Ó deuses dos fluidos todos, os visgos, os mucos e as purulências, afastai a peste de mim. A peste que leva a todos os olhos e poros de meu corpo a irritarem meus ainda muitos dias neste mês cavernoso que é Julho, o mês do Muco e das escarificações. Afastai de mim as ardências nasais, o permanente gotejar que me surpreende nos mais prosaicos diálogos e o célebre gesto de enxugar o que insiste em descer narina abaixo. Afastai, afastai as pestilências deste mês malfadado e absurdo. As juntas estalam, as tosses e os olhos se encontram num namorar constante de tantos minutos e horas que mal conseguimos dormir e/ou respirar. Ó Deus da Mucosa Nasal, afastai, afastai de mim esta alergia, porque o espirro me trai e todos me olham desconfiados e correm para longe, de mim e contra mim. Afastai as pestilências destes meses de forçada concentração de corpos e gentes e miasmas, afastai as dispnéias das infecções e dos pólipos nasais, afastai, Ó Deus dos olhos vermelhos e congestos; afastai, imploro-te, afastai as pestilências de minha casa e dos meus, que não os quero prostrados e ameaçados pelas vicissitudes dos chás caseiros e dos escalda-pés malcheirosos que nos são impostos nas santas viroses. Ó Santa Viremia, ataca o outro, ataca o outro, ataca. Ataca meus inimigos, que a meus amigos quero bem. Ataca aqueles que me maldizem pelas costas, para que o sibilo se lhes atormente a alma na noite alta, para que eles se revolvam em seus felpudos colchões de napa e excretem todos os tipos de secreções aderentes que os acompanhará por todos os restantes dias destes tempos bicudos. Ó Deus da santa Cefaléia, atacai aqueles que merecem, menos os inocentes que perecem nas mãos de maus médicos a lhes diagnosticar o que realmente deveriam ter mas não o têm, amen. Santa Inquisição da Alergia, Santos Demônios das pequenas lesões de mucosa oral, Santo Herpes que nos acuda nesta hora, Santo Herpes, tão agudo quanto crônico, aquietai tuas vesículas e crostas em nome do pai, do filho e da boca santa, descanse em paz.