Se o mundo de ontem enfrentasse as condições do mundo de hoje, a coisa seria diferente. Era uma vez, uma época maravilhosa chamada “bons tempos”. Eram bons porque as pessoas não precisavam aturar as avacalhações e sacanagens do presente. Mas e se tivessem? Como isso teria modificado o curso do progresso da história?
Roma, 68 d.C., dentro da maior corporação da época: Império Romano e Cia. Ilimitada.
Nero, desde nerinho desejava, um dia ocupar o trono romano. Certo de que três quilos de carne de cristão serviriam para subornar o gladiador, tentou passar debaixo e pela lona e conseguiu sentar-se na cadeira do monarca. Isto depois do referido centurião bater as botas ao comer tão sublime menu: filet a la criston congelat.
Nero parece que gostou do procedimento, pois alguns anos depois foi até o Parque Don Pedro Romano, comprou uma empadinha e mandou para o Imperador. Não deu outra, o Supremo morreu naquela noite mesmo (era uma empadinha de ação rápida com carne de gato). E Nero subiu e sentou-se no trono do Venerável, realizando-se. Porém, logo percebeu que a senhora sua mãe que o pôs no mundo, Dona Nerolina da Silva e sua irmã, senhorita Nerolena da Silvia, cobiçavam não só os soldados, mas também o trono.
Nero nem titubeou. Voltou ao Parque Depê Romano e comprou até a receita da empadinha celestial. Em pouco tempo já estava livre das duas. Diferentemente de César nunca quis saber de onde tinha vindo.
Nero reinou sozinho e sem ninguém para lhe acender um cigarro ou com quem fazer um churrasco logo entrou em depressão. Ainda não haviam psicólogos romanos formados em métodos freudianos para atender imperadores. Tentando acender um cigarro ou uma churrasqueira sozinho, Nero acabou pondo fogo em Roma e por descuido, terminou assando uma porção de cristãos. Alguns estoriadores afirmam que na verdade Nero não quis fazer empadinhas para todos eles. Durante o incêndio, Nero acabou conseguindo acender o fuminho e ficou tão loucão com a fumaça (eu acho) que acabou comendo da própria empadinha, pensado que era encendiadet de criston flambado. Se empadou para o outro mundo proferindo a consagrada frase: “que grande cozinheiro piromaníaco este mundo vai perder...”.
Numa sessão espírita ouvi, uma noite dessas, que Nero estava tentando abrir uma franquia chamada “Empada Romana do Outro Mundo”, um tipo de quiosque para vender empadinha a la Parque Dom Pedro lá no inferno. Mas parece que lá eles gostam mesmo é do pão que o diabo amassou!
Outra re-avaliação da estória do mundo nos indica que não seriam só os romanos que sofreriam se tivessem que enfrentar os atuais problemas do Brasil.
Como Dom Pedro I poderia ter proclamado a dependência do Brasil se tivesse ficado preso e parado num engarrafamento da subida da serra no feriado de Sete de setembro?
E se Alexandre Graham Bell dependesse da telefonica e ficasse esperando linha, até hoje não teria inventado o telefone.
O avião também não seria inventado, pois como Santos Dumont daria a famosa volta na torre Eifel com seu dirigível se tivesse que enfrentar a poluição parisiense.
Aposto que Cabral, quando visse nossas praias sujas e poluídas, com uma favela em cada Morro Pascoal, voltaria correndo (digo, nadando) para Lisboa e abriria uma fábrica de bolinhos de bacalhau. E mais rapidamente nadaria o Álvares se soubesse que logo, logo, apareceria um tal de Maluk (opa, bati na tecla errada), que rouba e não faz, pois nesta terra em se roubando, tudo se dá. E desse nem Camões nem Compés saberia o que dizer.
Alguns estoriadores acreditam que a teimosia desse Maluk em achar petróleo em São Paulo, quando foi governador, é que gerou empregos para que desocupados como ele não se tornassem concorrentes. Mas parece não ter funcionado lá pelos lados de São Bernardo onde surgiu um desocupado que era mais teimoso e “maluko” ainda, passado a ser chamado de Polvo, porque se dizia os Sus-tentáculos do povo.
Se pelo menos o tal Maluk tivesse achado petróleo, ao menos estaríamos pretos por baixo e por cima, devido à poluição. E não apenas numa situação preta, devido ao déficit do governo e da prefeitura.
O melhor mesmo seria encontrar petróleo em Itu: daria para abastecer São Paulo com um só barril, o Brasil com uns cinco barris e exportar para o mundo inteiro com a legenda: Preto-Óleo made in Itu.
Por que o tal Polvo ou mesmo o Maluk não tentaram explorar preto-óleo no Tamanduateí, no Pinheiros ou no Tietê? Aposto que aquilo que parece um “esgotão” a céu aberto é na verdade puro óleo bruto, pretinho, pretinho.
Por outro lado, se os tais governadores e prefeitos não tivessem feito tantos buracos no orçamento e na cidade, como saberíamos que lá em baixo tinha um Metrô?
Em outra sessão espírita ouvi, que os brasileiros que nos antecederam, dizem que a corrupção já chegou lá pelo purgatório também. E parece que não foi obra do ACM não, e sim de um tal de PC. Acho que a informática só atrapalha. Ela veio resolver problemas que não existiam antes dela.
Outra dica: ouvi dizer que lá no céu, pecador não entra mesmo. Por isso, se você já está se conformando em ficar sem os bacanas bacanais lá do inferno, escolha bem seus candidatos nas próximas eleições.
Por trás deles, pode estar um Nero das empadinhas ou um Maluk qualquer. Polvo também não é a solução, nem precisamos de mais Suplícios nos governos.
Vote nos portugueses. Burrada por burrada, é melhor comer bolinhos de bacalhau no purgatório que empadinhas do inferno.
Mas o melhor mesmo é o manjar dos deuses, que é feito da análise da estória de ontem, com colheres de reflexões da história de hoje e pitadas de sabedoria para um futuro melhor.