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Humor-->Cachaça com o presidente -- 17/11/2006 - 17:28 (Félix Maier) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Cachaça com o presidente

Félix Maier

Finalmente, consegui fazer uma entrevista com o presidente, logo depois de seu programa semanal, “cachaça com o presidente”.

Antes de começar a entrevista, o presidente foi muito atencioso comigo, me perguntou se eu preferia entornar uma branquinha que Zé Alencar havia trazido das Alterosas, ou um mojito trazido recentemente de Cuba por Zé Dirceu. Escolhi um gole de mojito, para fechar os olhos e imaginar as delícias que são as jineteras cubanas, tão disputadas pelos petistas em viagem turística à Ilha do Dr. Castro.

- Presidente, o Sr. é comunista?

- Não, meu caro, eu já disse milhares de vezes que só fui torneiro mecânico!

- Torneiro mecânico comunista, então?

- Você pode dizer o que quiser. E você, é fascista? – despistou o presidente, como se sabe, conhecido por ser mais escorregadio que quiabo cozido na banha.

- Presidente, de onde vieram os R$ 1,7 milhão para comprar o fajuto dossiêgate?

- Fajuto? Fajuto nada! Já mandei meu ministro da Justiça acionar a Polícia Federal e investigar toda a vida do Serra e do Alckmin. Afinal, como presidente, tenho que dar satisfação à sociedade, não posso deixar impune mais essa patifaria. Tenho que dar o exemplo, nem que seja para cortar na própria carne! Doa a quem doer!

- Mas, e os petistas envolvidos no dossiêgate?

- Não, nunca houve petistas envolvidos naquele caso, foi tudo obra daquele delegado aloprado, o Bruno Surfistinha. Tenho pena dele, ele deveria procurar um psicólogo.

- Presidente, como vai o Foro de São Paulo?

- Foro de São Paulo? Ora, não existe isso, é pura invenção de alguns caluniadores, como esse tal de Olavo de Carvalho e essa Graça Salgueiro, que não têm outra coisa a fazer na vida a não ser falar mal do povo cubano.

- Mas o Sr. ano passado participou de uma reunião do Foro, em São Paulo, lembra?

- Não me lembro, porque eu participo de tantos fóruns, em São Paulo, em Caracas, em Buenos Aires, em Havana, em Damasco, em Trípoli, em Pequim, em La Paz de meu dileto amigo Evo Morales. Como eu iria me lembrar de um deles, unzinho apenas, logo em São Paulo, para onde viajo toda semana?

- Presidente, o caso Larry Rohter está superado?

- Já, já está superado. Como não pude expulsar o gringo mentiroso, que é casado com uma brasileira, eu tomei um porre de uísque e esqueci tudo!

- Fez muito bem, presidente! E a imprensa, tem-lhe dado muito trabalho? O senhor reclamou novamente, com o Chávez, no comício da ponte...

- Nunca antes neste país um governo, como o meu, foi tão atacado pela imprensa - me interrompeu o presidente. Não houve mensalão, não houve valeiroduto, não houve os "40 ladrões" que o procurador=geral inventou e até agora não provou nada. A imprensa, apesar de minha vitória com o recorde de 58 milhões de votos, continua a repetir essa mentira. Aliás, com a imprensa, de modo geral, eu me dou muito bem, não é MAG? – dirigiu-se o presidente ao “Barbarosa”, atento como uma coruja, sentado na poltrona ao lado. Na verdade, eu só tenho problema com alguns jornalistas da Veja, da Época, do Estado de S. Paulo, da Folha de S. Paulo, do Globo, do Jornal do Brasil, do Zero Hora, do Correio Braziliense. Por isso, eu entendo que a imprensa precisa de uma reforma urgente, precisamos “democratizar os meios de comunicação”.

- Presidente, como vai ser o segundo mandato?

- Vou viajar ainda mais pelo mundo, para provar a meus adversários espalhados por todos os cantos do planeta que meu segundo governo será ainda melhor do que o primeiro. Para isso, já pedi orçamento extra para o Air Force 51, gasolina não pode faltar, se faltar, vai de “biodisiu” mesmo.

- E a Alca, agora vai?

- A única Alca que tenho em vista é ampliar o Mercosul, de modo que tenhamos a expansão do mercado latino-americano, da Patagônia à Terra do Fogo.

- E Fidel, virá para a posse dia 1º de janeiro?

- Se ele não puder vir, eu vou receber a faixa presidencial das mãos dele, no hospital onde estiver internado, e aproveitar para dar um abraço de despedida.

- Despedida? Fidel está tão mal assim, nessa de “murió, non murió”?

- Que nada! Fidel agüenta outros 80 anos! Falei em despedida porque logo nos encontraremos de novo. Em 2010, por exemplo, ele virá ao Brasil para me entregar a faixa presidencial de meu terceiro mandato.

- Como assim? A lei não permite um terceiro mandato...

- Ora, meu caro, as leis podem ser modificadas - me interrompeu novamente o presidente. Afinal, para que serve uma Constituinte, que pretendo convocar ainda neste ano?

Como o presidente estava com muita pressa, tendo que viajar novamente para o exterior, pediu desculpas por interromper a entrevista, dispondo-se a conceder outra quando voltar do Alaska, onde pretende, junto com o Furlan ou o Gerdau, vender geladeiras para os esquimós...




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