O Paulo César, competente propagandista, ficou conhecido no ramo de medicamentos pela alcunha de PC. Era vendedor dos mais eficientes, gostava de uma cervejinha e nutria irresistível queda por um rabo de saia.
PC era bem casado, pai de dois filhos, sendo que um era menino e a outra menina. Nesse tempo, morava em Taubaté mas o seu setor de trabalho se alongava até o Sul de Minas e algumas cidades fluminenses. Fazia o “pião” em Itajubá, de onde se deslocava para as cidades menores da região. PC passava uns vinte dias longe de casa e da família. Com o rolar do tempo, PC achou melhor alugar uma casa naquela cidade mineira, pois assim ficava mais prático e econômicp. Como vivia sempre só, passou a se apresentar às moças locais, enfermeiras e secretárias de médicos, como sendo um rapaz solteiro, livre e desimpedido. Depois de um certo tempo, arrumou uma namorada cujo nome era Fortunata.
Quando PC saía para trabalhar nas cidades próximas, de onde certamente voltaria à noitinha, levava de carona a sua namoradinha mineira. Entre uma e outra visita médica mais demorada, curtia gostosa e promissora lua de mel com a Fortunata. Ah, como o PC estava gostando da sua querida Fortunata!... Mas certo dia aconteceu o imprevisto.
Quando voltavam de Piranguinho, a capital do “pé-de-moleque”, PC capotou o jipe da empresa. Sua querida Fortunata estava junto, mas felizmente nada sofreu de grave. O PC, este sim, foi levado em estado grave e sem sentidos para a Santa Casa de Itajubá. Em lá chegando, o hospital tomou as providências legais e comunicou imediatamente o ocorrido aos chefes de PC em São Paulo, fazendo-o diretamente à gerência de vendas do Laboratório Andrômeda, onde o nosso propagandista conquistador trabalhava. Os diretores da empresa, por sua vez, avisaram imediatamente à sua esposa em Taubaté.
No dia seguinte bem cedo, a mulher de PC, apavorada com o ocorrido, saiu de Taubaté e foi pra Itajubá. Entrou na UTI e deparou com a jovem Fortunata, dedicada e toda melosa, umedecendo os lábios do seu marido.
Para todos os efeitos, a Fortunata acreditava que o PC era solteiro e cuidava de seu noivo oficial. Estava tranqüila. Nesta altura, PC já tinha recobrado os sentidos e viu a esposa legítima entrando. Ante a tragédia iminente, diante da dramaticidade potencial de uma cena de ciúmes, o PC desmaiou de novo. Foi a única e inteligente saída que encontrou para o momento.
