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Humor-->A GATA -- 17/09/2007 - 14:12 (Rudolph de Almeida) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Ele era um cara legal, normal. Um indivíduo bem comum e trivial, ninguém diria que uma coisa dessas pudesse acontecer com ele. Ia tudo muito bem, tudo muito bom, até o dia em que ele conheceu aquela gata. Se ele soubesse teria fugido, mas como saberia? Ele logo gostou dela, bonita, simpática e com um belo par de olhos azuis. O cara gostava do azul, mas também gostava da gata, claro, era algo como dois amores. Conversa vai, conversa vem, encontro vai, encontro vem, e ele engatadíssimo. Até que um dia a gata aparecesse de olhos verdes. O cara ficou perplexo, quem é essa, quem é essa? E aconteceu o pior, pirou. No duro. Teve um surto psicótico, caiu no chão e começou a tremer como se estivesse tendo um ataque epilético. Babava. Dizia coisas desconexas, tipo "eu sei que o Lula não sabia de nada" e outras maluquices. Chamaram a ambulância e o levaram para o hospital psiquiátrico. Foi medicado e sedado. No outro dia o psiquiatra foi entrevistá-lo. Primeiro ele falou de tudo o que tinha ocorrido, pelo menos como ele lembrava, até o momento do surto. Depois o médico perguntou:
- Como é seu nome?
- Paulo ou João.
- Como assim, Paulo ou João?
- Eu sou o Paulo e o João. - O psiquiatra não entendeu bulhufas.
- Para que time torces?
- Grêmio e Inter.
- Os dois?
- É.
- És heterossexual?
- Bi, ou para ser tecnologicamente atualizado, flex. Homem e mulher.
Como o paciente aparentasse cansaço, o medico preferiu encerrar a entrevista e mandou o maluco direto para o quarto dele, devidamente amarrado na cama. A gata aparece e pergunta para o médico como é que ele está. Diz ele que ainda não sabe, que ela volte mais tarde. O médico se põe a pesquisar sobre o assunto, consulta compêndios, vade macuns, alfarrábios e papiros, por horas sem conta. Depois, se concentra e medita. No fim do dia, chega outro psiquiatra, colega do primeiro, e pergunta:
- E então, colega, qual o diagnóstico?
- Incrível, numa vi nada igual!
- É uma doença rara?
- Não, eu tava falando da gata. Mas a doença também é bem estranha.
- E agora?
- Não podemos deixar fugir.
- Botamos ele numa cela?
- Eu tô falando da gata, porra! Nele basta uma camisa de força.
- Tá, entendi, mas então não sabes o que ele tem?
- Dupla personalidade. Ele se amarrou na gata de olho azul, depois quando os olhos ficaram verdes, ele criou outra personalidade para lidar com a situação. Muito traumático. Não conseguiu aceitar a realidade.
- Putz! E eu conheço essa gata. Ela usa lentes. E se ele souber que os olhos dela não são nem uma coisa, nem outra?
- Xii! Então ele vai se dividir em três. Junta mais quatro, bota camisa do Grêmio, e já dá para decidir uma final de brasileiro.
- Que horror? Achas que é grave?
- Gravíssimo. Pirou completamente. Dizem que ele fica na cela gritando "eu amo a Ana Maria Braga", "eu amo a primeira-dama Marisa", "eu amo a Ana e a Marisa".
- Cruzes. Está em completo delírio ...
- Infelizmente, no caso dele, acho que só matando.
- Mas nós não podemos ....
- Eu sei. Decidi aplicar um tratamento de choque. Não é muito ortodoxo, mas é a única coisa que pode dar resultado.
Então ele foi posto numa solitária. Botaram música alta o tempo todo, Bonde do Tigrão e Calypso. Encheram as paredes com pôsteres da Dercy Gonçalves pelada. Para beber, só refrigerante Bonanza e cerveja Schincariol. Para comer, só verdurinhas cozidas no vapor, sem sal. Enfim, tudo de ruim. Qualquer outro teria morrido, mas ele sobreviveu e ficou bom. Voltou quase ao normal, mas não quer mais saber de gatas. Vai virar padre. No meio do ano vai para o seminário. Da gata nada de sabe, por ali ninguém mais a viu. Outro dia noticiaram que estaria havendo uma onda de surto psicóticos, de causa desconhecida, numa antiga cidade da orla marítima gaúcha. Há que diga que ela anda por lá, mas ninguém sabe, ninguém viu.

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