João, naquele dia, havia acordado tarde para ir ao trabalho. Ficou desesperado:
-Mulher, ponha só um gole de café, que eu já estou atrasado!
E com toda a pressa, vestiu-se e saiu correndo para o ponto de ônibus, pensando na bronca que iria levar de seu patrão. Como o ônibus demorasse muito, ele, num ímpeto um tanto agressivo, perguntou que horas eram para um negão que estava do seu lado. O negão sarcasticamente retrucou:
-O que o senhor deseja ?
-Saber que horas são, pombas !
-São...-CATAPLOFTIMBUM!!-Aquela bordoada no João.
-Qué isso, cara!
-Cala a boca!
-Então é assim, não é?!
Diante de uma multidão que se agigantava, os dois começaram a rolar pelo chão, com o negão insaciavelmente falando:
-Você me ofendeu, seu branco imundo!
Dando cortes no pé do negão, João retrucava:
-Eu só perguntei as horas, seu anêmico!
-Anêmico, não: mal-nutrido!
No momento em que João estava começando a dominar o anêmico, digo, o negão, apareceu a “justiça” e cometeu a injustiça de sempre:
-Todo mundo preso!
Naquele instante, a multidão dispersava-se. Cada pessoa mais feliz do que a outra. Todos com uma história para contar quando chegassem em casa. Apenas duas pessoas se deram mal: João e o negão, que foram parar numa cela superlotada e ficaram encarregados de pegar sabonete no chão.
