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Humor-->Voragem e cobiça -- 16/11/2004 - 00:00 (Antonius) |
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Homens rudes das roças
Em décadas passadas
Aqueles dias das carroças
E mulheres dominadas
Saudades do que não vi. Mas atiça!
É só minha mente em viagem!
Época de amores contratados
Homens fortes no comando
Mulheres de lábios fechados
Direito miserável e nefando
Bons tempos: Todas omissas!
Machismo! Que bobagem.
Eram os dias do jovem João
Em busca de uma companheira
Não mais o morde fronha do Tião
Nem mesmo a Ana rameira
Diziam do Tião: trivial. Mas eriça!
Mas a Ana!.... Davumamassagem!
O simplório caboclo trepeiro
Ignorava estes termos atuais
Mas falavam alto no roceiro
Os instintos sempre iguais
O paero, o futibor, as muié, a missa
Eram simples os hábitos da paragem
Ouviu falar das filhas do capataz
Quatro moças, todas casadoiras
Pensou em seus botões: Vou atrás
Duas morenas claras, duas loiras
Tinha fama ruim: preguiça.
Mas era valente, tinha coragem
Indolente e ousado foi avante
Foi conhecer a futura esposa
Aquela que seria a eterna amante
E enfrentar também a velha raposa
Encantou-se com a mulata Cissa
Logo de início em sua abordagem
O sol brilhava naquele domingo
Na manhã em que foi recebido
Diga-se, com um silencioso xingo
E muito sorriso descabido
É sempre assim: a bela ouriça
A fera força a frenagem
Questionado de maneira direta
Do porquê de inusitada visita
Foi firme e disse sua meta
Enamorara por moça bonita
O ébano que enfeitiça
Pondo a razão à margem
Diga qual seu vagabundo?
Perguntou o homem rude
Com as mulheres ao fundo
Quatro no aguardo da atitude
Não estava a doce Melissa
Que caminhava na pastagem
Pensou, pensou e decidiu:
Minha musa é ela, a faceira
Apontando para Cissa, sorrio
Repetiu: é ela, é ela sr. Moreira
Nem loira, nem morena: a mulata, a mestiça.
Escolheu entre as quatro da amostragem
Nada respondeu o zeloso pai
Foi direto à velha garrucha
João percebe e rápido se vai
Pela janela, forma esdrúxula
Instinto diz: foge logo desta liça
Embrenha-te na mata em folhagem
Atira o velho com a velha
Pontaria ruim, sem precisão
Erra e grita ao réles canalha
Ainda te mato, miserável cão
Com voragem minha nova esposa cobiça?
Eu -concluiu - agora cobiço tua pela com voragem
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