A mídia em geral, e sobretudo as emissoras de televisão, não têm prestado bons serviços na cobertura da crise da segurança pública em São Paulo. Suas atenções ficam voltadas para o lado mais espetaculoso da notícia, atendo-se quando muito aos aspetos mais factuais. O cidadão, ao acessar as notícias veiculadas, permanece mergulhado na mais absoluta ignorância, sem elementos para uma compreensão mais abrangente da crise. Em relação à greve da Polícia Civil de São Paulo, não tem havido qualquer espaço para análises e contextualizações que não sejam unicamente pelo viés eleitoral. Como se a gravidade que envolve a gestão da segurança pública em São Paulo fosse decorrente tão-somente de um confronto partidário às vésperas da eleição municipal.
Em nenhum momento se percebe um genuíno interesse no diagnóstico mais amplo e abalizado da segurança pública no estado. Temos em São Paulo uma das polícias civis mais competentes do país, que, no entanto, recebe um dos salários mais baixos. Como explicar essa penúria em que vive a polícia do estado mais rico da federação? Por que não abordar as inúmeras conseqüências desse arrocho salarial, cujos reflexos beiram inclusive os limites da integridade institucional? Temos visto reiteradas denúncias em relação à "banda pobre" da instituição e suas ligações promíscuas com facções criminosas e outros ramos da contravenção no estado. Coisas que o órgão corregedor competente, dada a petição de miséria em que vive a instituição, já não consegue por si mesmo remediar. Tudo isso não seria razão suficiente para uma intervenção espontânea e saneadora de parte do governo de São Paulo? Por que, então, reduzir problemas dessa magnitude a disputas eleitorais de palanque?
Se a participação de entidades sindicais no movimento grevista e nas manifestações de rua tem suas motivações partidárias oblíquas, como afirmou Serra, não será também sua postura intransigente e inacessível uma reação política rasteira? O governador Serra deu mostras de total inépcia política ao reduzir os pleitos legítimos de uma categoria à condição de meras orquestrações sindicais, cujo único objetivo seria desestabilizar a campanha eleitoral de seu candidato.
Partindo-se da premissa de que as reivindicações dos policiais são justas, como bem avaliou Kassab, não seria mais sensato da parte do governador acolhe-las de antemão, chamado a si as responsabilidades pelo pleito? Pois bem. O governador apostou todas as suas fichas na arrogância e na falta de diálogo. E perdeu.
Obs.: As arruaças dos policiais em São Paulo não foram nada mais do que uma atitude política de petistas, tanto da CUT, quanto da Força Sindical, para constranger o governador que está apoiando o candidato que está à frente nas pesquisas para prefeito de São Paulo. O resto é papo furado. Paulinho da Força deveria estar na cadeia, não na rua, por seu envolvimento em corrupção de dinheiro do BNDES, assim como sua mulher (F. Maier).