O Brasil nunca sairá da mediocridade sobrenatural que vive
se não reformar seu sistema judiciário e implantar uma cultura de
excelencia nos quadros do seu funcionalismo, que hoje beira
a insanidade quando não a tragicomédia nos operadores do direito,
cartórios e defensorias públicas.
Para que se tenha uma comparação distante entre o mundo
mais desenvolvido e o país aqui, eu tirei meu passaporte europeu
em quarenta dias. Pois bem. Minha mãe falece,
deixa um testamento me nomeando herdeiro maior por sua vontade,
eu dentro de sua casa e o juiz saiu bloqueando as contas que ela
pagava debitada em conta, pois o estado selvagem acha que todos temos
dinheiro pra aguentar os "doutores da lei",
os burocratas sem alma processarem seus excessos. E as dívidas se acumulando, juros e multas.
Ai acontece o diabo. Nem Kafka imaginaria. Petições que demoram meses
pra constar nos autos, o cartório dizendo que o processo
está na defensoria, a defensoria dizendo que está no cartório,
a troca de defensores, a troca de juizes, a repetição de movimentos,
a defensora mascando chiclete e atendendo o celular pra falar com
a mãe, esccrevendo a mão no processo, sentada em cima dos bens alheios
como se estivesse na praia tamanha a displicência e a incopetência
humana generalizada. Pois é, são dez meses e quando o juiz deu
a sentença em novembro, a donzela da defensoria me marca
pra março, eu já com prejuizos diários. Ela quer "agendar" as pessoas
pra sua maior comodidade, claro, e não de acordo com as necessidades
processuais. O povo ainda é meio escravo no Brasil. E ninguém reclama
de nada, "justiça é assim mesmo". Nâo é.
O estado brasileiro tem tribunais
de legalidade, raramente de justiça. Pior que o povo se odeia.
Estamos sozinhos... enquanto isso, nos cartórios da vida e no excesso
de pompa do judiciário, o país anda cada vez mais pra tráz, cada vez mais
distante a justiça da população,
com "doutores" que mascam chicletes no comando.
Sim, no Brasil a seriedade é vista como defeito.
Enquanto o povo rebola, o demônio maroto fuma seu cachimbo.