AS CURVAS DO TEMPO.
Ana Zélia
Ultrapassei a antiga linha de chegada.
Seis décadas, potência 6.7...
Me curvo ao tempo ou consegui enganá-lo?
Olho meu corpo; curvado, começa a reduzir a metragem.
São centímetros que se vão.
Nas costas me igualo ao Arco do triunfo,
à corcova dos dromedários.
Foram quedas de pontes, paneiros de mandiocas ladeiras
à cima, manejo de enxadas, machado.
Os olhos continuam misteriosos como a "Esfinge", ora
esverdeado como as esmeraldas, ou amarelo como as águas
barrentas do grande Amazonas.
A mulher fenece, resta-lhe os fantasmas cruzados na caminhada.
Casamento falido, amores platônicos, destruidos pela força
incontrolável da guerreira que não teme os vendavais da vida.
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Manaus, 04.07.2011 (Ana Zélia)
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