Futebol é uma caixinha de surpresas. A máxima, utilizada freqüentemente por 99% dos jogadores brasileiros, parece tornar-se a maior verdade do esporte bretão. Quem poderia imaginar, no início de 1999, que Atlético, Vitória e São Paulo estariam entre os semifinalistas do campeonato brasileiro? Bem, mas se a frase esboça uma certa sabedoria popular, o mesmo não se pode dizer das demais palavras que são arremessadas contra os microfones nos estádios.
Filósofos, tivemos três de expressão. O primeiro foi Neném Prancha, ex-roupeiro do Botafogo, que chegou a falar que o craque Didi jogava futebol como quem chupa laranja. Pioneiro no marketing pessoal, Dadá Maravilha, ex-jogador do Galo, lançou a famosa frase "Não venham com a problemática que eu tenho a solucionática". Mas Vicente Matheus, ex-presidente do Corinthians, foi o maior. São dele as pérolas "O difícil
não é fácil" e "Clássico é clássico e vice-versa".
Com bons exemplos fora dos gramados, o que esperar dos artistas da bola? Numa explosão de alegria o atacante Nunes descreveu assim seu gol: "Não sei, chutei, a bola foi indo, indo... e iu!". O ex-jogador Laci do Atlético Mineiro foi além ao descrever seu golaço: "Primeiro eu passei pelo primeiro, inclusive. Segundo eu passei pelo segundo, exclusive. Dei um peutardo e a bola foi fondo, fondo pro fundo do balbante".
Em entrevista à Rádio Record, o corintiano Vladimir irritou-se com o repórter e metralhou: "Eu discordo com o que você disse". O grandalhão Jardel, ídolo em Portugal, disse que sua naftalina sobe quando o jogo está a mil. Quanta adrenalina! E por falar em Portugal, não poderíamos deixar de registrar a declaração bombástica do atacante João Pinto: "Meu clube estava à beira do precipício, mas tomou a decisão correta: deu um passo à frente".
Ao chegar em Belém do Pará para uma partida contra o Paysandu, Claudiomiro, ex-meia do Inter de Porto Alegre, declarou emocionado: "Tenho muito orgulho de jogar na terra onde Cristo nasceu". O pobre Josimar, do Botafogo do Rio, ficou eufórico ao receber um Motorádio por ser considerado o melhor jogador da partida e disparou: "A moto eu vou vender e o rádio vou dar pra minha tia". E o atleticano Paulo Isidoro? Ao ser perguntado sobre o que achou do jogo foi categórico: "Eu não achei nada, mas o Éder achou uma correntinha de ouro".
Que me perdoem os atletas mencionados e os leitores, mas só posso atestar a veracidade das frases. A riqueza de fatos folclóricos no futebol e a rivalidade entre as torcidas me impendem de assegurar se os autores delas são realmente os aqui apontados.