Andei refletindo sobre a língua portuguesa. Realmente é muito sábia, sabia? Só não é
língua nem é feminina. É muito macho e masculino: é ô idioma. Língua mesmo é aquela
que a gente leva na boca... ou à boca. Pode ser ao molho madeira ou, melhor ainda, da
pessoa amada.
Muitas pessoas têm dificuldade de se expressar corretamente por causa das inúmeras
regras a serem decoradas e muitas vezes não servem mais que decoração, como é o
caso de muitas nádegas por aí, que são muito acentuadas.
Dois colegas discutiam sobre acento em taxi. Um achava que sim, afinal é paroxítona
terminada em i. O outro ponderava que não por ser estrangeirismo. Um terceiro acudiu
logo:
– É claro que tem! Como o passageiro vai se sentar? É o caso de aluno. Este já leva
uma mochila pesadíssima, como iria ainda levar acento? Por isso, colégio,
obrigatoriamente, tem acento, embora obrigatoriamente não tenha. Ou estádio. Como
ficaria o torcedor, mais de duas horas, em pé?
Por falar em pé... sentado, este não precisaria de acento e sim de um sapato bem
confortável.
Como estas, outras confusões foram sendo criadas no idioma. Veja o caso dos
aumentativos... e abaixativos. Calça é maior que calção! Está errado. Em relação à
calcinha, o erro já vem sendo corrigido. Elas têm ficado bem pequenininhas.
E a TV!? Você já viu uma em preto e branco? Não existe. Só após o advento dos
computadores e impressoras perceberam o equívoco. Tanto assim que há uma distinção
entre preto e branco, que vem a ser preto em fundo branco, portanto, apenas preto, e
escala de cinza ("grayscale" para os informáticos), que é a cor exibida pelos televisores
não coloridos. Como não conseguiram corrigir o problema lingüístico, deixaram de as
fabricar. Agora só se encontra nas lojas TV em cores.
Um escândalo são as placas de sinalização de trânsito. Além de dúbias, nenhuma
pontuação, o que causa transtorno, irritação e prejuízos aos motoristas. Outro dia, no
pronto-socorro, tinha um paciente em péssimas condições por culpa de uma delas. Na
estrada, a uma placa indicando curva perigosa à direita, muito cauteloso, virou à
esquerda. Consolado, afirmava que a situação não estava pior por ter escolhido a curva
não perigosa.
Um comerciante de uma cidadezinha do interior tentou ajudar. Depois de muitos
prejuízos, mandou confeccionar diversas placas com os dizeres "depressa também" e
mandou afixar ao lado das que alertavam "devagar quebra-molas".
Minha tia que mora na roça andou aborrecida foi com o fogão de lenha. Não tinha um
que vingasse. Mal dava para uma refeição. Era só pôr fogo e ele incendiava junto.
Cansado de tanto fazer o tal fogão de lenha e ele não durar nada, meu tio contratou um
especialista. Custou caro mas resolveu de uma vez por todas. Mandou instalar um fogão
a pilha. Uma só pilha... de lenha durava uma semana inteira.
Mas ainda hoje está faltando um empresário macho para peitar as grandes multinacionais
e resolver o maior problema existente nos edifícios, que realmente não são fáceis. O
incômodo causado a quem trabalha ou mora em prédios de muitos andares vem se
arrastando ao longo dos anos sem que nenhum governo ou construtora o encare com a
seriedade necessária. Os Shoppings, por terem poucos andares, vêm conseguindo
remediar colocando escadas rolantes. Quero ver quem vai enfrentar o poder das grandes
indústrias e conseguir colocar, ao lado dos elevadores, abaixadores.
