos remorsos. Por isso, a terrível sensação de culpa que se apossou de mim, só superada quando Joaquim nos solicitou que auxiliássemos quem estava em pior estado.
Deodoro fez um gesto agradecido, mas não conseguiu abrir a boca, interceptado que foi por Alfredo:
— Queridos amigos, não sei se estou de acordo com as suas conclusões. A crer no que disseram, o mostrengo não era assustador e, ao mesmo tempo, nos acachapou com tremenda dose de pessimismo. O que mais me intrigou foi o seu aspecto de indiferentismo, ou seja, não sei se notaram, mas ele nos fez estremecer pelas vibrações que nos endereçava por si mesmo e não pelas reações que nos produzia. Acho que vou ter de inventar uma resposta. Se não for justa, se estiver mal alinhavada, desconsiderem-na, por favor. O que estive a examinar me levou a julgar que a nossa consciência não dá valor aos pecados que praticamos mas às repercussões que possam ter para a formação ou transformação de nossa personalidade. Eu avisei que o meu pensamento poderia estar confuso. Vou tentar esclarecer melhor as idéias. Nós nos sabemos egoístas. Ponto pacífico, porque, se não fosse assim, não estaríamos sequer discutindo estes aspectos da espiritualidade do Umbral e estaríamos no gozo da bem-aventurança do Paraíso. Ora, se tivéssemos a preocupação de recuperar a nossa harmonia original da época da criação, não...
Os demais aguardavam o desfecho do longo discurso, mas Alfredo não conseguiu prosseguir. Parecia ter caído em profundo abismo consciencial, sem nenhuma demonstração de dor ou agitação emotiva.
Deodoro interrogou os demais:
— Devemos fazer algo por ele? Não vejo nenhum risco orgânico e não percebo nenhum perigo a ser atraído pela letargia do colega. Acho que devemos manter-nos concentrados em prece, para, segundo posso intuir, entrarmos no mesmo campo de percepção da realidade. Na Terra, chamaria de estágio “alfa” da meditação, momento delicado em que o indivíduo se desprende do corpo para sair em busca do plano astral, onde contata as forças provindas dos mestres do Universo, para criar em si um campo propício à implantação de diretrizes diretamente extraídas das leis de Deus e vigentes no Cosmos.
Mas suas intenções se perderam com o retorno à normalidade do companheiro. Chegou em êxtase de felicidade. Parecia ter estado diante do Senhor. Foi logo respondendo às questões que dardejavam sobre ele:
— Vocês não sabem o que me ocorreu. Visitei a região em que estão os nossos benfeitores, que me entregaram uma missão, qual seja, a de esclarecer-lhes o fenômeno da criação da entidade metafísica com forma própria e aparência concreta. Eles me mostraram um aparelho que, acoplado ao perispírito, realiza um efeito virtual. Nós estamos capacitando-nos...
De novo perdeu-se Alfredo, cataléptico, para as circunstâncias vivenciadas pelos demais. Como da outra feita, permaneceu imóvel, sem indício algum de que estava vivo. Deodoro quis tomar-lhe o pulso, mas foi incapaz de tocá-lo. Era como se ali estivesse apenas um simulacro, uma ilusão. Alfredo se desmaterializara, deixando na atmosfera apenas o seu retrato, como a recordar que fazia parte do grupo e que se afastara em corpo e alma para algo de importância para todos.
— Quero que vocês experimentem a sensação do vazio, propôs Deodoro.
Um a um, foram sendo surpreendidos pela comprovação do que vinha Alfredo tentando explicar. Compreenderam, de imediato, que o amigo se esforçara para realizar o fenômeno para o qual não encontrava as palavras exatas.
Hermógenes provocou os demais:
— Será que mais alguém terá o dom de efetuar a mesma proeza? Antes de mais nada, vamos dar-nos as mãos para sabermos se já não estamos em plena realidade virtual.
Se algum deles esperava apalpar em vão, decepcionou-se, porque todos receberam o impacto do corpo espiritual dos vizinhos.