Caminhavam em torno do Mineirão, numa segunda-feira de verão, o galo, a raposa e o coelho. Estavam fazendo o seu passeio matinal, enquanto conversavam sobre as suas possibilidades de subsistência, uma vez que a vida estava ficando mais difícil.
_Com essa globalização, disse o galo, não sei como vou subsistir: ração mínima, impostos por pagar, aluguéis de poleiros para meus pintinhos, torcida contrariada, e esses meninos não produzem ainda o que precisamos...Não sei mais a quem pedir ajuda...
Então, disse a raposa:
_ Já recorreu ao seu amigo coelho? Ele anda nadando na grana, vencendo todas as partidas, tem um patrimônio invejável, e muitos coelhinhos para emprestar e fazer o papel que os pintinhos não fazem...
_ O que posso fazer? Disse o coelho. Quem dá o que tem a pedir vem. Posso facilitar as coisas, emprestando alguns dos meus e mandando outros que dificultam as coisas para o compadre. Mas, dinheiro daqui não sai nem pro café. Talvez a comadre possa ajudar, pagando a folha do galo, pelo menos, por uns seis meses, enquanto ele fatura nas competições de menor expressão.
_ Vou receber uma partida de ovos de ouro, disse a raposa. Mas, não como ovos de ouro. Só como ovos naturais. O que posso fazer é pesar esses ovos de ouro, para saber quantas gramas eles representam e, ao preço de cada grama do dia, vendê-los para a comadre, à vista.
_Mas, como posso comprá-los? Se ninguém, nem o bispo Dom Serafim, me ajuda mais, disse o galo.
_ Também, seria demais para o compadre, disse a raposa, querer transformar aquelas gramas todas em pintinhos de ouro... A menos que, na sua torcida, haja algum feiticeiro. Nunca vi sair nenhum feiticeiro do meio de uma cachorrada.
_ Posso não conseguir pintinhos de ouro, mas o que consigo de feitiço para que você não consiga ganhar as finais do campeonato brasileiro e da Libertadores, você nem imagina...