Dona Antina, uma velhinha dócil e generosa, lá de Sambaiba-MA, era fascinada por papagaio. O seu, simplesmente apelidado de “meu loro”, era muito educado. Todavia, não se sabe como, o dito cujo desandou a repetir apenas isto: “Tomara que esta velha morra”.
Certo dia, muito nervosa, já não mais suportando tanta humilhação diária, lembrou-se de procurar o vigário (única pessoa confiável) a fim de saber como melhor agir. Ouviu então do caridoso padre o seguinte: “Calma, dona Antina, daremos um jeito nisso. Não se preocupe. Veja, eu tenho um papagaio que passa o dia inteiro comigo e já sabe até rezar todas as orações da missa. Sugiro que a senhora o leve emprestado por alguns dias e o coloque junto do seu. Garanto-lhe que a influência positiva do meu irá corrigir o seu papagaio.
A pobre velhinha saiu toda feliz, toda serelepe, toda esperançosa com o papagaio do vigário no dedo.
No dia seguinte, eis dona Antina de volta à igreja, antes das seis da manhã, muito nervosa, muito zangada, trazendo o papagaio do vigário.
- Seu padre, tome seu maldito papagaio. Fique, pois, o senhor sabendo que agora é que a coisa piorou.
- Não entendo, dona Antina. Como assim?, retrucou o padre meio sonâmbulo.
A boa e ingênua velhinha, a essa altura com lágrimas, respondeu: “É, seu padre, agora meu papagaio fala: “Tomara que esta velha morra” e o seu de lá responde: “Senhor, escutai a nossa prece”.