Estimado Leitor, eu, eu sou o Tadeu, a presumida sombra branca-preta do Toninho, aliás, uma espécie de sempre-ao-contrário que acabo por ir parar ao mesmo sítio.
Hoje, como o meu-chefe-que-não-é - nem que ele me suplante um milhão de vezes seja no que for - está ausente, atrevo-me a vir aqui sozinho para expor uma interessantíssima imagem sem que escreva o mínimo palavrãozinho:
Ora, estamos perante um sanitário público que foi calculado e construído para fazer as nossas extremas necessidades ao mesmo tempo...  Contemplemos pois, com atento pormenor, este útil, de antiquíssimo e prático estilo, recinto de defecação entre parceiras e parceiros.
1. - A senhora, uma idosa a rondar os seus verticais 70 anos, está placidamente sentada, tranquíla, quiçá analisando um importantíssimo e óbvio documento, evacuando os resíduos sobrantes da singelíssima refeição que ingeriu no dia anterior.
2. - Do lado esquerdo dela, a imagem dá ideia que outros cidadãos se comprazem na mesma situação. Por consequência, os odores confundem-se e uniformizam-se no peculiar cheirinho-cheirão que todos nós sensibilizantemente face uns aos outros repugnamos.
3. - Do seu lado direito, aliás o lado de uma classe assaz fácil-e-difícil, à vista, estão três assentos vagos. Olhando, apetece-me sentar lado a lado com a senhora e, mesmo sem vontade, fazer o melhor dos esforços para evacuar, evacuar, evacuar...
4. - Aprofundando a visão, constato que, pelas frinchas existentes entre o engenho de betão e a parede, se erguem serena e indiferentemente algumas plantas, decerto de índole trepadeira... Diacho, donde virão?!...
Finda a observação, vou fechar os olhos e cogitar sobre a ideia que congeminou tão impressionante exercício colectivo...
Oh... Meu Deus, santinhos todos meus, pergunto: há quanto tempo o humano-desumano explora avidamente as extremas necessidades da sua própria existência?...
Lá fora, pois-pois, é proíbido evacuar em qualquer sítio. Ora pois-pois, portanto e evidentemente, terei de andar sempre com uma moedinha no bolso para prevenir inopinadas necessidades. Está na lei, mas, apesar de estar na lei, é isto lícito? As pessoas que evacuam como bem lhes apetece, dizem que sim.
Estou só aqui, caros Leitores, aqui, e por aqui me fico, sem evoluir para o tremendo desastre que as sumas inteligências não cessam de engenhocar para levarem a sua vidinha a velejar e a surfar ao sabor das ondas, a subir e a descer, a subir e a descer, e - pasmai, ó humanos - evacuam às escondidas dentro de água.
De olhos ainda fechados estou agora a ver um genuíno índio da antanha Amazónia a evacuar em santa paz e, atrás de uma árvore gigantesta, vejo também um explorador civilizado a recolher fotos da cena para mostrar à civilização, à sua civilização, à civilização que sobrevive em nome da humanidade perfeita.
Perdão... Vou fugir. Vem aí o Toninho...
A educação que fui obrigado a tomar em miúdo está a evacuar-se e eu sinto-me cada vez mais a enlouquecer... Apre, não é exactamente aqui começa o terrorismo?!... |