"Mais vale um burro que me carregue do que um cavalo que me derrube".
Esta frase encontra-se na "Farsa de Inês Pereira" da autoria de Gil Vicente, teatrólogo português do s.XVI.
O contexto em que nasceu a frase é o seguinte:
Inês Pereira, é uma jovem moça portuguesa, de boa família, que procurava um namorado para casar. Queria um marido ajuizado, de boa índole mesmo que fosse pobre. Lianor Vaz, alcoviteira, arrumou-lhe Pero Vaz. Este era morgado, homem rico, de muitos haveres, mas muito simplório. Inês não se engraçou com ele. Lianor advertiu-a de que não era tempo para muitas escolhas:"Ou seja sapo ou sapinho/Ou marido ou maridinho/Tenha o que houver mister/este é o certo caminho". Há outros casamenteiros tentando arranjar partido para Inês, em Portugal e Castela. Inês termina por enamorar-se de um Escudeiro. Casa com ele, com grande festa. Saíu-lhe um autêntico ditador que a proibia até de cantar,de ir a festas, de lhe responder. Estava proibida de falar com as pessoas, homem ou mulher. Fechou-a dentro de casa, fechou todas as janelas,privou-a de todo o contato com o mundo externo. Entretanto, o Escudeiro foi mobilizado para guerrear em África, e arrumou um empregado que encarregou de lhe guardar a mulher. Mas o moço saía para se divertir e Inês ficava fechada, sozinha, o dia inteiro, costurando e cantando! Finalmente veio uma carta de África com a informação de que o marido tinha sido morto.Inês fica livre, de novo. Entra em cena novamente Lianor Vaz, a casamenteira. Volta a apresentar-lhe Pero Vaz, homem rico, apaixonado, que irá lhe fazer todas as vontades de Inês, com submisão.
Ao cavalo que a derrubou em todas as suas vontades - o Escudeiro -, Inês vai preferir para sempre o burrinho do Pero Marques. que a carregará literalmente com todas as suas vontades.