O budismo nasceu na Índia, por volta do século VI a.C. (525 a.C.). Foi criado por um rico príncipe, chamado Siddharta Gautama, que viveu isolado em seu palácio, até os 29 anos. Ao sair de sua moradia pela primeira vez, teve contato com o mundo e com as aflições humanas, o que lhe levou a renunciar à família e aos bens materiais que possuía.
Pelos seis anos seguintes permaneceu em profunda meditação, findos quais Siddharta (Buda, o desperto, o iluminado) alcançou a sabedoria máxima e compreendeu a verdade suprema. Os budistas chamam essa compreensão de "iluminação". A partir de então, ele passou a ser chamado de Buda. Durante 45 anos pregou sua doutrina pela Índia. Reis, nobres e príncipes seguiram seus ensinamentos. Buda transmitiu seus últimos ensinamentos aos 80 anos, quanto atingiu a libertação total.
Zuleido Soares Veras nasceu, em 1945, na cidade de Cacimba de Areia / PB, onde se afeiçoou às procissões, às missas e ao culto a padre Cícero e a frei Damião. Indo para a cidade grande, tornou-se budista. Místico, batizou uma de suas empresas com o nome de Gautama, em homenagem a Buda. O empreiteiro tem três obsessões: o trabalho, o misticismo e o lucro. Na casa de Zuleido, avaliada em de R$ 4,5 milhões, tem até um templo para “rezas diversas”.
Os negócios da Gautama com obras públicas ultrapassam R$ 1,5 bilhão e estão espalhados por vários estados. Quem conhece Zuleido afirma que ele, tal qual Siddharta, pouco desfruta das benesses conquistadas com o dinheiro ganho licitamente nos últimos 20 anos, tanto na OAS, quanto na Gautama. O exemplo disso é como utiliza a sua lancha "Clara", avaliada em R$ 2 milhões: costuma oferecê-la a quem deseja agradar, como em novembro passado, quando Jaques Wagner (PT) passou um domingo no mar, na companhia de parentes e da ministra Dilma Rousseff (VAR-P).
Zuleido, também conhecido como “Charles Bronson” e “Mexicano”, é acusado, injustamente, de chefiar a quadrilha que fraudava licitações de obras públicas. Não gosta muito de “encontros sociais”, mas com políticos é muito gentil. Define-se como suprapartidário e, em datas festivas, veste-se de Papai Noel ou de Coelhinho da Páscoa, distribuindo presentes para todos (políticos).
O Dalai Lama é o líder religioso do Budismo. Considerado a reencarnação do Bodhisattva da Compaixão, ao longo do tempo se tornou o líder político do Tibet, onde política e religião se fundiram em um Estado teocrático. Na verdade, ele é um monge e lama, reconhecido por todas as escolas do Budismo tibetano, embora mais comumente associado à escola Gelug. O atual Dalai Lama é Tenzin Gyatso, nascido em 1935; é o 14º Dalai-Lama. Em 1959, quando a China comunista invadiu o Tibete, o Dalai Lama fugiu para a Índia, onde mora até hoje, em Dharamsala.
Dalai significa "Oceano" em mongoliano e "Lama" é a palavra tibetana para mestre, guru, e várias vezes referido por "Oceano de Sabedoria", um título dado pelo regime mongoliano à Altan Khan (o terceiro Dalai Lama) e agora aplicado a cada encarnação na sua linhagem.
Este que lhes escreve, Jacornélio M Gonzaga, já foi filósofo, antropólogo, teólogo, diarista (faxineiro), guarda-livros, assistente social, historiador, jornalista, cientista político, historiador militar, pesquisador de assuntos castrenses, reservista de 3ª categoria (incapaz definitivamente para o Serviço do Exército), músico, ufologista, datilógrafo, tropeiro, analista de segurança pública, ex-agente penitenciário e cronista social, dentre outras muitas atividades.
Licenciado da Direção-Geral do Fundo Nacional de Pensão dos Anistiados Políticos (FUNPAPOL), não agüentei a barra de trabalhar no Morro da Igreja e, com a decisão do Noço Guia de não desmilitarizar o Controle Aéreo, resolvi montar uma empreiteira. Como Zuleido, sou muito admirador do Budismo. Plagiando o grande e honesto empresário, arrumei um belo nome para a minha empresa: CONSTRUTORA LAMA, homenageando o líder espiritual vivo dos budistas e lembrando que LAMA rima com GAUTAMA.
Não é $egredo para ninguém que regi$tro$ de documento$ no Bra$il $ão proce$$o$ burocrático$ e demorado$. Pa$$a-$e a depender da “agilidade” de rotina$ diver$a$, que envolverão órgão$ federai$, e$taduai$ e municipai$.
Atualmente, o tempo médio para a abertura de uma empresa no Brasil é de 152 dias. Nos países ricos é de 27 dias e, num país pobre, em torno de 59 “luas”. Somente em 12 países paupérrimos o prazo está acima dos 100 dias.
Dando início aos procedimentos de abertura da CONSTRUTORA LAMA, elaborei o meu contrato social, juntei meus documentos pessoais (RG, CPF, Certidões, Atestados), e fui à junta comercial do estado para, dentre outras coisas, obter o Número de Identificação do Registro de Empresa (NIRE). O funcionário que me atendeu informou-me sobre a demora na obtenção do documento, mas que “havia maneira$ para agilizar”. Lá se foram R$ 1.500,00!
De posse do NIRE fui fazer meu registro como contribuinte. Obtive o Cadastro Nacional de Pessoas Jurídicas (CNPJ), via INTERNET, no “site” da Receita Federal. Já para a Declaração Cadastral (DECA), tive que ir à Secretaria Estadual da Fazenda, pois o meu estado não tem convênio com a Receita Federal. Mais uma “grana na mão” do funcionário do estado: R$ 2.000,00.
Após o cadastro do CNPJ, fui à secretaria de finanças do município fazer o cadastro e receber o alvará de funcionamento. Desta vez foram R$ 3.500,00, pois a LAMA não estava “adequada à legislação local”.
De posse do alvará, já com a empresa apta a entrar em operação, fui realizar o cadastro na Previdência Social. Para que as “coisas andassem no prazo”, foram mais R$ 5.000,00.
Faltava apenas preparar o aparato fiscal para entrar em operação. Ao iniciar minhas atividades, seria necessário solicitar a Impressão Notas Fiscais e a Autenticação de Livros Fiscais. Para tanto, dirigi-me à Prefeitura local, onde “colaborei” com o partido situacionista com R$ 3.000,00.
Com o aparato fiscal pronto e registrado, fui ao Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura (CREA), já que meu negócio diz respeito a uma profissão regulamentada. Só R$ 1.500,00 para a “festa junina”.
Depois de instalado, ainda recebi a visita da Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental Ciência e Tecnologia, pois os fiscais da estatal disseram que o empreendimento realiza atividades poluidoras, em função de lidar com marcenaria e serralheria. R$ 10.000,00 e deixei de “poluir”.
A penúltima visita foi da Vigilância Sanitária, já que a CONSTRUTORA LAMA está inserida nos empreendimentos que têm suas atividades “ligadas” à manipulação de alimentos, em função da lanchonete e do restaurante existentes na sede da empresa. Nessa penúltima visita (nunca será a última), a ‘mordida” no hambúrguer foi de R$ 12.000,00.
“Azeitada” a máquina, parti para a execução das tarefas diversas.
A minha construtora, com o melhor corpo técnico possível, estava pronta para gerar empregos e participar do “espetáculo do crescimento”. Para tanto, passei a contar com um assessor especial, de quem nem sei o nome, mas indicado por um político influente, de quem é o operador. Dei-lhe o codinome de “cheiroso”, por usar, como Noço Guia, Armani dos pés a cabeça, começando pelo perfume de US$ 130: ACQUA DE GIO by Giorgio Armani. O custo dessa assessoria é de 12% dos contratos obtidos,
Aconselhado por ele, contratei, para realizarem trabalhos fora do expediente, os “serviços” de consultoria de alguns servidores públicos, em nível federal, estadual e municipal. Um pequeno acréscimo de R$ 48.000,00 na minha folha de pagamento.
Alertaram-me que seria crucial para o crescimento da LAMA que eu tivesse uma assessoria legislativa, também nos três níveis. Após fazer um acordo nas diversas “casas do povo”, envolvendo a situação, a oposição e os independentes fiquei tranqüilo. Meu assessor especial disse que eram os R$ 74.000,00 mensais mais bem aplicados, pois o retorno seria imediato.
Bem, vamos ao trabalho! Mas que trabalho que nada, “Cheiroso” lembrou-me que sem o “apoio” do judiciário, não iríamos a lugar nenhum. Acordamos, pela módica quantia mensal de R$ 104.000,00, a “ligeireza” ou a “moleza” necessária às demandas judiciais, em que houvesse envolvimento da LAMA.
E começaram a vir a obras! “Cheiroso” conhecia tudo! Eram as obras que precisavam ser feitas; as feitas pela metade; e até aquelas que não saíam da imaginação e do discurso dos políticos, mas faziam parte dos diversos planejamentos e eram pagas em sua totalidade. Aprendi como modificar os orçamentos federais, estaduais e municipais; tudo fácil, desde que deixasse uma pequena contribuição para os “obreiros”. Perdi todos os escrúpulos, superfaturei à vontade, pois de mim dependiam, além de meus funcionários, os meus novos sócios (políticos, funcionários públicos, membros do judiciários e demais propinados) que transformaram a minha empresa pessoal na LAMA Ilimitada.
Peço desculpas ao Dalai Lama e aos budistas pela exploração feita pelo Zuleido, colocando um nome tão venerável em sua Construtora, mas serviu para mostrar o "Oceano" de Lama, em que xafurdam alguns maus brasileiros, que fazem com que a ascensão se dê pela amizade e pela propina, deixando de lado o trabalho e a capacidade de cada um.
Daí a minha dúvida: será que O ZULEIDO TAMBÉM É VÍTIMA?
(*) Jacornélio é empreiteiro; lobista; operador de esquemas; controlador de vôo civil afastado; namorador; e, ex-Diretor-Geral do Fundo Nacional de Pensão dos Anistiados Políticos (FUNPAPOL).
Revisão: Paul Word Spin Org Writer, o propinado
Brasília, 12 de junho de 2007.
e-mail: jacornelio@bol.com.br e jacorneliomg@hotmail.com
Em tempo: Agradeço a todos os amigos leitores pelas manifestações de amizade e regozijo pelo meu retorno do exílio. Os seus e-mails me revigoram. Saudações, Jacó.