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Humor-->Adalberto, o trapalhão (a saga de Jack, cap 2) -- 05/09/2001 - 14:55 (Flavio Costa Ribeiro) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Adalberto ficou famoso entre os amigos por aparecer nos encontros da turma ou no lugar errado, ou na data errada. Desnecessário dizer que isto fizera com que ele sempre perdesse as melhores oportunidades que apareçeram em sua vida.

Quando Adalberto, que era bastante inteligente e isto ninguém duvidava, comparecia em uma empresa para tentar um emprego, a vaga invariavelmente havia sido preenchida. Quando conseguia aparecer no lugar certo, estava atrasado e sempre recebia a mesma resposta: “quem mandou dar uma de Mané e aparecer no lugar errado, agora é tarde”. Mas um belo dia, Adalberto conseguiu finalmente um bom emprego, bem digamos razoável, mas havia a perspectiva de fazer uma carreira. Adalberto sempre dizia, um dia a sorte vai mudar e minha grande chance vai aparecer, e eu estarei então no lugar certo e na hora certa.

Ricardo era o oposto de Adalberto, quando aparecia mesmo por acaso em algum lugar, um bate-papo com algum deconhecido e pimba, lá aparecia uma nova e excelente oportunidade de um novo emprego, ou entrava em um bar somente para tomar um chope e lá estava ela, uma loura, ou morena, linda, sozinha, e sorrindo para Ricardo.

Em comum entre os dois só havia uma coisa, uma grande e sólida amizade. Ricardo nunca debochou uma vez sequer dos azares de Adalberto, muito pelo contrário, procurava sempre estimular e apoiar o amigo. Quando alguém da turma tentava humilhar Adalberto, lá estava Ricardo, sempre defendendo o amigo. Lógico que quando Ricardo não estava presente, o coro da turma era sempre o mesmo: “quem mandou dar uma de Mané e aparecer no lugar errado, agora é tarde”

Ricardo sempre tentou, de todas as maneiras ajudar Adalberto, afinal dizia ele, amigo é para estas coisas. O tempo passou, Ricardo cada vez mais rico, apartamento de frente para o mar de Ipanema, carrão do ano importado, viajens ao exterior, bons restaurantes, lindas mulheres. Adalberto sempre na mesma, o carro velho precisando de manutenção, pulando de emprego em emprego, sempre sem namorada.

Adalberto tinha uma carcterística marcante, além da já citada anteriormente, era muito orgulhoso. Jamais aceitou qualquer ajuda financeira de Ricardo, recusando todas a vezes que este a ofereceu.

Um dia, Ricardo pediu um favor a Adalberto, que este pegasse seu carrão importado na concessionária, que ele havia deixado para revisão e, como havia surgido um imprevisto, uma viajem de negócios, não poderia retirá-lo. Como Ricardo voltaria somente Sábado, teria que passar o final de semana sem carro.

Adalberto jamais recusou qualquer pedido de ajuda, principalmente de seu grande amigo Ricardo. E lá estava ele, dirijindo uma Mercedez do ano, reluzindo ao Sol, quando de repente apareceu uma morena, daquelas que se vê somente em capa de revista ou filme de Hollywood, sorrindo para ele. Adalberto olhou para o lado para ver se tinha mais alguém, mas não, era ele mesmo, foi quando ele se deu por conta de que estava no carro de Ricardo. Gentilmente ofereceu uma carona a garota, e esta aceitou agradecendo, porém ao entar no carro foi logo chamando Adalberto de Ricardo.

E agora, pensou Adalberto, como ela me chamou de Ricardo, se o conhecesse saberia que eu não sou ele. Meio sem jeito mas sem querer entregar o jogo, perguntou a garota como sabia seu nome, e esta prontamente respondeu que estava escrito nos documentos do carro, junto ao console. Adalberto respirou aliviado, e pode então perguntar o nome dela. Afrodite, foi a resposta, seu pai era professor de História Grega e pusera o nome da deusa da beleza na filha. Diga-se de passagem, o nome combinava perfeitamente com ela.

Ao final da carona, Adalberto perguntou se ela toparia encontrar-se com ele Sexta a noite. O sim soou mais belo que a execução da 9º sinfonia de Beethoven pela Filarmônica de Berlim regida por van Karajan, foi a música mais bela que Adalberto jamais ouvira na vida, estava combinado então.

Sexta-feira e Adalberto totalmente ansioso, foi então que a ficha caiu. Ele não tinha mais a Mercedez, esta estava na garagem de Ricardo, além disto como levaria aquela deusa grega no seu Kitchnete, localizado na parte mais decadente de Copacabana. O que fazer, pensava ele, a grande chance, e talvez única de transar, uma noite que fosse, com aquela ode a beleza feminina e tinha ido tudo por água abaixo. Foi nesta hora que Adalberto jogou seu orgulho pela janela, foi ao apartamento de Ricardo, não teve problema para entrar pois o porteiro era seu velho conhecido. Vestiu uma roupa de Ricardo, ainda bem que temos o mesmo tamanho, passou a mão na chave da mercedez e lá estava Adalberto, ou devo dizer Ricardo por uma noite, encontrando-se com Afrodite. Adalberto pensou: “Ricardo sempre disse que eu poderia usar qualquer coisa dele que ele jamais se importaria”.

O restaurante havia saído uma fortuna, o vinho que ela pediu custava R$ 150,00 a garrafa, e eles tomaram três, mas Adalberto nem pensava no cartão que seria fatalmente bloqueado, em seus pensamentos apareciam somente as mil e uma posições que fariam depois. Adalberto nem piscou para dar uma gorjeta de R$ 10,00 ao manobrista, aquela era a grande noite de sua vida, ele ria sem parar. Quando Afrodite sussurou, ou deveria dizer ronronou em seu ouvido, com uma voz quente como um vulcão, que a coisa que ela mais gostaria naquele momento era de receber uma bela massagem, Adalberto sentiu-se nas nuvens, finalmente chegou a conclusão que tinha um anjo da guarda, e que depois de todos estes anos olhara para ele, finalmente.

Afrodite, ao chegar no apartamento de Ricardo foi direto a varanda contemplar a vista para o mar, seu vestido, com o luar atrás, deixava transparecer a silhueta do seu corpo. Adalberto pensou, é perfeita, Afrodite, a deusa grega da beleza descera do Olimpo e estava ali, bem na sua frente, deixando cair o vestido, e falando:

- Vou tomar um banho, volto em um minuto para a minha massagem.

Adalberto estava em êxtase, sentiu uma batida e custou a perceber que era alguém na porta. Ao atender deparou-se com um homem alto, esguio, moreno, cabelos lisos, negros e compridos, de sobretudo, apesar do calor. Após um instante de silêncio, apareceu Afrodite, com um hobby, e perguntou:

- Quem é este homem Ricardinho?

Adalberto pediu para ela esperar somente um minutinho e ele já estaria com ela. O homem apresentou-se como Jack, e perguntou se ele era o Ricardo, ao que Adalberto respondeu afirmativamente.

Jack passou a explicar que ele havia sido designado para vir buscá-lo, visto que seu tempo de residência na Terra tinha esgotado-se, e estava programado um enfarte naquele minuto. Quando Adalberto tentou dizer que não era Ricardo, que tudo não passava de um engano, que Ricardo era seu amigo, e ele estava somente usando o apartamento deste para transar com aquela gata, Jack perdeu a paciência:

- Olha aqui meu chapa, estou cansado de ouvir as desculpas mais esfarrapadas, mas esta tu estás passando dos limites. O porteiro disse que aqui mora o Ricardo, a garota está te chamando de Ricardo, tu dissestes que era o Ricardo, e agora tu vens me dizer que não é ele. Tenha paciência, vamos embora.

Adalberto tentou argumentar, pediu para dar pelo menos umazinha na Afrodite, mas Jack foi inflexível. O tempo acabou e pronto.

* * * * * * * * * * *

Após a longa viajem até o ajuste de contas, finalmente tudo explicado, Adalberto perguntou:

- Seu Jack, ainda dá tempo de voltar no apartamento do Ricardo e encontrar a Afrodite.

Jack respondeu:

- Sinto muito, o teu corpo já foi cremado, conforme te próprio pedido, e além do mais “quem mandou dar uma de Mané e aparecer no lugar errado, agora é tarde”.


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